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O urubu e o pavão 

O urubu e o pavão 


A agtech Sigria divulgou, na semana passada, uma matéria “revelando” que houve uma diminuição na área de floresta, de 151 mil hectares, registrados em 2016, para 142 mil hectares, em agosto de 2024, o que equivale a uma perda de aproximadamente 9 mil hectares. Comparativamente, essa área desmatada equivale a cerca de 12.600 campos de futebol.

A empresa chegou a essa conclusão usando uma ferramenta de Inteligência Artificial, por ela criada, que analisa imagens de satélite para detecção de áreas desmatadas. A ferramenta foi aplicada em uma área experimental de 157 mil hectares na Amazônia.

Para minha surpresa, o press-release não forneceu a localização desse trecho de floresta. Nenhum mapa, nenhuma imagem de satélite, sequer uma descrição ou informação sobre a área monitorada. É tão estranho que aqui estou, mesmo com limitações físicas de um pós-operatório limitante, para registrar minha indignação com essa notícia conduzida, provavelmente para atrair clientes (se não for para atenuar o significado real do desmatamento.

Entre 1977 e 2018, calcula-se que 20% da Amazônia foram desmatadas, ou 792 mil quilômetros quadrados, quase 80 milhões de hectares. São grandezas incompatíveis. Com a COP 30 chegando à Amazônia em 2025, é recomendável ficar atento para não tomar urubu, de honesta uma só cor negra, por pavão multicolorido através de IA.


A imagem que abre este artigo mostra área de desmatamento no Pará (Foto: Bruno Cecim / Agência Pará).


As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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