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Os sem água e sem peixe

Os sem água e sem peixe

A pior seca da Amazônia faz surgir um drama humanitário e voraz causado por efeitos climáticos que atingem a vida de milhares de ribeirinhos e a economia como um todo. O governo Lula já deveria ter decretado a calamidade pública para dar uma resposta à população com ajuda das Forças Armadas, como nas secas de 2005 e 2010. Faltam água potável  e comida. “Vamos passar fome”, diz a peixeira Mara Lopes, prevendo dias muito difíceis que já são sentidos pela queda de 80% nas vendas de sua barraca. No Polo Industrial de Manaus (PIM), o motor da economia amazonense, teme-se pelo desabastecimento de produtos eletroeletrônicos se alastrando pelo resto do País. O drama de quem depende das “estradas de rios” só está começando.

Manaus (AM) – A cena é desoladora no porto da Manaus Moderna. O que se vê em um dos principais pontos de chegada da população ribeirinha do interior à capital amazonense é um imenso descampado de areia. Passageiros arrastam malas pesadas pelo terreno por vários metros. Mas só aqueles que tiveram a sorte de encontrar uma embarcação para os poucos destinos ainda em atividade. Uma enorme frota de barcos permanece ancorada e muitos já não se arriscam mais a sair. O medo é bater em pedras ou encalhar na areia, o que traria enormes prejuízos para os donos das embarcações. É melhor ficar parado no beiradão à espera do fim da estiagem. O cenário piora quando se mira o horizonte. Ao fundo, três enormes colunas de fumaça do outro lado do rio indicam que não basta a secura. O homem ainda insiste em queimar a mata.

A área da Manaus Moderna, onde fica o histórico Mercado Adolpho Lisboa, recebe mais de 50 mil viajantes todos os meses. (é muito mais) Do porto, chegam e partem pessoas do interior do Amazonas e também de outros Estados e países. A movimentação dentro do Mercadão, onde se pode encontrar os ingredientes típicos da região amazônica, está dentro de uma aparente normalidade. O problema está mesmo do lado de fora.

Com a fisionomia séria, Paulo Roberto Pereira, de 49 anos, sendo 30 deles trabalhando como marítimo, contabiliza prejuízo mensal de mais de 10 mil reais. O barco Castelo Guedes, onde trabalha junto ao amigo proprietário da embarcação, é um dos que optaram por não sair mais de Manaus Moderna. “Fica difícil para gente viajar, perigoso, longe, gasta mais diesel. Fica tudo mais difícil, o barco encalha, fura”, conta. “Assim eu ainda não tinha visto”, revela, logo comparando a pior seca deste ano com a histórica de 2010.

A sensação de abandono é geral entre os marítimos. Todas as previsões meteorológicas e alertas feitos pelos cientistas indicavam que a pior seca na região amazônica dos últimos anos estava por vir. Joga-se tudo na conta de fenômenos como El Niño e o aquecimento do Atlântico Norte Tropical. Para Paulo Roberto, as autoridades deveriam antever esse problema. “Entra governo e sai governo e ninguém olha pela gente. A gente encalha e a Capitania (dos Portos) não vai nem dar apoio. O apoio que eles dão é dando multa, prejudicando. A gente tem que pedir ajuda de outras embarcações”, conta o marítimo. 

Áurio Lúcio, de 58 anos, trabalha na embarcação Alberto Machado e engrossa o coro de Paulo Roberto. “O não cuida da Amazônia. Eles falam, falam, falam e não vejo nada acontecer. Isso está explícito”, critica Áurio. Nos últimos quatro anos cuidando de embarcações, ele chega ao trabalho e vê uma cena desanimadora. Para ele, a própria orla portuária já mostra o nível de abandono. “Tu achas isso bonito?”, pergunta. “Isso é a frente da cidade de Manaus. Existe cidade no interior que a orla é linda, uma cidade com 15 mil habitantes e a gente aqui com essa orla feia. Parece Serra Pelada. Não adianta fazer uma praça bonita no meio da cidade e deixar a orla desse jeito. A água é vida e a água está acabando”, pontua.

Em períodos normais, com a circulação normal por causa dos rios cheios, a embarcação Alberto Machado chega a lucrar 60 mil reais por mês. Agora ela permanece ancorada na Manaus Moderna. Até quando pode trafegar pelos rios do Amazonas, Áurio viu que a situação já estava mais grave nos outros municípios. “No interior a situação está precária. Imagina andar dois ou três quilômetros neste Sol quente, porque as embarcações não conseguem chegar perto das sedes dos municípios?”, indaga.

A escassez de peixe

O vendedor de peixe, Éden Silva Ferreira na Feira da Panair (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real).

“Está faltando peixe na banca. O rio está muito seco e com isso muitos municípios ficam isolados”, conta o peixeiro Eden Ferreira, reforçando que a escassez fez o preço do produto disparar. O tambaqui, que é um dos peixes mais procurados em Manaus, agora custa 60 reais, na banca que Eden tem na feira da Panair, onde ele trabalha há 15 anos. 

Para o vendedor de peixes, o que está causando tantos problemas “é obra do garimpo, do ser humano”. “É a natureza revoltada com o ser humano que está mais de olho em ouro, em petróleo, em tirar a vida dos outros, de se matar por tesouros. Fazem isso e esquecem da floresta amazônica. No fim das contas falta comida”, arrisca Ferreira. 

No Porto da Ceasa, em Manaus, Mara Lopes, de 50 anos, viu os lucros de sua barraca de peixes despencarem em 80%. E, no caso dela, o problema não se restringe apenas à redução na oferta de pescado, mas também no grande estacionamento que se tornou a feira. A seca fez reduzir o número de travessias e, com isso, há todos os dias uma fila quilométrica de caminhões na feira. Isso tem afastado as pessoas que antes compravam peixe no local. 

“Ninguém vem mais aqui na nossa feira. Estamos às moscas”, lamenta Mara, que há 32 anos trabalha na feira, onde vende tambaqui, pirarucu e sardinha. E ela já avalia que a situação vai piorar com a época do defeso. “Quem trabalha com peixe vai passar fome. Se já está ruim, agora, imagina quando chegar a época em que não se pode pescar. Não recebemos nenhum tipo de auxílio. Vamos passar fome”, desespera-se. 

Drama no Polo Industrial de Manaus

Porto Chibatão no Distrito Industrial de Manaus (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Navios cargueiros que passam pela capital também estão enfrentando problemas graves por causa da pior seca que a Amazônia vem enfrentando. Para chegar aos Porto Chibatão, Super Terminais e Aurora da Amazônia, os três localizados na zona sul, as grandes embarcações têm de repensar toda a logística e preparar o bolso. Além de reduzir a carga de transporte para ficarem mais leves e poderem trafegar nos rios, as empresas marítimas têm agora de arcar com a chamada “taxa da seca”, uma cobrança extra que passou a valer pouco depois do início da estiagem. 

“Quando um container de 20 pés chega ao Amazonas é cobrado em 2.250 reais a mais pela carga, e o container de 40 pés em mais 4.500 reais, isso na chegada ao porto. Ao sair, o valor está ao redor de 1.300 reais para o de 20 pés, e de 2.600 reais para o de 40 pés, o que pode sim atrasar o abastecimento também por razões financeiras”, explica o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva.

A referência aqui é mesmo o Polo Industrial de Manaus (PIM), o principal motor da economia do Amazonas. Antonio Silva prefere não fazer ainda um grande alarde, mas já prevê problemas em todo o País se a situação se agravar. “Há uma preocupação de que possa faltar matéria-prima para as fábricas, principalmente no período que antecede as demandas de produção para o final de ano”, conta.

É do PIM que são fabricadas toneladas de produtos que abastecem as lojas para a sempre esperada Black Friday, em novembro, e o período de Natal. “Manaus é um importante centro produtor de produtos eletroeletrônicos e qualquer interrupção significativa na logística de transporte pode afetar a distribuição para todo o País”, diz o presidente da Fieam.

A Zona Franca de Manaus, cujas empresas se instalaram na região Norte em busca de subsídios generosos, consegue produzir “mais barato” à custa de incentivos fiscais da ordem de 25 bilhões de reais anuais – o parque industrial fatura 90 bilhões por ano. Como o Amazonas está distante dos grandes centros consumidores do Brasil, se os custos de transporte permanecerem elevados por um tempo prolongado, os produtos fabricados na região podem perder essa vantagem competitiva.

Um exemplo do aumento dos custos de transporte, revela o dirigente da Fieam, é a operação do “prático”. “As empresas de navegação são obrigadas por lei a ter esse profissional, especialista na navegabilidade, que orienta por onde o navio pode transitar nos canais sem maiores riscos, além de guiar na atracação no porto”, pontua Antonio Silva. Essa mão de obra já esteve em torno de 70 mil reais e hoje, com a seca pode chegar a astronômicos 800 mil reais, informa Silva.

Pensar em novas logísticas

Estiagem do rio Negro em Manaus e Iranduba, barcos e balsas encalharam (Foto: Alex Pazuello/Secom).

Segundo o coordenador da Comissão de Logística do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Augusto Cesar Barreto Rocha, as fábricas estão preparadas até os próximos 45 dias, porque historicamente já trabalham com o cenário de uma estiagem típica de Manaus. “A maior parte das empresas já se planejou para esse momento, agora, se for mais do que o recorde histórico, aí vai ser realmente terrível porque mesmo quem se planejou vai ter problemas para enfrentar o momento”, alerta. Aumentos dos preços para o consumidor final podem ocorrer.  

Para o especialista em logística o que falta é uma ação do Estado para tratar o tema. “O estado é negligente em relação à Amazônia. Ninguém está surpreendido com a seca. Seca tem todo ano, então o que poderia ter sido feito? O que pode ser feito para o próximo ano? Há uma série de coisas que podem ser feitas para o próximo ano”, opina.

Barreto aponta que um dos pontos para a solução do problema com a estiagem deveria ser a realização de estudos nos rios Madeira e Amazonas. Sobre a hidrovia do Madeira, ele aponta que a saída da foz do Madeira, a região do Tabocal e a Barra Norte estão enfrentando a redução do calado [profundidade em que cada navio está submerso na água. Tecnicamente, é a distância da lâmina d’água até a quilha do navio]. O que estaria por trás dessa redução do calado? 

“Será que é garimpo ilegal do rio Madeira que aumenta o assoreamento e joga mais barro no rio? Será que as hidrelétricas de Santo Antonio [que paralisou a geração de energia no último dia 2] e Girau, que foi construída no rio Madeira e mudou toda a dinâmica do rio e está jogando essa mudança da hidrodinâmica e aumentando o assoreamento? Será que é um fenômeno da natureza que está movendo sedimentos e reduzindo o calado do rio?”, enumera o especialista. Barreto ressalta a necessidade de fazer estudos para viabilizar de fato a obra de uma hidrovia. “A gente vem insistindo com os órgãos reguladores que em princípio é um papel do governo federal uma vez que é uma hidrovia.”

Mais impactos na Amazônia

Vila de Arumã em Beruri onde ocorreu o fenômeno das terras caídas (Fotos: Mauro Neto/ Secom).

No último sábado (30), os efeitos da pior seca na região amazônica provocaram desbarrancamento que fez parte da Vila do Arumã, no município de Beruri (a 178 quilômetros de Manaus) desaparecer do mapa. Alisson Moura Lima, de 7 anos; e Kesia Moura Lima, de 16, morreram na queda do barranco, mas ainda há três pessoas desaparecidas e outras dez ficaram feridas. Pelo menos 40 casas foram engolidas pelo desbarrancamento. Haviam igrejas, escolas e um posto de saúde. Até casas flutuantes que estavam na beira do rio foram atingidas.     

Pela primeira vez, uma autoridade veio a público admitir, com todas as letras, que a crise climática vai demandar adaptações até então inimagináveis, como o realocamento das pessoas. “A gente vai ter que deslocar populações inteiras que vivem em áreas que se tornarão improdutivas. Essa seca não é um fenômeno isolado, é parte de um novo cenário climático que estamos vivendo, as coisas mudaram e agora nós precisamos nos preparar para nos adaptar a uma nova realidade para a Amazônia”, afirmou o secretário de do Amazonas, Eduardo Taveira, ao jornal Valor Econômico e reproduzido pela organização Clima Info. 

Desbancarramentos não são fenômenos incomuns na Amazônia, mas raramente uma comunidade praticamente inteira desaparece. A tragédia em Beruri é explicada pelo professor do departamento de Geografia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), José Alberto Lima de Carvalho. Ele estuda as chamadas “terras caídas” há anos. Ao analisar as imagens de satélite, ele afirma que o deslizamento é resultado de ações que ocorreram simultaneamente. “A pressão hidrodinâmica acontece quando o rio Purus está em período de elevação das águas, aumentando assim a sua capacidade de retirar material das margens. Porém, o efeito dessa erosão vai se dar no período da vazante devido ao aumento da pressão hidrostática”, analisa. 

Carvalho explica que a pressão hidrostática é a pressão da água que fica retida nos lençóis freáticos (dentro do solo) e que escoa para o vale onde está o igarapé do Arumã. O outro fator determinante é a resistência do material das margens e do fundo do igarapé. “Se o material das margens é muito arenoso e pouco coeso (solto), facilmente é atacado pelos agentes erosivos”, pontua. Isso ocorre porque a água escoa das margens e se junta com a que desce do igarapé, formando grandes camadas de lama, bem menos resistentes e mais deslizantes.

O pesquisador da Ufam explica que a vazante tem papel importante no processo das terras caídas, pois quanto maior for a vazante dos rios, mais alto se torna o barranco de suas margens e com isso aumenta a chamada “força de cisalhamento” (associado à força de gravidade). É isso que provoca o desbarrancamento em grandes proporções. “Esse tipo de movimento de massa é mais comum durante o período de vazante, pois não tem relação direta com chuva e com a água de percolação do pacote sedimentar e da água que escoa pelo igarapé do Arumã”, descreve.

Casos como o da Vila do Arumã poderiam ser evitados. O professor lembra que o Serviço Geológico do Brasil, por meio da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), já fez um mapeamento das áreas de risco no Brasil e a Vila do Arumã foi apontada, em 2014, como uma em que deveria ter ocorrido a retirada dos moradores. “Não é uma questão fácil, principalmente quando se trata de manejo de populações que muitas vezes tem uma relação histórica com o lugar”, conta. 

Eventos climáticos extremos deveriam ocorrer de forma esporádica, a cada 100 anos, dizem os cientistas. Mas nos últimos 10 anos foram registradas na Amazônia três grandes cheias (2009, 2012 e 2015) e três grandes secas (2005, 2010 e 2016). Em outras palavras, pesquisadores se preocupam com a imprevisibilidade do clima na região. E, para piorar, nas cheias ou nas secas, a fome e a necessidade de deslocamentos populacionais têm se tornado problemas cada vez mais graves.

E o abastecimento em Manaus?

Os impactos da seca mais severa dos últimos 40 anos, que atinge oito Estados amazônicos, têm obrigado a concessionária Águas de Manaus a se debruçar diante do cenário de projeções dos níveis de estiagem na cidade. Responsável pelo abastecimento de aproximadamente de 580 mil famílias da capital amazonense, a empresa informou que está monitorando diariamente a vazante do rio Negro e que, nas últimas semanas, realizou medidas operacionais de reforço, que asseguram a normalidade do abastecimento de água tratada na capital, 

“Caso ocorra alguma mudança fora da curva do cenário projetado da estiagem, a concessionária implementará novas ações e vai comunicar previamente a população sobre qualquer tipo de impacto que possa ocorrer no sistema de abastecimento”, informou a concessionária por meio de nota.

De acordo com o Boletim de Monitoramento Hidrometeorológico da Amazônia Ocidental, divulgado em 6 de outubro, o quadro de chuvas permanece sendo de déficit de precipitação em quase toda região, exceção da bacia do Guaporé que está, segundo o relatório, mais próxima da normalidade.

O boletim ressalta ainda que os fenômenos El Niño (aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico) e aquecimento anômalo das águas superficiais do Atlântico Tropical Norte continuam atuando, inibindo ou reduzindo a formação de nuvens, o que causa redução dos volumes de chuva.

Até a medição feita no último sábado, o rio Negro estava com o nível de 14,79 metros. O menor nível do rio foi registrado em 2010, com 13,63 metros. Tecnicamente, ainda não se chegou à marca de 13 anos atrás, mas os efeitos da crise climática têm produzido um drama humanitário desproporcional. De acordo com o último boletim da estiagem divulgado pelo governo do Amazonas, há 40 municípios amazonenses em situação de emergência, 19 em estado de alerta e 1 em estado de atenção e outro de normalidade. Até o momento 64.448 famílias já foram atingidas pela estiagem, totalizando pelo menos 257.791 pessoas. 

A vida que não muda

Se para a maioria a vida vem mudando com a pior seca da Amazônia, para alguns é hora de auferir algum lucro. O barqueiro Val da Silva, que trabalha na Ceasa, conta que a seca não trouxe qualquer mudança no movimento do seu negócio. “Em dias bons, eu chego a faturar entre 300 a 400 reais e tem dias que é ruim. Para mim não mudou nada. Continua do mesmo jeito de quando está cheio”, afirma. O barqueiro se compadece das pessoas do interior, quando ele as entrega às suas comunidades, mas ainda distantes de dois a três quilômetros até chegar em casa. O barco tem de parar longe.

Para o estivador Helielson Góes, que trabalha na Manaus Moderna, o único problema é que agora os estivadores precisam andar mais até chegar às embarcações. “Tirando a distância o trabalho está igual. Continuo ganhando a mesma coisa. Só fica mais dificultoso”, conta.   

Quem também diz não ter do que reclamar é o picolezeiro Márcio André Santos, de 46 anos. Para ele, ter um calor extremo e uma praia mais longa ajuda nas vendas de seus picolés  de buriti, tapioca, açaí, tucumã, abacate, milho verde, ingá e “cacau com caroço”. Ao vender uma média de 150 picolés, fatura em média 140 reais por dia. Morador do Buraco da Cobra, no bairro São José Operário, na zona leste de Manaus, Santos fica de olho em cada barco onde as pessoas embarcam depois de arrastar suas malas pesadas. “Estou achando a seca maravilhosa porque quanto mais o rico seca, mais a gente trabalha”, diz, sem refletir sobre todos os efeitos trágicos da grande estiagem.

Secas históricas


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