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Rio de Janeiro ocupa a pior colação no ranking da mobilidade urbana

Rio de Janeiro ocupa a pior colação no ranking da mobilidade urbana
Por Portal Vermelho

A vida de quem depende do transporte público no Rio de Janeiro não é nada fácil. Os moradores da região metropolitana fluminense sofrem diariamente com o alto custo das passagens, com a falta de linhas de ônibus, trens e metrô, e com a precariedade do serviço e da infraestrutura em todos os modais.

A
superlotação generalizada e o péssimo estado de conservação dos
veículos utilizados nos diferentes segmentos do transporte público
do Rio de Janeiro são problemas recorrentes no dia a dia dos
trabalhadores e trabalhadoras que precisam do serviço para se
locomover.

Também são precárias as condições de trabalho dos profissionais que atuam nos modais do Rio de Janeiro, os salários baixos e há intensa pressão imposta aos trabalhadores que exercem diversas funções no setor de transporte no estado.

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Estes
e outros componentes colaboram para agravar o quadro da mobilidade
urbana no Rio de Janeiro, que – apesar do cenário precário –
tem a tarifa de transporte público mais alta do Brasil.

O
geógrafo Rafael Calabria, especialista em Planejamento e Gestão das
Cidades e coordenador do Programa de Mobilidade Urbana do Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), avalia que, “no
Rio de Janeiro estamos vendo uma das situações mais difíceis do
país. Apenas neste ano houve falências de empresas de ônibus,
greves no BRT, intervenção da prefeitura nas empresas, interrupção
de atendimento em linhas da SuperVia, redução da frequência das
barcas, além das propostas de aumento de tarifas abusivas no metrô
e nos trens. Tanto na esfera estadual quanto na municipal, os
problemas se avolumam e os usuários e usuárias sofrem com o aumento
da tarifa e a piora da qualidade do transporte, além de interrupção
ou cortes de linhas”, disse em um artigo publicado pelo Portal 360.

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Rio
de Janeiro tem a passagem mais cara do Brasil

Desde
2021 que o Rio de Janeiro ocupa a primeira posição no ranking das
cidades com a tarifa mais alta do país. Após o aumento da passagem
do metrô, em maio de 2021, o Rio ultrapassou o Distrito Federal.
Esse reajuste de 25,71% foi autorizado pela Agetransp e elevou o
preço de R$5 para R$6,30.

Segundo
o IDEC – Instituto de Defesa do Consumidor, esse valor compromete
27% da renda de uma pessoa que recebe salário mínimo. A Agetransp
também autorizou um aumento de 26% da tarifa dos trens da SuperVia,
o que contribuiu ainda mais para o aperto no orçamento dos
trabalhadores e trabalhadoras do Rio de Janeiro.

De
acordo com os cálculos do IDEC, a tarifa média do transporte sobre
trilho no Brasil é de R$4,05, o que – mensalmente – equivale a 17%
do salário mínimo; bem abaixo do cenário do Rio de Janeiro.

Horas
perdidas no transporte superlotado

Foto: Reprodução

Cerca
de 11% dos cidadãos do Rio de Janeiro levam mais de duas horas em
seus trajetos diários. É o que aponta o estudo realizado pelo
aplicativo de mobilidade Moovit. A pesquisa ainda mostra que o tempo
médio gasto pelos usuários de transporte público na região
metropolitana é de 67 minutos.

A
pesquisa – que analisou a situação em 104 municípios de 28 países
– também ouviu o relato dos usuários sobre a qualidade dos
serviços. A superlotação foi o principal problema reportado pelos
passageiros fluminenses no estudo, que apontou que o Rio de Janeiro
tem a pior avaliação no quesito mobilidade urbana entre todas a
cidades analisadas.

Juciano Martins Rodrigues, professor visitante no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) e pesquisador do INCT Observatório das Metrópoles e do Laboratório de Mobilidade Sustentável (PROURB/UFRJ), publicou um artigo avaliando a realidade enfrentada pelo usuário do transporte público na região metropolitana do Rio de Janeiro.

De acordo com o especialista, “os resultados do Censo Demográfico 2010 mostram, por exemplo, que o número de homens que se deslocavam de casa para o trabalho diariamente na região metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) era 37% superior ao de mulheres. Isso pode ser resultado da própria estrutura do mercado de trabalho, mas também dos inúmeros constrangimentos que afligem as mulheres no acesso ao sistema de transportes”.

A mesma fonte de dados também revela que 32% das pessoas negras levavam mais de uma hora no trajeto diário, enquanto a média para a RMRJ como um todo é pouco mais de 28% e dos brancos é de 26%. Quanto à dimensão da renda, a população mais pobre também tende a gastar mais tempo nos deslocamentos casa-trabalho. Pereira e Schwanen (2012) mostraram que nas áreas metropolitanas do Brasil, os mais pobres gastam em média 20% a mais de tempo do que os mais ricos.

No caso da RMRJ, embora tenha ocorrido uma piora no tempo de deslocamento daqueles situados nos Decis superiores de renda (isto é, em dez segmentos com a mesma quantidade de pessoas, das mais pobres às mais ricas), a situação dos mais ricos permanece consideravelmente melhor do que a do resto da população. No caso da cidade do Rio, essas desigualdades parecem ser, portanto, ainda mais relevantes e estudos mais panorâmicos de fato não conseguiriam captar o efeito da desigualdade social e da segregação residencial sobre o acesso ao sistema de transporte e, consequentemente, sobre as condições de deslocamento cotidiano. Do ponto de vista dos territórios, a desigualdade também é evidente”.

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O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ainda lembrou que a região metropolitana fluminense tem o município com o maior tempo médio de deslocamento do país. “A metrópole já é conhecida por ter o município com o maior tempo de deslocamento do Brasil – Japeri, na região da Baixada Fluminense. Lá, o tempo médio de deslocamento apenas de ida para o trabalho é de quase 69 minutos, contra 47 da cidade do Rio ou, ainda, 34 minutos de sua vizinha Paracambi”, pontuou Juciano Martins Rodrigues.

A
superlotação e as longas horas de espera são parte da realidade
cotidiana dos que dependem do transporte público no Rio de Janeiro.
Como aponta o relato da passageira Adriana Russo. “Os
BRTs saem lotados, as filas são imensas e pelo meio do caminho
ninguém consegue entrar. Vamos apertados, espremidos. E aí, onde
está o Covid, né? Porque os BRTs só saem lotados do Jardim
Oceânico para o Alvorada, e do Alvorada para seus destinos. A gente
acorda cedo para trabalhar e vai de manhã no sufoco e volta à tarde
também. Isso é um descaso total”, afirmou em entrevista ao G1.

Precariedade do transporte público

Foto: Reprodução

Além
das tarifas elevadas e das horas perdidas nos diferentes modais do
transporte público do Rio de Janeiro, os passageiros ainda precisam
lidar com as péssimas condições dos veículos, estações, trilhos
e vias.

É
muito comum encontrar ônibus em péssimo estado de conservação e
sem ventilação adequada; a situação é bastante similar nos
vagões dos trens da SuperVia. Entretanto, os problemas não se
restringem aos veículos, há uma série de irregularidade nas
estações e nas vias.

Banheiros
sem condições de uso, lixo em diversos pontos, falta de
acessibilidade, infraestrutura depredada e, até mesmo, tráfico de
drogas, são alguns dos problemas relatados por usuários do sistema
BRT e dos trens da SuperVia.

Diante
destas e de outras irregularidades, a Assembleia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) criou a CPI dos Trens para
investigar a realidade do transporte ferroviário operado pela
SuperVia. A deputada estadual Enfermeira Rejane (PCdoB/RJ) – que vem
participando ativamente da Comissão Parlamentar de Inquérito –
apontou uma série de problemas encontrados nas vistorias realizadas
pela CPI nas estações de trem. De acordo com a deputada comunista:
“o sistema de transporte no estado do Rio de Janeiro é muito ruim.
Vimos coisas alarmantes nas inspeções, como banheiros sem condições
de uso, falta de acessibilidade, e até moradias irregulares nas vias
férreas”.

Os
problemas enfrentados pelos profissionais do transporte público

Além
das diversas dificuldades impostas todos os dias aos passageiros e
passageiras cariocas e fluminenses, é importante lembrar dos graves
problemas que marcam a rotina de trabalho dos profissionais do
transporte público.

Sebastião
José da Silva, presidente do Sindicato dos Rodoviários, destacou os
principais problemas enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras
do setor: “São
quatro principais problemas: trânsito, jornadas excessivas,
condições dos veículos e a violência. Temos muitos motoristas
agredidos. Muitos pedem demissão, ou estão afastados por doenças
ocupacionais e questões psicológicas. Temos altos índices de
doenças cardíacas ou hemorroidas, em decorrência do longo tempo em
que os trabalhadores passam sentados. Não temos nem banheiro nos
terminais, o que traz consequências no longo prazo”, disse ao
Jornal O Dia.

Ele também sublinhou dois fatores decisivos para o agravamento da situação financeira dos profissionais. Segundo o presidente do sindicato, “o primeiro é a redução muito grande nos postos de emprego. Hoje, temos 50% menos vagas do que há 10 anos. Só nos últimos cinco anos, 11 mil postos foram perdidos. Um segundo ponto crucial é que houve uma queda enorme no poder aquisitivo, ainda mais porque os rodoviários não têm cláusulas sociais, como plano de saúde e, pasme, nem ticket alimentação. Apenas recebemos uma cesta básica de R$ 350 para inteirar as compras”, afirmou.

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