Com a consultoria da fundadoras da agência Amazônia Real publicação ecoa vozes amazônicas por resistência. São 32 artigos de 58 autores (Foto do lançamento na Casa Balaio, em Belém/Nailana Thiely)
Belém (PA) – Questões fundiárias, financeirização da floresta, projetos desenvolvimentistas e megaempreendimentos, garimpos ilegais, crimes ambientais, desestruturação de comunidades, degradação de florestas e de cidades. São diversos os olhares que se debruçam sobre a região amazônica neste século 21 e às vésperas de uma controversa COP-30 no Atlas da Amazônia Brasileira, publicação que reúne artigos de vozes científicas e de saberes tradicionais da região, lançado na Casa Balaio, em Belém, na última quarta-feira (23).
Com conselho editorial formado pelas jornalistas Kátia Brasil e Elaíze Farias, fundadoras da agência Amazônia Real, a ambientalista Ângela Mendes, o geógrafo Aiala Colares Couto, o antropólogo João Paulo Barreto e a pesquisadora Marcela Vecchione-Gonçalves, entre outros, a publicação é uma iniciativa da Fundação Heinrich Böll, da Alemanha. O Atlas da Amazônia Brasileira “se propõe a apresentar fatos, dados e saberes da maior floresta tropical do mundo”, como informa na capa da publicação e propõe uma reflexão sobre a diversidade de conhecimento que existe na região.
O evento de lançamento contou com a presença de acadêmicos, ativistas, gestores públicos e parlamentares. Duas mesas de diálogos reuniram autores do Atlas, membros do Conselho Editorial e convidados para discutir o protagonismo amazônida na crise climática e as perspectivas para a COP 30 – a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas no Brasil, que ocorre em novembro na capital paraense. A intenção é que o documento seja traduzido para outras línguas como inglês e espanhol, com foco na COP 30.
O evento de lançamento do Atlas da Amazônia Brasileira, na Casa Balaio, em Belém, teve duas mesas de diálogos sobre a Amazônia. A professora Marcela Vecchione-Gonçalves, PhD em Relações Internacionais, pesquisadora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Grupo de Pesquisa ReExisTerra, disse que o Atlas tem como diferencial propor o debate coletivo sobre as complexidades da região de maneira territorializada. O documento, segundo ela, ressalta a principal característica da região: a diversidade estrutural.
Doutoranda em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UNB), mestra em Ciências Biológicas, a bióloga, agricultora e ativista pelos direitos indígenas Raquel Tupinambá defendeu o conhecimento ancestral atemporal, fundado na oralidade, como uma forma alternativa de sobrevivência na floresta. “Os povos são a floresta. A solução somos nós, pela visão de mundo dos povos originários”, afirmou.
Segundo Marcelo Montenegro, coordenador da área de justiça socioambiental da fundação Heinrich Böll, a construção coletiva amazônica do atlas é o diferencial mais profundo dessa iniciativa. “São 32 artigos de 58 autores. Essa proposta vem num momento em que a Amazônia, que muitos dizem ser a última fronteira ambiental, está sendo ameaçada em um nível sem precedentes”.
“É uma obra de resistências, no plural”, afirmou à Amazônia Real o pesquisador Aiala Colares Couto, da UFPA/NAEA. “Até porque, com a COP-30 na porta, esse documento é um chamamento à resistência mesmo, para despertar esse olhar regional amazônico para o mundo”.
Uma das organizadoras do Atlas, a jornalista e pesquisadora Julia Dolce destacou que o documento pretende colaborar para a compreensão das complexidades da região amazônica e fazer ecoar as vozes da luta por direitos territoriais de povos e comunidades tradicionais diante de conflitos e ameaças.
A diretora da Fundação Heinrich Böll no Brasil, Regine Schönenberg salientou no evento que os 32 artigos propõem perspectivas importantes”, disse Regine. “Nós formamos um conselho editorial com cientistas, indígenas, quilombolas, diferentes pessoas que se uniram para discutir o que é conhecimento e quem define o conceito de conhecimento.”
Entre os autores da publicação estão: Altaci Kokama; Ana Poxo Munduruku; Marcia Mura; João Paulo Barreto; Philip Fearnside; Lucas Ferrante; Francy Junior; Jansen Zuanon; Jesem Orellana e o Movimento da Juventude Indígena de Rondônia. O Atlas da Amazônia Brasileira pode ser acessado, gratuitamente, pelo site da Fundação Heinrich Böll, nos formatos impresso e digital. O link está disponível neste endereço eletrônico.
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