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Luz infravermelha é usada para reconhecer espécies no AM

Luz infravermelha é usada para reconhecer espécies no AM

Pesquisadora Kelly Torralvo realizando a captura de uma cobra popularmente chamada de suaçuboia (Corallus hortulana), para posterior análise com o NIR. Foto: Miguel Monteiro/Instituto Mamirauá

Imagine um caixa de supermercado, onde um aparelho eletrônico escaneia cada item, identificando-o. Esse aparelho emite um feixe de ondas eletromagnéticas e mede a absorção e a reflectância da luz no objeto em questão, características que são únicas para cada item. Agora, imagine se algo semelhante pudesse ser utilizado para identificar espécies de animais silvestres?

Esse é justamente o tema da pesquisa de Kelly Torralvo, pesquisadora titular do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá. Com o auxílio de um dispositivo que utiliza esta tecnologia de espectroscopia de infravermelho próximo (NIR, na sigla em inglês), é possível “escanear” e identificar cada espécie aproximando-a do sensor que detecta sua “assinatura espectral” – uma espécie de impressão digital.

Contudo, para poder identificar um animal com este método é necessário antes ter um banco de referência que foi alimentado com os dados referentes a cada espécie.

Levantamento da diversidade de espécies de sapos na Reserva Mamirauá, muitas das quais são analisadas para compor o banco de referência. Foto: Miguel Monteiro/Instituto Mamirauá

Para isso, é preciso realizar a leitura dessa assinatura espectral em exemplares da maior quantidade de espécies possível. Para estudos sobre espécies depositadas em coleções biológicas, pode-se utilizar animais em museus e instituições de pesquisa. Porém, para trabalhar com animais vivos em campo, é preciso ter um banco de referência que contenha dados que foram coletados dos animais ainda vivos.

Tendo trabalhado principalmente com répteis e anfíbios ao longo de sua carreira, Kelly tem concentrado seus esforços em coletar dados com o NIR destas espécies. A busca ativa no final da tarde e ao anoitecer é o principal método para encontrar os animais, que são levados de volta ao laboratório para serem escaneados pelo aparelho.

Sobre a aplicabilidade desta pesquisa, Kelly comenta: “a ferramenta NIR representa um avanço em atividades práticas, alinhando o conhecimento de especialistas da às tecnologias disponíveis. Ao auxiliar no reconhecimento das espécies, esse método pode facilitar processos em inúmeras atividades de estudos acadêmicos, ações de monitoramento e/ou fiscalização e ações de manejo e conservação em situações e lugares onde o especialista não está presente para realizar o reconhecimento. É uma ferramenta que poderá ter um impacto em incontáveis esferas de atuação”.

Kelly Torralvo e Igor Yuri, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e parceiro do projeto, realizam a leitura da assinatura espectral da cobra capturada no laboratório flutuante do Instituto Mamirauá. Foto: Miguel Monteiro/Instituto Mamirauá

Em uma outra abordagem deste método, estão sendo desenvolvidos modelos para identificar carne de caça de animais silvestres utilizando o NIR. Por exemplo, é possível que a carne de um animal ameaçado de extinção seja misturada à carne de um outro animal para dificultar sua identificação. Ao realizar a leitura de amostras de carne de caça frescas, salgadas e congeladas – as principais condições em que são encontradas – é possível reconhecer a espécie que foi abatida, tornando o NIR uma ferramenta potencialmente útil para o monitoramento do comércio indevido.

Considerando somente a diversidade biológica encontrada na Amazônia, ainda há muito trabalho pela frente para ter um banco de referência representativo das assinaturas espectrais de tantas espécies. Mesmo assim, Kelly está confiante de que os esforços valem à pena.

“O método é muito promissor, tanto pelo preço relativamente baixo do equipamento quanto por ser portátil. Muitas espécies são praticamente idênticas, necessitando do olhar de um especialista para identificá-las – algo que, muitas vezes, não é possível em situações de fiscalização e monitoramento da biodiversidade. O aprimoramento do NIR para essa finalidade será um importante passo em direção a tomadas de decisão mais eficientes e confiáveis”, complementa.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Instituto Mamirauá, escrito por Miguel Monteiro

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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