Não tem nada melhor que uma tigela de açaí bem geladinha, principalmente, para o enfrentamento do calor amazônico. No Pará e Amazonas, o fruto é símbolo de alimento de qualidade, mas você sabia que o açaí tem uma “prima distante”? No Maranhão, existe a juçara, que é parecida com o açaí, porém é produzida por uma espécie de palmeira diferente.
Em entrevista ao Portal Amazônia, o professor Jesus Souza, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou que existem questões científicas, regulamentares e culturais para diferenciar os dois frutos.
De acordo com o pesquisador, o próprio açaí é dividido em duas categorias: o Euterpe oleracea, que é nativo do Pará; e o Euterpe precatoria, que cresce no Amazonas. Enquanto a juçara é similar ao açaí, só que é produzida por uma palmeira diferente, a Euterpe edulis, popular na região sul do Brasil.
Outro fator que difere os dois frutos é a Instrução Normativa Nº37, instituída no dia 1° de outubro de 2019 pelo Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento. “Segundo a norma, tanto a Euterpe oleracea (açaí do Pará) e a Euterpe precatoria (açaí do Amazonas) estão dentro dos parâmetros para serem usados como sucos”, explicou Souza.
A confusão se dá pela semelhança dos frutos, inclusive nos aspectos nutricionais. Porém, a juçara não entrou na classificação de suco na Instrução Normativa do Ministério da Agricultura.
“Quem vende açaí, precisa comercializar como Euterpe oleracea (Pará) ou Euterpe precatoria (Amazonas). Já a polpa da juçara se enquadra em outra legislação, que seria menos rígida do que foi preconizada para o açaí”,
explicou o pesquisador.
Porém, com o corte da árvore para produção de palmito e devido à ação extrativista exacerbada, a palmeira juçara corre risco de extinção. Assim, a utilização de seus frutos é uma alternativa que vem sendo incentivada para a preservação da espécie.
“A juçara é muito direcionada para a produção de palmito, um produto mais adocicado e saboroso para comer em salada. Só que quando se colhe o palmito a planta é destruída. E como a gente sabe como teve a popularização do açaí foi necessário criar uma dinâmica invertida, ou seja, hoje é mais lucrativo produzir o fruto do que retirar o palmito dos pés de açaí”, finalizou Souza.
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