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ToggleEm um dia qualquer em Manaus, capital do Amazonas, ao meio-dia já é possível observar quando as pessoas nos pontos de ônibus se abrigam aos montes, procurando a sombra estreita dos postes. Com leques improvisados feitos de papelão ou guarda-chuvas abertos contra o sol, quem espera o ônibus sofre no calor. “Aqui é um sol para cada morador”, diz uma expressão popular usada para descrever o clima quente da cidade.
Manaus (AM) – Para quem é de fora, pode ser difícil imaginar Manaus como uma cidade que não foi construída para se harmonizar com a floresta ao redor. Ocupada e urbanizada sob uma lógica colonial que tentou adaptar à força o modelo europeu de cidade, com ruas estreitas, calçadas ausentes e construções geminadas, Manaus herdou um traçado urbanístico que dificulta até hoje a presença de árvores de grande porte nas suas vias. Por outro lado, quem vive aqui, percebe as contradições do local que virou um emblema de contraste entre o natural e o concreto, e que por isso pouco lembra a Amazônia do imaginário brasileiro, formada por imagens de grandes porções de florestas cortadas por rios caudalosos.
Rodeada por um dos biomas mais biodiversos do planeta, a Amazônia, a capital amazonense viu desaparecer por efeito de urbanização acelerada várias espécies de árvores nativas como Ipês roxos e amarelos, Andirobas, Castanheiras, Sumaúmas e Copaíbas.
Hoje algumas delas sobrevivem apenas em pequenos refúgios de natureza urbana, como a Reserva Florestal Adolpho Ducke, uma área protegida de 10 mil hectares de floresta amazônica sobreposta à zona leste de Manaus, no bairro Cidade de Deus; e o Campus Senador Arthur Virgílio Filho, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), também na zona leste, no bairro do Coroado. O local possui uma área de aproximadamente 700 hectares de floresta preservada, que é considerado um dos maiores fragmentos verdes urbanos do mundo. Esta floresta urbana abriga uma biodiversidade de espécies que vai de árvores a animais, incluindo preguiças, borboletas, cutias pacas e macacos, além de animais raros como o gavião-real e o sauim-de-coleira.
Vista da torre de observação do MUSA (Juliana Pesqueira/Amazônia Real/2025).
Como as da Ufam e do Museu da Amazônia (Musa), as áreas verdes que ainda resistem em Manaus são, em sua maioria, resultado de iniciativas institucionais isoladas. Nesses locais, o ar parece mais leve, e os japiins, sanhaços, araçaris e araras ainda encontram alimento antes de riscar o céu em voos livres.
Mas, fora desses respiros verdes, o que se impõe é uma cidade sufocada pelo concreto e pelo asfalto, sem a sombra das árvores que poderiam aliviar o peso do calor.

Árvore tombada no centro de Manaus ( Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
Nos últimos anos, a vida dos manauaras se tornou desafiadora em meio a eventos climáticos extremos, como a seca severa durante dois anos consecutivos, em 2023 e 2024, e a fumaça tóxica das queimadas que cobriram o céu em um raio de cem quilômetros ao redor da cidade. Sem a trégua do calor intenso, que poderia ser esquecido debaixo de alguma árvore, a cidade caminha para um futuro apreensivo.
Mas como é que essa urbanização acelerada e pouco arborizada da maior cidade de toda a Amazônia sul-americana compromete o conforto térmico da população e a sobrevivência de espécies nativas de animais e plantas? Buscamos levantar dados e evidências concretas que complementam as histórias dos manauaras sobre o problema nesta reportagem, que é resultado de um esforço colaborativo entre jornalistas e cientistas ambientais, como parte de uma iniciativa do Instituto Serrapilheira, do Brasil, e do Centro Latino-Americano de Investigação Jornalística (Clip), para explorar as inter-relações entre à biodiversidade da Amazônia e os diversos serviços ambientais que ela proporciona ao continente.
A perda da floresta urbana

Intervenção natural em tronco de árvore seco em Manaus ( Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
Em Manaus, o cartão-postal da cidade é uma visão de ruas inteiras expostas ao sol escaldante, que se estendem por bairros onde não há sequer uma árvore para oferecer sombra. Às dez da manhã, o asfalto já reflete o mormaço com força e é difícil fazer tarefas cotidianas na rua, como ir a feira ou mesmo dar um passeio pelo Centro Histórico da Cidade, nas redondezas do Teatro Amazonas.
Ao meio-dia, caminhar por algumas avenidas da zona leste, sul ou norte da cidade é como atravessar um deserto, trajetos que muitas vezes requerem esforço físico. A sensação térmica se aproxima dos 40 °C pelas calçadas rachadas, com tocos de árvores cortadas e expostos. Os pontos de ônibus sem cobertura revelam um cotidiano hostil para quem precisa se locomover pela cidade.
Apenas 44,8% da área urbana de Manaus possui cobertura arbórea, revelou o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE em seu levantamento das características urbanísticas do entorno dos domicílios, incluindo a arborização urbana. Esse índice coloca a cidade como a sétima menos arborizada do país, atrás até mesmo de capitais ligadas ao agronegócio, como Campo Grande (91,4%), Goiânia (89,6%), Palmas (88,7%) e Cuiabá (74,5%), que apresentam as melhores taxas de arborização. Entre as capitais da região amazônica, além de Manaus, Belém (44,6%) e Rio Branco (39,9%) também figuram como locais com os menores percentuais de arborização urbana do país.

Manauaras buscam refúgios para se abrigar do sol em uma das poucas praças arborizadas da cidade, Praça do Congresso (Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
O IBGE considera vias arborizadas aquelas com ao menos uma árvore de 1,70m. Ainda de acordo com a pesquisa, apenas 13,9% dos domicílios manauaras estão em ruas com cinco ou mais árvores, uma evidência de que mesmo onde há algum grau mais avançado de arborização, ela é dispersa e insuficiente para produzir qualidade de vida na cidade.
Essas poucas árvores estão, além disso, distribuídas de forma desigual. Apenas 23,9% dos domicílios de Manaus estavam localizados em vias com árvores, segundo o primeiro estudo do IBGE, feito em 2010, com o objetivo de conhecer a flora urbana no Brasil.
Nesses 12 anos entre os dois estudos, a cidade registrou um salto de cerca de 87% nesse indicador, atingindo a taxa atual de vias urbanas cobertas por pelo menos uma árvore. Essa melhora de índice pode ser parcialmente explicada pela implementação de políticas públicas recentes voltadas à arborização, como o Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU) e o programa Arboriza Manaus.
O engenheiro agrônomo Heitor Liberato, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, destaca que o Plano Diretor de Arborização Urbana de Manaus é bem estruturado do ponto de vista técnico por priorizar majoritariamente espécies nativas da região. “São as melhores alternativas para o nosso clima, para o solo e para a fauna local”, afirmou.
Ainda assim, os dados do Censo 2022 do IBGE não são animadores. As taxas mostram que a escassez de áreas verdes em grande parte da cidade amplia as desigualdades socioambientais e não reflete as ações tomadas pelo poder público nos últimos anos. Mais da metade da população manauara, que ultrapassa 2,2 milhões de habitantes, vive em ruas sem nenhuma árvore.
No Estado do Amazonas, o cenário não é menos preocupante, já que mais da metade da população (54,9%) também vive em áreas urbanas sem nenhuma arborização. O especialista destaca que o sucesso de programas de arborização urbana depende, antes de tudo, da estrutura da cidade. “Não adianta plantar uma árvore se a calçada não tem espaço ou se o canteiro não suporta o crescimento das raízes. Em pouco tempo, essa árvore vai ou causar prejuízo ou nem crescer adequadamente”, explicou. Para o especialista, arborizar requer planejamento técnico e respeito à infraestrutura urbana.
Sobre os dados do IBGE, Liberato pondera que a metodologia usada para mensurar a arborização urbana não considera os grandes fragmentos de floresta presentes dentro do perímetro urbano de Manaus. “Áreas como a Reserva Adolpho Ducke ou o CIGS, no São Jorge, têm uma densidade enorme de vegetação, mas isso não representa arborização acessível para a população. As pessoas passam o dia em casa, no bairro, e precisam de pelo menos uma árvore na frente da sua residência para ter o mínimo de conforto térmico”, ressaltou.
A revisão e a implementação do Plano Diretor de Arborização Urbana se mostram urgentes diante da insatisfação majoritária dos manauaras com a arborização urbana. Três em cada quatro moradores classificaram a arborização da cidade como ruim ou muito ruim, segundo uma pesquisa publicada em 2022 na revista Lifesytyle Journal e conduzida por pesquisadores da Ufam. Apenas 3% a consideraram muito boa.
Durante a apuração desta reportagem, percorremos a zona sul de Manaus no Centro, um dos bairros mais antigos e populosos da capital, com aproximadamente 39.228 habitantes, segundo o Censo 2022 do IBGE. Segundo análises coletadas ao longo da investigação pelos cientistas vinculados ao programa de formação em ecologia quantitativa do Instituto Serrapilheira e que apoiaram a análise de dados desta reportagem, essa região histórica, que deveria ter infraestrutura consolidada, ainda carece de arborização urbana adequada. Os dados apontam que apenas 14,62% do Centro tem cobertura arbórea.
Em muitas ruas, observamos árvores mortas ou cortadas até o toco, expostas como vestígios de um verde que não resistiu. Árvores tombadas durante temporais na cidade destruíram calçadas, causaram prejuízos a comerciantes e transtornos a pedestres e moradores. Em meio ao calor intenso, era visível o esforço coletivo das pessoas para encontrar alguma sombra onde pudessem se proteger do sol.
Mesmo em praças e parques públicos, que em tese deveriam concentrar vegetação e ser espaços para lazer da população, a cobertura arbórea é irregular e insuficiente. Em espaços como a Praça Antônio Bittencourt, conhecida como Praça do Congresso, predominam árvores paisagísticas que fornecem sombra moderada, mas não o suficiente para refrescar o ambiente nas horas mais quentes do dia. Há também árvores de grande porte, como acácias.

Manauaras buscam refúgios para se abrigar do sol em uma das poucas praças arborizadas da cidade, praça do Congresso (Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
Sentada em um dos bancos do local, que é tradicional da cidade desde o começo do século 20, estava a professora Celibete Catarina Dutra, de 57 anos, se refrescando na sombra da praça em uma pausa. “O sol é tão quente e quando a gente para no sinal é naquele sol fervendo. Não tem nenhuma árvore, nenhuma árvore existe nessas vias, nessas calçadas. Não tem”, disse ela. “Eu estava aqui esperando meu marido, só que eu cheguei mais cedo, aí vim para cá [para a praça], para não ficar esperando no sol. Aproveitei essa sombra aqui.”
Celibete revela que o calor lhe causa problemas de pressão alta, por isso evita sair no horário em que o relógio marcava no momento da nossa conversa, às três horas da tarde. Questionada sobre seu desejo enquanto cidadã para a arborização urbana, a professora exigiu o plantio de mais árvores. “O Alfredo Nascimento [ex-prefeito de Manaus] mandou tirar todas as árvores e colocou aquelas palmeiras, que depois com calor e chuva ficaram podres e foram caindo. E ficamos sem árvores de vez”, disse ela relembrando o caso das palmeiras imperiais plantadas na cidade durante a gestão do ex-prefeito, em 2004.
De 120 palmeiras imperiais plantadas na avenida Djalma Batista, 98 apresentaram atrofia e seis morreram, levando à retirada de todas em 2010. Especialistas atribuíram esses problemas à escolha inadequada de espécies não nativas e à falta de manutenção adequada, como irrigação e adubação. As palmeiras imperiais, que são originárias das Antilhas, já foram consideradas “rainhas” do paisagismo urbano em Manaus e foram usadas na rearborização de avenidas como a Djalma Batista, na zona Centro-Sul, Max Teixeira, na zona Norte, e Grande Circular, na zona Leste.
“A gente também está sentindo lá em Iranduba, e percebendo que as árvores já estão sendo quebradas, queimadas. E a gente sente quando aparece o fumacê, que é quando começa o verão mesmo”, disse Celibete.
A cidade que esquenta por dentro

Ilustração: Vitor Maia/Amazônia Real/2025
Esse desaparecimento silencioso de árvores contribui para o agravamento do que os cientistas chamam de ilhas de calor urbanas, regiões onde as temperaturas são significativamente mais elevadas em comparação com áreas rurais vizinhas. Isso ocorre principalmente devido à predominância de materiais como o asfalto em edifícios, que absorvem e liberam calor lentamente ao longo do dia e da noite.
Em Manaus, o calor está aumentando. Em outubro de 2023, a cidade registrou a marca de 39,2°C, temperatura mais alta em 32 anos, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Naquele ano, Manaus e o Amazonas enfrentaram a maior estiagem da história. Em setembro de 2024, a marca dos dias mais quentes do ano se repetiu, com a temperatura alcançando 39ºC. A sensação térmica foi superior a esse valor, chegando a 41°C. A máxima foi registrada pela estação automática do órgão por volta das 15 horas do dia 18 de setembro.
A vegetação urbana, além de embelezar a cidade, atua como barreira térmica natural, regula a umidade do ar, ameniza extremos climáticos e oferece conforto ambiental. Quando essas áreas são suprimidas, o efeito imediato é o aumento das ilhas de calor.
“A ausência de áreas verdes reduz a capacidade de resfriamento natural do ambiente, aumentando a temperatura e diminuindo a umidade relativa do ar. Isso resulta em maior desconforto térmico para a população, especialmente durante ondas de calor, afetando a saúde e o bem-estar dos habitantes”, explica o climatologista Leonardo Vergasta.
Segundo o pesquisador do Laboratório de Modelagem do Sistema Climático Terrestre (LabClim) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), o clima na Amazônia é caracterizado por altas temperaturas e elevada umidade relativa do ar, portanto a vegetação densa contribui para a regulação térmica e manutenção da umidade.
“A perda dessa cobertura vegetal compromete esses equilíbrios, tornando a cidade mais suscetível a extremos e desconforto térmico. Pesquisas indicam que a presença de árvores pode reduzir a temperatura do ar em até 2,5°C, dependendo da densidade da copa e da distribuição das árvores”, ressaltou.
O desmatamento urbano em Manaus interfere diretamente nos padrões de circulação do ar, afetando a ventilação natural e a dispersão de poluentes. Essas percepções não se sustentam apenas na observação empírica. Estudos científicos feitos pelo LabClim confirmam a gravidade da situação climática da capital amazonense. A cidade já enfrenta alterações significativas no balanço de energia e temperatura superficial por conta da expansão urbana e da supressão de vegetação nativa, segundo um estudo do laboratório publicada em 2024 na Revista Brasileira de Meteorologia, que utilizou modelos climáticos para simular os efeitos das mudanças no uso e cobertura da terra em Manaus entre 2009 e 2019.
A diferença de temperatura entre zonas arborizadas e densamente construídas pode ultrapassar 10 °C durante o dia e 7,2 °C à noite, segundo outra pesquisa conduzida por cientistas do LabClim, publicada em 2016 na Revista Geonorte, que analisou a formação de ilhas de calor na cidade por meio de modelagem e dados observacionais. Isso foi especialmente notável em bairros como Cidade Nova, Japiim, São José Operário, Zumbi dos Palmares, Petrópolis, Cachoeirinha e Centro – justamente regiões com menor presença de vegetação. O estudo ainda destaca a contribuição de fatores como impermeabilização do solo, verticalização das construções e queima de biomassa na intensificação das ilhas de calor.
“A presença de cobertura vegetal reduz a temperatura do ar e das superfícies, diminuindo a sensação térmica. Em contrapartida, áreas sem vegetação tendem a ser mais quentes devido à maior absorção de calor por superfícies impermeáveis, aumentando o desconforto térmico da população”, comenta Vergasta.
Em uma projeção de cenários futuros de emissões elevadas, a cidade pode enfrentar anomalias de temperatura superiores a +10 °C e uma redução de até 50% na precipitação em determinadas áreas. Vergasta reforça que diante deste cenário, a vegetação nativa da Amazônia tem vantagem sobre outras espécies exóticas quando o assunto é adaptação climática urbana. São mais adaptadas às condições climáticas locais, são mais eficazes na regulação térmica e na promoção da biodiversidade urbana e são mais resilientes a pragas e doenças locais, tornando-as opções sustentáveis para arborização urbana.
Para o climatologista, mitigar os efeitos do calor extremo em Manaus exige ações integradas que coloquem a infraestrutura verde no centro do planejamento urbano. Uma das ações prioritárias, segundo ele, é a implementação de programas de arborização urbana, focados no plantio de espécies nativas que se adaptem às condições locais e contribuam para a criação de corredores ecológicos.
Outro ponto crítico é a necessidade de rever a lógica de ocupação da cidade, que precisa incorporar no planejamento urbano a infraestrutura verde como eixo central. “Isso inclui a ampliação das áreas permeáveis, a criação de bolsões verdes interligados e a adoção de tecnologias sustentáveis na construção civil”, alertou.
Quando o calor adoece

Praça Desembargador Paulo Jacob, a sombra vem dos prédios (Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
Na Praça Desembargador Paulo Jacob, situada próxima aos prédios do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim) do Centro e à avenida Igarapé de Manaus, a paisagem é ainda mais crítica. A ausência de árvores frondosas que ofereçam conforto térmico como sombra e vento se soma à presença de lixo, mau cheiro e sinais de abandono por parte do poder público.
Morador de um bairro quase sem árvores como é o Coroado, na zona Leste da capital, o vigilante Nédio Souza, de 38 anos, é uma das pessoas especialmente vulneráveis à crise climática, já que trabalha o dia inteiro exposto ao sol. “A gente que está na rua sente a pancada do calor, as árvores ajudam a dar sombra”, diz.
Lidiane Pereira, jardineira de 38 anos, também complementa o relato afirmando que o calor lhe faz sentir falta de ar. “Como foi durante aqueles tempos de seca e fumaça, a gente teve dias mais quentes para trabalhar, foi muito complicado. Eu fiquei com falta de ar muitas vezes”, declarou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as cidades ofereçam pelo menos 12 metros quadrados de área verde por habitante. A Sociedade Brasileira de Arborização Urbana propõe uma meta ainda mais ambiciosa: 15 metros quadrados de área verde por habitante.

Fonte: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (SBAU), Organização Mundial da Saúde (OMS) e IBGE, Censo 2010. (Elaboração e arte: Nathã Lucas/Amazônia Real/2025).
A ausência de vegetação compromete diretamente o conforto térmico e afeta a saúde pública. Segundo o epidemiologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, “o calor extremo é um conceito que toma em conta temperaturas anormalmente altas e ameaçadoras para a saúde humana, as quais podem ser ainda mais ameaçadoras em determinadas áreas geográficas que favorecem temperaturas ainda maiores, as chamadas ilhas de calor”.
O pesquisador alerta que durante episódios extremos de calor, a insolação se torna ainda mais provável, podendo evoluir para casos graves como exaustão, que favorece a ocorrência de outros problemas de saúde, como a desidratação, ataques cardíacos ou derrames cerebrais.
Grupos como idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas são os mais vulneráveis. Os sintomas podem variar de forma sutil até quadros graves, incluindo transpiração intensa, tontura, confusão, convulsão e até infarto ou morte, por exemplo. Embora Manaus ainda não registre dados alarmantes, Jesem ressalta a importância da prevenção. “Não podemos ignorar tragédias como a ocorrida na França em 2003, quando cerca de 19 mil morreram devido ao calor extremo daquele verão”, disse.
Entre as medidas de adaptação ao calor, ele defende uma abordagem intersetorial, com atuação conjunta entre meteorologia, urbanismo e saúde, como a implementação de planos de contingência que permitam o monitoramento de ameaças, com sinais de alerta e padrões de resposta sanitária compatíveis. Para a população, recomenda-se evitar atividades físicas vigorosas, manter-se hidratado, usar roupas leves e claras, buscar áreas sombreadas e ventilar os ambientes.
Políticas de arborização urbana, afirma o pesquisador, têm papel central na mitigação do calor extremo. Segundo ele, o planejamento urbano deve priorizar a infraestrutura verde. “Áreas arborizadas com maior ventilação e qualidade do ar assegurada reduzem os efeitos negativos dos extremos de calor. Ademais, áreas com pouca infraestrutura urbana, como favelas e áreas degradadas, também favorecem esses efeitos negativos”.
Calor e desigualdade: o que dizem os dados?
Bairros com maior densidade populacional, como Novo Aleixo, Cidade de Deus, Compensa, Colônia Terra Nova e Gilberto Mestrinho, concentram maior área total de vegetação, mas, proporcionalmente, esses espaços verdes ocupam uma fração menor do território, segundo dados levantados pelos cientistas Carson Silveira (UFRJ), Luana Costa (UFLA), Weslley Cunha (Ufam) e Théo Arueira (UFRJ).
Ou seja, onde há mais gente, há menos vegetação por metro quadrado. Os cientistas chegaram a essa conclusão a partir da análise da distribuição da cobertura arbórea nos bairros de Manaus e sua relação com variáveis como renda, população e temperatura da superfície. A partir de mapas de vegetação urbana, os pesquisadores do programa de formação em ecologia quantitativa do Instituto Serrapilheira calcularam a porcentagem e a área total de cobertura arbórea por bairro.

Figura 1. Bairros mais populosos de Manaus concentram áreas verdes maiores em números absolutos, mas proporcionalmente oferecem menos vegetação por habitante — um reflexo da desigualdade ambiental na cidade. Fonte: Guo (2021).
Com imagens de satélite Landsat entre os anos de 2018 e 2020, os cientistas calcularam a temperatura média da superfície terrestre na cidade. A renda média apresentou pouca correlação com as variáveis ambientais, mas os dados indicam uma tendência de que bairros com maior renda registram temperaturas mais altas e população menor, o que se confirma também no cruzamento com o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), disponibilizado pelo Atlas Brasil (PNUD), com valores referentes às diferentes regiões da cidade, que é a menor escala disponível para esse indicador.
Bairros ricos como Adrianópolis, Parque 10 de Novembro, Vieiralves, Aleixo e Nossa Senhora das Graças, onde a renda média mensal dos habitantes é de R$ 3 mil a R$ 4 mil, também são vulneráveis ao calor, superando os 36 graus de temperatura média. Embora tenham mais meios para mitigá-lo com infraestrutura, como o uso de ar-condicionado.

Figura 2. Distribuição espacial da temperatura superficial média nos bairros de Manaus. Fonte: Satélite Landsat 8.
Segundo o levantamento feito a partir da porcentagem de números de árvores por bairro, os bairros com maior quantidade estimada de árvores são São Jorge (45,57%), Chapada (40,31%) e Santa Etelvina (32,99%). Estes três bairros somam uma cobertura arbórea significativamente superior à maioria da cidade embora isso não signifique, necessariamente, que toda a população desses bairros tenha acesso igual ao verde urbano.
Já os bairros com menor quantidade de árvores são Vila Buriti (6,66%), na zona Sul, Tarumã (8,63%), na zona Oeste, e Coroado (8,13%), na zona Leste.
De forma geral, a distribuição da vegetação e do calor na cidade não está fortemente ligada a indicadores socioeconômicos, segundo os pesquisadores. Isso sugere que fatores como uso do solo e planejamento urbano podem ter maior influência sobre a arborização e o microclima local.
Alguns bairros periféricos como Tarumã-Açu, Puraquequara, Distrito Industrial II, Lago Azul e Colônia Antônio Aleixo, embora oficialmente classificados como urbanos, foram sub-representados no mapeamento devido ao baixo grau de impermeabilização do solo. Nessas áreas, a vegetação nativa ainda resiste, o que reforça uma realidade observada em diversas cidades da Amazônia.
Diferente de cidades do Sudeste brasileiro ou do Norte global, onde bairros ricos concentram mais áreas verdes e os pobres são privados desse direito, em Manaus as populações de baixa renda muitas vezes vivem próximas a fragmentos florestais e corpos de água, como os igarapés, pois foram empurradas para a borda da urbanização onde ainda há vestígios de mata.

Fonte: Dados de mapeamento de cobertura arbórea de Guo et al. (2021). (Elaboração e arte: Nathã Lucas/Amazônia Real/2025).
Como ressalta um dos pesquisadores, o biólogo Weslley Cunha, pesquisador da Ufam, há ainda um uso informal desses fragmentos verdes por populações vulneráveis. “Já visualizei pontos de caça dentro do fragmento [de floresta] da Ufam, uma barraca onde alguém morava no Parque Estadual Sumaúma, e a invasão de uma pessoa entorpecida, em clara situação vulnerável no Refúgio Sauim Castanheiras”, relata. Segundo ele, essas áreas funcionam tanto como abrigo quanto como espaço de recreação ou sobrevivência, o que amplia a complexidade da relação entre desigualdade e conservação urbana.
Orçamento e programas tímidos
Na Praça Heliodoro Balbi, conhecida popularmente como Praça da Polícia e outro ponto tradicional, localizada na confluência das avenidas Floriano Peixoto e Getúlio Vargas, grandes árvores como um Mulateiro centenário ainda resistem, oferecendo sombra em alguns pontos. No entanto, a falta de manutenção é evidente. O famoso Mulateiro, por exemplo, há anos apresenta secura em alguns dos galhos, raízes expostas em nível alto apresentam podridão e por todo o tronco há sinais de cupins.

Leidiane Cordeiro e sua filha de 09 anos na praça (Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
Leidiane Cordeiro, 42 anos, mora no bairro do Tarumã, na zona Oeste de Manaus. “No bairro onde moro, ainda vejo bastante arborização, o clima é mais agradável. Mas quando venho ao Centro ou a bairros antigos, com muitos prédios, a vegetação é quase nula”, conta.
Leidiane buscava um lugar com sombra e ventilação para descansar com a filha de 9 anos. Segundo ela, a sensação térmica em Manaus está cada vez mais insuportável. “O calor está assoberbado. A gente sai daqui e já sente o sufoco em outras áreas. A cidade está quente demais. E os especialistas dizem que vai piorar. Vai ter mais seca, mais fumaça. A gente sente tudo isso agora. Imagina as gerações futuras?”, questiona.
Para ela, as árvores que restam em áreas centrais são meramente paisagísticas, plantadas sem planejamento ecológico. “A gente sabe que a árvore é nosso pulmão. Ela transpira, faz fotossíntese. Mas, por onde ando, vejo árvores cortadas, destruídas para dar lugar à construção”, relata.
Em fevereiro deste ano, a Amazônia Real solicitou, via Lei de Acesso à Informação (LAI), detalhes sobre os investimentos da Prefeitura de Manaus na arborização urbana e na implantação e manutenção de praças e parques entre 2010 e 2025.
Segundo a resposta oficial enviada em 21 de março pelo diretor de Administração e Finanças da Semmasclima, Itamar de Oliveira Mar, não há rubrica orçamentária específica para arborização urbana ou paisagismo em praças e parques. Os recursos, de acordo com a secretaria, são aplicados “conforme as necessidades do órgão”, sem a previsão de valores fixos para essas finalidades.
Em relação aos projetos específicos para ampliar a cobertura arbórea, a Secretaria afirmou adotar o mesmo procedimento descrito anteriormente, ou seja, não existem valores discriminados ou programas com orçamento próprio. A listagem de contratos firmados para serviços de poda, manutenção e paisagismo foi fornecida em anexo, mas os dados sobre cortes orçamentários também não foram detalhados. A Semmasclima afirmou que eventuais reduções seguem diretrizes gerais da prefeitura, determinadas pela Secretaria Municipal de Finanças (SEMEF).

Intervenção natural, tocos de árvores são feitos de lixeira, sem nenhuma perspectiva de plantio de novas árvores no lugar das que já se foram por falta de manutenção ( Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
Quando questionada sobre planos estratégicos para conter a perda de cobertura vegetal e enfrentar o aumento das temperaturas, a secretaria declarou que as ações integram seu planejamento anual, que “sempre priorizou a arborização”, sem, no entanto, detalhar metas, prazos, indicadores ou resultados efetivos.
Entre 2010 e 2025, o investimento total em “Implementação de Paisagismo e Arborização Urbana” somou cerca de R$ 25 milhões em valores nominais, segundo os documentos enviados pela Semmasclima e analisados pela reportagem. Corrigido pela inflação, esse montante equivale a aproximadamente R$ 60,2 milhões em valores de 2025. Os investimentos, no entanto, oscilaram bastante ao longo dos anos. Em 2017, por exemplo, foram aplicados apenas R$ 4 mil — valor que, atualizado para 2025, representa cerca de R$ 6 mil. Já em 2021, os repasses ultrapassaram os R$ 2 milhões, o que corresponderia hoje a aproximadamente R$ 3,8 milhões.
Em 2023 e 2024, cerca de R$ 19 milhões foram destinados à arborização urbana e implementação de paisagismo. No entanto, a Semmasclima não esclareceu se os valores destinados foram completamente usados nessas ações.

Fonte: Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudanças do Clima (Semmasclima), via Lei de Acesso à Informação (2025). (Elaboração e arte: Nathã Lucas/Amazônia Real/2025).
Em 2023, cerca de 53 árvores de oito espécies, entre Ipê-Rosa e Palmeira-Imperial, foram cortadas para a construção de uma passarela e alargamento da Avenida Efigênio Sales, na zona Centro-Sul de Manaus. O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) autorizou à Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) a retirada das árvores, que ficavam nas imediações do corredor ecológico Portal Asa Branca, uma Zona de Controle Especial (ZCE) construída para proteger de atropelamentos a espécie periquito-de-asa-branca.
Um dia após a derrubada dessas árvores, a Prefeitura lançou o Programa de Arborização e Conservação Florestal, o Manaus Verde. Na época, foi anunciada a meta de plantar 20 mil mudas na capital amazonense e investir cerca de meio bilhão de reais na limpeza dos igarapés poluídos da cidade. O prefeito David Almeida também oficializou a criação da Comissão Municipal de Mudanças Climáticas, encarregada de conduzir a elaboração do Plano de Ações Climáticas de Manaus, o que nunca foi cumprido. Ele próprio presidiria a comissão, composta por representantes de 15 unidades da administração municipal.
Desde 2023, a Semmas constrói uma nova sede do órgão dentro do parque municipal Ponte dos Bilhares, um parque urbano localizado às margens do igarapé do Mindu, entre as avenidas Constantino Nery e Djalma Batista. A obra gerou alarde público dos moradores e frequentadores do local, que temem a derrubada de mais árvores até a finalização do prédio. Para a construção da nova sede da Semmas, foi necessário o remanejo de árvores. Elas foram retiradas de um local, para serem colocadas em outros, tudo dentro do próprio parque, o que, segundo a Prefeitura, não gerou perda de vegetação.
Em abril deste ano, a Prefeitura de Manaus anunciou a aquisição de novos equipamentos para acelerar o processo de plantio de mudas, por meio de uma modernização que inclui perfurador de solo, cortador de concreto e asfalto, e martelete, “ferramentas que vão permitir maior agilidade e eficiência no preparo do solo, mesmo em áreas com camadas endurecidas por asfalto e concreto, como foi o caso da avenida Constantino Nery, onde foram superados mais de 40 centímetros de obstáculos para o plantio de centenas de mudas”, divulgou.
Biodiversidade encurralada

Intervenção natural, árvore com arame farpado (Foto: Juliana Pesqueira/ Amazônia Real/2025).
O sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) tem um padrão de coloração marcante composta por uma faixa branca de pelos que se estende do peito até o pescoço, formando a “coleira” que inspira seu nome popular.
Esse pequeno sagui vive em grupos de 2 a 13 indivíduos, alimentando-se de frutas, flores, néctar, insetos e, ocasionalmente, ovos de aves. À noite, costumam se aninhar na base de folhas de grandes palmeiras, um abrigo natural para cuidar de seus filhotes, que geralmente nascem aos pares, após uma gestação de pouco mais de cinco meses.
O sauim vive hoje em uma área reduzida a apenas 7,5 mil km² nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. A redução de seu habitat natural, impactado pela expansão urbana de Manaus, fez com que a população de sauins fosse diminuída em 80% desde 1997. Hoje ele é considerado um dos mamíferos mais ameaçados do bioma amazônico é classificado como criticamente ameaçado na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Também foi incluído na lista dos 25 primatas mais ameaçados, que é elaborada por mais de 100 cientistas e conservacionistas desde 2000. É só um exemplo que a crise da arborização também ameaça a fauna endémica da região.
O sauim é uma espécie exclusivamente florestal, que apesar de suportar sobreviver em florestas perturbadas, precisa de floresta. “Não adianta você ter uma vegetação totalmente introduzida com poucas espécies ou não ter vegetação adequada para essa espécie”, diz o biólogo Marcelo Gordo, professor da Ufam e coordenador do Projeto Sauim-de-Coleira, que monitora a espécie há décadas.
Segundo ele, os sauins vivem em grupos e possuem dois tipos principais de deslocamento: os movimentos diários dentro do seu território em busca de alimento e abrigo, e os movimentos de dispersão, quando indivíduos deixam seus grupos em busca de novos territórios.
“Quando eles estão perto das residências, onde tem quintais, jardins, eventualmente eles vão até essa vegetação dos quintais para buscar alimento. Às vezes eles vão ali pegar uma manga, comer bananas que a pessoa plantou e outras frutas que podem ter vindo dos quintais”.
Com o avanço urbano e a fragmentação dos remanescentes florestais, os deslocamentos se tornam arriscados. Os macacos atravessam trechos da cidade como as avenidas e as ruas, seguindo quintais ou Áreas de Proteção Permanente (APPs) com vegetação, mesmo que pouca, para tentar fazer essas travessias. Dessa forma, a espécie é vulnerável a agressões, atropelamentos, eletrocussão e ataques de cães domésticos.
A arborização urbana poderia funcionar como uma ponte verde para esses animais. “Quando a gente tem uma boa vegetação nas ruas, avenidas, parques, praças, quintais…esses lugares passam a ser pontos de conexão. Se você não tem conexão contínua, pelo menos você tem uma conexão parcial. São pontos de trampolim, vamos dizer assim”, segundo Gordo, Ele defende o planejamento urbano com foco ecológico que forneça espécies frutíferas e floríferas nos espaços públicos não só para o sauim, mas para outros animais, como morcegos, aves e cutias.
Apesar da adaptação parcial ao ambiente urbano, o biólogo alerta para as perdas invisíveis. “A gente vai perdendo animais, vai perdendo grupos. Se antes eu tinha pedaços de floresta de 100 hectares e hoje virou 10, tenho certeza que perdemos vários grupos”, alertou.
Estima-se que restem cerca de mil indivíduos de sauins na zona urbana de Manaus. Em junho de 2024, um Refúgio de Vida Silvestre (Revis) foi criado para preservar o habitat do sauim-de-coleira, no município de Itacoatiara, com uma área de cerca de 15 mil hectares. Essa categoria de unidade de conservação (Revis) não impõe restrições ao domínio privado dentro de seus limites, conforme as regras do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC).
Gordo propõe mudanças urgentes na legislação urbana, com regras mais rígidas para conservação de áreas verdes e transformação de fragmentos florestais em parques para evitar que as temperaturas da cidade sigam aumentando.”Estamos transformando Manaus em um forno. Se a gente tivesse mais bosques nativos, a gente teria um microclima mais agradável. Mas isso exige planejamento e vontade política”, manifestou.
Entre ruas secas e praças abandonadas, ficou evidente que a falta de verde não é só ambiental, mas também social, histórica e planejada. Se continuar ignorando suas raízes, Manaus pode deixar de ser a cidade da floresta, para se tornar apenas concreto sob um céu esfumaçado.
A publicação desta reportagem especial foi apoiada pela Amazônia Real no âmbito do projeto colaborativo entre jornalistas e cientistas latino-americanos, liderado pelo Instituto Serrapilheira do Brasil e pelo Centro Latino-Americano de Jornalismo Investigativo (CLIP), para explorar como os danos à biodiversidade da Amazônia interrompem os vários serviços ambientais que ela fornece ao continente.
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