Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Amazônia Real realiza oficinas de jornalismo

Amazônia Real realiza oficinas de jornalismo

Pela primeira vez desde a pandemia, a agência de jornalismo reuniu comunicadores, estudantes de comunicação e jornalistas presencialmente em oficinas para aprender, debater e dialogar sobre temas como segurança digital e jornalismo investigativo, com as convidadas Elvira Lobato e Carla Kupstas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real).


Manaus (AM) – Como parte do retorno das atividades presenciais da Amazônia Real, a agência realizou entre os dias 17 e 19 de outubro duas oficinas para jornalistas, comunicadores e estudantes de comunicação, na sede da Galeria do Instituto Cultural – Estados Unidos (ICBEU), em Manaus. 

As atividades gratuitas foram ministradas pelas profissionais Elvira Lobato, jornalista investigativa que trabalhou no jornal Folha de S. Paulo por 27 anos, e Carla Kupstas Janczukowicz, consultora digital do Programa Defensores Digitais (DDP), da Holanda. 

A secretária do ICBEU Manaus, Ruth Alencar, afirma que a organização de encontros como esses fortalece a amizade institucional entre o centro binacional e a Amazônia Real.

“O ICBEU Manaus tem como um dos seus pilares o apoio a projetos culturais que tenham repercussão positiva para nossa sociedade como um todo, como é o caso das oficinas promovidas pela Amazônia Real com profissionais como a Elvira Lobato. É fantástico ceder nosso espaço para eventos desse porte”, declarou a secretária.

Ruth Alencar na Oficina de Jornalismo Investigativo com Elvira Lobato (Foto: Alberto César Araújo/ Amazônia Real).

Segurança digital humanizada e feminista

Oficina de Segurança Digital (Foto: Alberto César Araújo/ Amazônia Real).

Carla Kupstas é especialista em segurança da informação e trabalha com segurança digital para organizações do terceiro setor, atuando a partir do uso de tecnologias livres e autônomas. Ela classifica sua forma de trabalho como uma abordagem feminista, integral e holística. É também integrante da MariaLab, organização feminista de São Paulo. No encontro do dia 17, Carla compartilhou sua experiência e conhecimentos com o público na Oficina de Segurança Digital.

“A gente não pode vir para cá e olhar só a segurança do celular, ou só a segurança física da sede. A gente tem que entender todo o contexto do lugar em que está inserida a pessoa ou a organização”, disse a consultora.

Ela acredita que a oficina serve como uma ferramenta que desmistifica a ideia de que existem especialistas e leigos, quando se trata de segurança digital e tecnologias.  “Todos nós temos conhecimentos tecnológicos. Eu não trabalho com essa perspectiva de mestre e aluno, e sim com criar um espaço de aprendizagem que seja seguro e para que as pessoas percam um pouco esse medo de lidar com tecnologia”.

Para a profissional, é essencial escutar os jornalistas e comunicadores que trabalham em campo com poucos recursos. “Vocês já estão criando estratégias de proteção de segurança, seja digital ou física, desde sempre”.

Jornalista e estudante de letras da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Jullie Pereira  participou da oficina e disse que, apesar de já ter conhecimento prévio em segurança digital, ficou interessada na abordagem de Carla pela perspectiva feminista e de movimento. 

“Ela apresentou uma plataforma que eu não conhecia, deu alternativas para vídeo-chamadas nessa plataforma e todos os programas tinham ali o nome de mulheres importantes, ativistas. A plataforma que ela apresentou também tem como base esse discurso de ser livre das bigtechs”, disse a jornalista, referindo-se à plataforma de vídeo chamadas Maria Vilani, uma resposta às necessidades de comunicação segura entre pessoas que lutam pelos direitos humanos.

O nome do projeto é uma homenagem à liderança cearense Maria Vilani, que atua no bairro do Grajaú, extremo sul da cidade de São Paulo. Maria Vilani é feminista, filósofa, professora, poeta, ativista cultural e fundadora do  Centro de Arte e Promoção Social (CAPS) Grajaú, um espaço que há 30 anos promove rodas de conhecimento, debates, cafés filosóficos, oficinas de literatura e eventos como a Carreata Poética.

“Eu achei que foi muito proveitoso para eu entender que existem formas diferentes de fazer essa comunicação e também de manter o ativismo, porque nós jornalistas somos ativistas”, ressaltou Jullie. 

As estudantes do terceiro período de jornalismo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Heloise Bastos e Fernanda Soares, procuraram a oficina por sentir necessidade de aprender a não expor dados sigilosos.

“Vim para essa oficina porque nós jornalistas estamos trabalhando muito com a questão digital, então acompanhar e saber formas de se proteger e de coletar informações sem estar de alguma forma expondo as nossas fontes é também proteger o nosso trabalho”, disse Fernanda.

Heloise destacou que, apesar de estar no começo da faculdade, considera necessário tomar medidas preventivas de segurança digital. “É interessante aprender a necessidade de proteger não somente os jornalistas, mas também, no meu caso, as minhas futuras fontes”.

Jornalismo investigativo na prática

Oficina de Jornalismo Investigativo com Elvira lobato na Galeria do Icbeu – Manaus (Foto: Alberto César Araújo/ Amazônia Real).

Nos dias 18 e 19 de outubro, a jornalista Elvira Lobato ministrou a Oficina de Jornalismo Investigativo. Formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ela atuou como repórter na imprensa diária por 39 anos. Foi repórter da Folha de S. Paulo de 1984 a 2011, onde fez parte do núcleo de repórteres investigativos. Recebeu vários prêmios, como o de maior reportagem da Folha em 2004 e o Prêmio Esso de Jornalismo em 2018, pela reportagem sobre o império empresarial da Igreja Universal do Reino de Deus. É autora dos livros “Instinto de Repórter”, editado pela Publifolha, e “Antenas da Floresta”, editado pela Objetiva.

Elvira Lobato compartilhou sua vasta experiência na oficina dividida em duas partes, ensinando roteiros e caminhos possíveis para grandes investigações. A jornalista abordou a origem de pautas, a importância da qualificação do repórter para escrever com clareza sobre assuntos complexos, o comportamento diante dos entrevistados e seus causos como repórter de rua.

“Primeiro, eu fiquei muito orgulhosa de ter sido convidada pela Kátia Brasil para falar sobre jornalismo. Como vocês viram aqui, eu sou apaixonada pela reportagem e gosto muito de falar com alunos e com jovens jornalistas, de modo que eu consiga compartilhar aquilo que eu aprendi”, disse.

São mais de 50 anos de jornalismo e Elvira admite ser rejuvenescedor participar de encontros onde jovens ficam com “brilho no ar”, interessados em jornalismo investigativo.  “Os critérios que valeram na minha época, valem hoje e vão valer para sempre, porque eles são os pilares do jornalismo, eles fazem parte do cuidado do profissional, então na medida em que eu puder compartilhar as coisas que aprendi sobre esses pilares, eu acho que o jovem tem a ganhar”.

A repórter ainda dá uma dica para a nova geração de jornalistas investigativos: “Tenha disposição para estudar e não tenha medo de aprender com os seus próprios erros”.

Eros Sousa, estudante de jornalismo do sétimo período da UFAM e repórter de rádio, já acompanhava o trabalho da jornalista Elvira Lobato. “Acompanho o trabalho da Elvira Lobato, principalmente na Revista Piauí, e quando eu vi que ia ter essa oficina da Amazônia Real meu interesse foi imediato. O jornalismo investigativo socioambiental é uma área que tenho interesse e é isso que me fez vir aqui”, disse. Sousa afirmou que, a partir da aula de Elvira, deve se empenhar em prestar mais atenção em suas apurações e checagens.  

A jornalista Vanessa Alcântara disse ter ido à oficina por se tratar de um assunto “extremamente pertinente” e que não é abordado em salas de aula nas faculdades de comunicação. “Eu não tive tanto embasamento sobre jornalismo investigativo e o aprofundamento sobre isso na faculdade, então enquanto profissional a gente precisa dessa reciclagem”. 

Ela destaca o trabalho de Elvira Lobato como um modelo de jornalismo investigativo.  “Para nós ela é um exemplo. Uma das frases que Elvira enfatizou bastante foi que ela aprendeu com os erros. Eu achei isso muito importante porque, como jornalista, às vezes a gente esquece disso, que em algum momento a gente vai errar e é importante ser humilde na nossa profissão e reconhecer isso. Então, eu acho que foi um ponto muito forte e que eu vou levar para minha vida profissional”.

As fundadoras da Amazônia Real, Kátia Brasil e Elaíze Farias (Foto: Alberto César Araújo/ Amazônia Real).

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
Ver post do Autor

Postes Recentes