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ToggleDonald Trump tomou posse nesta segunda-feira (20) como 47º presidente dos Estados Unidos com um discurso claro contra o meio ambiente. Em sua fala, o Republicano, que declaradamente nega as mudanças climáticas e é contrário a leis ambientais restritivas, prometeu aumentar o ritmo de exploração das reservas de petróleo e gás do país e acabar com acordos verdes já firmados.
“A crise da inflação foi causada por super gastos, e por isso que hoje eu também vou declarar uma emergência energética nacional, vamos perfurar e perfurar. A América será uma nação produtora novamente, e temos algo que nenhuma outra nação produtiva tem, a maior massa de petróleo e gás, e vamos usá-lo, vamos usá-lo”, disse Trump.
Ele afirmou ainda que o petróleo é que fará com que a América se torne uma “nação rica novamente”. “Vamos reduzir os preços [do combustível fóssil] e devolver as nossas reservas aos níveis anteriores, e vamos distribuir energia para todo mundo. Teremos uma nação rica novamente, e é esse ouro líquido sob os nossos pés que vai nos ajudar a fazer isso”, afirmou.
Trump também declarou que vai investir maciçamente na indústria automobilística na América. “Com as minhas ações, nós vamos finalizar todos os novos acordos verdes, mantendo o meu plano secreto para bater recorde da indústria automobilística na América. Em outras palavras, vocês poderão comprar o carro que quiserem, vamos construir automóveis na América novamente, num ritmo que ninguém nem podia imaginar há alguns anos, graças aos trabalhadores automobilísticos da nossa nação”, disse.
A emissão de gases de efeito estufa (GEE) pela queima dos combustíveis fósseis – entre eles o petróleo e o gás – é a maior causadora do aquecimento global.
Os Estados Unidos são atualmente o segundo maior emissor de gases estufa em termos absolutos atrás da China, e o maior emissor histórico. Isto é, a nação que possui maior emissão acumulada desde 1850.
Nos Estados Unidos, o setor do transporte é a principal fonte de emissão direta de gases estufa, respondendo por 28% do total emitido pelo país, segundo o último inventário feito pela Agência de Proteção Ambiental americana (EPA).
2024 foi considerado o ano mais quente que se tem história e o primeiro a ultrapassar o 1,5ºC previsto no maior acordo climático global, o Acordo de Paris, para evitar os piores efeitos das mudanças do clima no planeta.
No ano passado, o aumento da temperatura média global foi de 1,6ºC. É consenso na Ciência que o controle sobre a alteração no clima da terra só será possível com o fim da exploração de combustíveis fósseis.

Legado climático sob risco
Durante a campanha presidencial, Donald Trump anunciou, em diferentes ocasiões, que não só iria retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, como sairia da Convenção das Nações Unidas que trata sobre o tema das mudanças climáticas, conhecida pela sigla UNFCCC. Segundo a Reuters, a Casa Branca já teria confirmado nesta segunda-feira (20) a saída do Acordo de Paris.
Mas esta não é a única ação anti-climática que se espera do segundo mandato de Trump. A vitória do Republicano nas eleições 2024 deu início a uma corrida contra o tempo do presidente Joe Biden para proteger seu legado ambiental.
Entre as medidas anunciadas nos últimos dias do governo Biden, estão regras para reduzir drasticamente as emissões de metano – gás de efeito estufa com poder 21 vezes maior que o CO2 – e outra que proíbe futuros arrendamentos de mineração em terras federais.
Com a Casa Branca e um Congresso liderados por Republicanos, no entanto, as iniciativas climáticas de Biden terão vida curta. A revogação de tais atos ainda conta com uma lei obscura, chamada “Lei de Revisão do Congresso”, que permite que as Casa Legislativas anulem qualquer regulamentação emitida por agência federal nos últimos 60 dias legislativos com uma votação por maioria simples na Câmara e no Senado e a assinatura do presidente.
Em seu primeiro mandato, ao assumir o cargo, Donald Trump anulou 100 regras ambientais promulgadas pelo presidente Obama.

O que mais esperar
A organização de direitos humanos Global Witness divulgou recentemente uma análise sobre o que esperar da administração Trump na área ambiental. Entre os tópicos elencados, estão:
- Financiamento recorde para combustíveis fósseis – Durante o primeiro mandato Trump, os EUA se tornaram o maior produtor mundial de petróleo. A segunda administração promete impactos ainda maiores sobre o planeta. Durante a campanha, Trump supostamente teria pedido 1 bilhão de dólares em contribuições de campanha a magnatas do petróleo, prometendo revogar leis protetivas. Ele também já disse que revogará a proibição do presidente Biden sobre novas perfurações de petróleo offshore e nomeou um executivo de frackin acusado de alimentar desinformação climática para chefiar o departamento de energia.
- Proteção reduzida para defensores da terra e do meio ambiente – Desde 2012, a Global Witness documentou o assassinato de pelo menos 2.106 defensores da terra e do meio ambiente em todo o mundo. Durante seu mandato anterior, Trump seguiu uma política de isolamento da colaboração internacional, incluindo a retirada do Conselho de Direitos Humanos da ONU. Se a mesma postura foi repetida, a proteção a defensores ambientais será ainda mais fragilizada, não só nos EUA, mas em todo o mundo.
- Aumento da mineração, incluindo em áreas de povos originários – Em seu mandato anterior, o governo Trump mudou as regras de mineração no país, permitindo a atividade em terras nativas e tribais protegidas. Com o discurso de aumentar a eficiência, é possível que haja enfraquecimento de proteções ambientais e sociais relacionadas à mineração novamente.
- Destruição da natureza e finanças – O governo Biden fez do fim do desmatamento uma prioridade global – inclusive com uma visita histórica à Amazônia – mas não conseguiu aprovar leis que apoiassem esses objetivos. Alguns reguladores financeiros optaram por emitir orientações opcionais para planos de emissão líquida zero e divulgação de riscos climáticos, mas o movimento anti-ESG tem ganhado força no Congresso americano e é esperado que a agenda de desregulamentação se fortaleça.
- Aumento da desinformação climática e ambiental – Sob a bandeira de proteger a “liberdade de expressão”, a presidência de Trump provavelmente pressionará as empresas de redes sociais a removerem os limites sobre conteúdos que considerem ofensivos, o que pode incluir desinformação. Sua influência já é visível na plataforma X, de Elon Musk, e na mudança da Meta em relação à checagem independente de fatos e à remoção de restrições sobre tópicos que afetam grupos marginalizados, como gênero e imigração.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site O Eco e são de total responsabilidade do autor.
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