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Fitoterapia brasileira perde a botânica e farmacêutica Terezinha Rêgo

Fitoterapia brasileira perde a botânica e farmacêutica Terezinha Rêgo

A pesquisadora Terezinha Rêgo. natural de São Luís (MA), foi professora de excelência em pesquisa de extensão do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutora em Botânica pela Universidade de São Paulo (USP). Alcançou cargos nobres como membra fundadora da Academia Maranhense de Ciências, onde ocupava a Cadeira n° 14, além de coordenar o Polo de Biotecnologia do Maranhão.

A botânica fundou também o projeto de extensão em Fitoterapia no Herbário Ático Seabra, onde estão catalogadas quase 11 mil espécies que caracterizam a flora do Maranhão, Estado que compõe a Amazônia Legal.

Foto: Reprodução/Governo do Maranhão

Causas sociais

Desde os 8 anos de idade a botânica tinha contato direto com as ervas medicinais, muito por conta de seu avô. Após anos de estudos,  Terezinha buscava colocar em prática tudo o que era ensinado a ela em favor de comunidades periféricas.

Surgiram então projetos de fitoterapia em comunidades carentes, como as hortas medicinais que beneficiaram centenas de famílias carentes no Maranhão, e ainda apoio ao programa estadual Farmácia Viva.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a Farmácia Viva consiste em todas as etapas da produção de medicamentos a partir de produtos naturais, desde o cultivo, a coleta, o processamento, o armazenamento de plantas medicinais, a manipulação e a dispensação de preparações magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos.

Plantas de Manaus em território internacional: revolta na Botânica

Com tamanha dedicação ao estudo das plantas e suas propriedade, Terezinha viveu um episódio em que afirma ter se sentido revoltada. E ele envolvia a Amazônia.

Em uma de suas entrevistas para a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), ela relatou com indignação o caso. Em uma de suas viagens internacionais, descobriu que um casal teria dezenas de plantas brasileiras em sua residência – ilegalmente.

“Quando eu cheguei em Córdoba, eu me assustei. Fui procurada por um casal de espanhóis que moram em Barcelona, foram me buscar, passaram doze anos aqui no Brasil, na Amazônia, em Manaus. Foram me buscar para olhar o laboratório deles, eles tinham já 105 espécies de plantas nossas. Tinha um órgão que era o defensor dos nossos produtos naturais que se chamava Central de Medicamentos, acabaram com a central que era a único órgão deste pais que fiscalizava a saída de nossas plantas. Agora pergunte, pagaram alguma coisa para poder essas plantas irem para lá? Não pagaram absolutamente nada. E esses que levam as nossas plantas para lá? Eles são ao menos autuados? Não são autuados. É uma tristeza, viu. A gente sente uma revolta muito grande”, desabafou a pesquisadora.

Confira a entrevista completa AQUI.

Reconhecimento no exterior

Referência mundial em fitoterapia, a botânica foi reconhecida internacionalmente por seu trabalho em países como Holanda, Portugal, Itália, Londres e outros países que se beneficiaram com as suas pesquisas.

Terezinha recebeu uma homenagem pelos chineses, por meio de um certificado que foi entregue pelo Conselho Superior de Cultura da Câmara de Comércio Brasil-China, pelas pesquisas e descobertas que auxiliaram no tratamento da pneumonia asiática (SARS), em 2003, no período do surto da doença.

A professora de farmácia tinha mais de 48 produtos criados, além de livros e artigos com o tema de medicamentos naturais. Por isso, também era uma voz ativa na preservação e sustentabilidade da Amazônia.

Rêgo estava hospitalizada em estado grave após uma queda, e na última sexta-feira (3), morreu, deixando um legado de mais de 50 anos de trabalho em prol a fitoterapia no Brasil.

Autoridades como Governador do Estado do Maranhão, Carlos Brandão; o prefeito de São Luís, Eduardo Braide; vereadores e órgãos como o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a Associação Brasileira de Fitoterapia (ABFIT) e a UFMA, lamentaram a perda da pesquisadora.

Leia a nota de pesar da UFMA

É com profundo pesar que a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) comunica o falecimento de Terezinha de Jesus Almeida Silva Rêgo, aos 91 anos.

Farmacêutica por formação e professora do Departamento de Farmácia da UFMA, Terezinha Rêgo era apaixonada pela flora medicinal desde a infância. Dedicou mais de cinco décadas de sua vida ao estudo e à valorização das plantas medicinais como ferramentas para a promoção da saúde e do bem-estar.

Um Legado Inspirador

Natural de São Luís, Maranhão, Terezinha Rêgo foi professora titular do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) desde 1977, onde também foi assessora da instituição. Era doutora em Botânica pela Universidade de São Paulo (USP); membra fundadora da Academia Maranhense de Ciências, onde ocupava a Cadeira n° 14; coordenou o Polo de Biotecnologia do Maranhão – MAR-BIO; fundou também o projeto de extensão em Fitoterapia no Herbário Ático Seabra, onde estão catalogadas quase 11 mil espécies que caracterizam a flora do Estado do Maranhão.

Foi eleita, em Cuba, representante de Etnobotânica junto à América Latina, de 1990 a 1994, e representou o Maranhão na Sociedade Botânica do Brasil. Além disso, coordenou projetos de fitoterapia em comunidades carentes do Maranhão por meio do programa estadual Farmácia Viva.

Terezinha dedicou sua vida à Pesquisa Científica, no estudo da Fitoterapia, Hortas Medicinais, Medicina Popular, Pré-Amazônica, Etnobotânica e Espécies Medicinais. Foi uma das pioneiras na pesquisa de plantas com potencial terapêutico no país, e suas pesquisas com ervas medicinais foram responsáveis, por exemplo, pela produção de três medicamentos que combatem a pneumonia asiática na China.

Durante sua vida, recebeu várias premiações e homenagens por suas descobertas científicas. Em 2000, foi agraciada com as Palmas Universitárias concedidas pela Universidade Federal do Maranhão. Recebeu menção honrosa por ser uma das dez finalistas do Prêmio Darcy Ribeiro, um dos mais importantes prêmios da educação brasileira, por seu trabalho em prol da saúde da população e da formação de novos farmacêuticos, em 2018. Recebeu o título de Acadêmica Emérita da Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil, uma honraria concedida a personalidades que se destacaram por suas contribuições à área da Farmácia.

Em uma sessão especial do Senado Federal, em 2019, Terezinha também foi reconhecida por seus 55 anos de dedicação à flora medicinal, além de ter recebido o Prêmio Fapema no mesmo ano.

Entre tantas outras premiações, com base em seus estudos, a pesquisadora contribuiu para que a UFMA alcançasse destaque no cenário internacional.

A Universidade se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor e consternação.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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