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Fim da USAID compromete ao menos R$ 84 milhões em projetos ambientais no Brasil

Fim da USAID compromete ao menos R$ 84 milhões em projetos ambientais no Brasil

O fim da agência de ajuda internacional do governo dos Estados Unidos, anunciada no início de fevereiro por Donald Trump, não trará impactos somente na ajuda humanitária global, mas também ao .

Levantamento realizado por ((o))eco em plataforma oficial do governo americano mostra que, em 2024, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) destinou 14,7 milhões de dólares a projetos ambientais no , ou R$ 84 milhões, na cotação atual.

Segundo informações do ForeignAssistance.gov, principal site do governo dos EUA para tornar dados de assistência externa disponíveis ao público, até dia 19 de dezembro de 2024, a USAID havia destinado ao Brasil R$ 141,6  milhões (24,7 milhões de dólares), em 43 projetos. 

A cifra coloca o Brasil na 13ª posição no ranking regional de nações que mais receberam recursos da agência americana de ajuda internacional em 2024. A primeira posição ficou com o Haiti, destino de 420 milhões de dólares.

Meio ambiente no topo da lista

Na lista dos 10 maiores recursos enviados, seis são projetos diretamente ligados ao meio ambiente, como o “Tapajós para a Vida”, cujo valor para ações de conservação e uso sustentável das áreas protegidas na Bacia do Rio Tapajós, na Amazônia brasileira, foi de R$ 23 milhões (USD 4 milhões).

Também está na lista a parceria EUA-Brasil para combate a incêndios florestais. Segundo o site do governo americano, o programa recebeu R$ 19 milhões em 2024 (USD 3,3 milhões), para o treinamento de brigadistas e capacitação técnica de profissionais que atuam na linha de frente do combate a incêndios.

O Programa de Manejo do Fogo e Prevenção de Incêndios, executado desde 2021 pelo Ibama, em parceria com o Serviço Florestal Americano (USFS, na sigla em inglês), promoveu ao menos 51 cursos e treinamentos entre 2021 e 2023, formando mais de 3 mil pessoas, principalmente indígenas, que passaram a atuar como brigadistas em seus territórios. O programa também previa o intercâmbio de experiências e a realização de estudos técnicos.

Em nota enviada a ((o))eco, o Ibama disse que a paralisação das atividades da USAID “não impacta diretamente o enfrentamento dos incêndios florestais no Brasil, uma vez que a prevenção e o combate em território nacional são financiados pelo orçamento da União, abrangendo salários de brigadistas, aquisição de equipamentos, contratação de aeronaves, entre outras despesas”. 

O órgão salientou, no entanto, que a interrupção dessas atividades podem trazer consequências para as partes cooperantes, “uma vez que a mudança do clima gera impacto a todos os países, como os incêndios florestais, para os quais todos precisam estar melhor preparados”.

Rio Tapajós. Foto

Além das ações de preservação na Bacia do Tapajós e de combate ao fogo, receberam financiamento da USAID em 2024 (como descritos no site ForeignAssistance.gov) :

  • Projeto de Gestão Territorial Indígena Integrada – atividade co-desenhada com o escritório de meio ambiente da USAID/Brasil que visa fortalecer a capacidade de gestão de dez organizações indígenas nos estados de Roraima e Amazonas. Valor do projeto – R$ 15 milhões (USD 2,6 milhões);
  • Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas do Amazonas Oriental: Atividade de Conservação, Proteção e Restauração – atividades de apoio à proteção, manejo sustentável, conservação da e restauração de recursos naturais em Terras Indígenas da Amazônia. Valor do projeto – R$ 11 milhões (USD 1,9 milhão).
  • O Assobio – Chamada para a atividade de socio-biodiversidade, com fomento a arranjos público-privados que atraiam financiamento climático para o Bioma Amazônico no Estado de Mato Grosso. Valor do projeto – R$ 8,2 milhões (USD 1,4 milhão)
  • Biodiversidade – Projeto de combate à exploração ilegal dos recursos naturais e o controle de espécies invasoras. Valor do projeto R$ 7,7 milhões (USD 1,3 milhão).
  • Recursos naturais e biodiversidade – Projeto de combate à exploração ilegal e corrupta dos recursos naturais e o controle de espécies invasoras. Os programas deste elemento devem ser integrados à Área de Agricultura no âmbito do Crescimento Econômico e à Área de Mitigação de Conflitos e Reconciliação no âmbito do Objetivo de Paz e Segurança, quando aplicável e apropriado. Valor do projeto: R$ 64,8 mil (USD 11,3 mil).

Além das atividades ligadas diretamente à rubrica ambiental da USAID, a agência também destinou outros recursos com ligação direta ou indireta à crise ambiental e climática no Brasil. 

Segundo a ForeignAssistance, outros R$ 30,3 milhões (USD 5,3 milhões) foram destinados ao Brasil como “Resposta a Emergências”, incluindo ajuda humanitária às cidades mais atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, no início de 2024.

De 2020 a 2024, a USAID destinou ao Brasil R$ 880 milhões (USD 153,83 milhões), no total, sendo R$ 294,7 milhões (USD 51,52 milhões) apenas para projetos de proteção ambiental. 

Impactos ao redor do globo

O possível fim da USAID não vai impactar apenas programas ambientais no Brasil. A agência americana também ajudou a estabelecer o Parque Nacional Song Thanh, no Vietnã, restaurou recifes de corais nas ilhas Seychelles, financiou a criação de áreas marinhas protegidas em Papua Nova Guiné e foi fundamental na criação do sistema de parques nacionais do Gabão e no estabelecimento de um programa de conservação de tigres em Bangladesh.

A USAID também forneceu apoio para a restauração da vida selvagem e do habitat no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, depois que uma guerra civil de 16 anos exterminou quase todos os grandes mamíferos do país.

Segundo o ForeingAssistance.gov, em 2024, a USAID destinou R$ 3,7 bilhões (USD 648 milhões) para 310 ações ou programas de proteção ambiental em 62 países.

Até o congelamento das atividades da USAID, determinada por Donald Trump no início de fevereiro por alegadas – e não comprovadas – fraudes, a agência administrava um orçamento de cerca de USD 30 bilhões, destinados à ajuda humanitária e à assistência ao desenvolvimento em cerca de 120 países. 

O encerramento da USAID, e a proposta de Trump de fundir a agência com a Secretaria de Estado, ainda deve passar pelo Congresso Americano. Os recursos, no entanto, estão congelados desde o dia 4 de fevereiro.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site O Eco e são de total responsabilidade do autor.
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