Floresta no Acre. Foto: Marcos Vicentti/Secom-AC
A construção de soluções climáticas eficazes e duradouras exige, mais do que nunca, a integração ativa da sociedade civil nos grandes fóruns internacionais. Essa é a principal conclusão do relatório Promovendo o Engajamento Inclusivo da Sociedade Civil na COP30 e Além, a partir de entrevistas com lideranças de seis das últimas oito COPs do Clima, além de representantes de atores estatais e organizações da sociedade civil.
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Elaborado pelo WWF e o Boston Consulting Group (BCG), o estudo também se baseia na análise de mais de 30 fontes públicas e nas diretrizes da UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima.
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O trabalho reúne e sistematiza as melhores práticas para assegurar que a participação da sociedade civil seja de fato significativa, contribuindo de forma concreta para a governança climática global, destacando que o sucesso da COP vai além dos acordos entre governos.
Para que a conferência seja realmente transformadora, é essencial que ela promova inclusão, transparência e uma atuação climática contínua, construída em diálogo com organizações da sociedade civil, povos indígenas, comunidades tradicionais, juventudes, movimentos sociais e demais grupos historicamente pouco representados.
Para isso, o estudo propõe estratégias práticas que ajudam a aproximar a sociedade civil dos objetivos da conferência – como a criação de redes colaborativas, ajustes logísticos que ampliem a acessibilidade e o desenvolvimento de espaços integrados, voltados à construção de soluções concretas.
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A proposta inclui ainda, mecanismos de acompanhamento que assegurem a continuidade do engajamento antes, durante e após o evento e recomenda que a presidência da COP30 exerça um papel estratégico de catalisação e articulação institucional para promover escutas e a inclusão da sociedade civil no processo de tomada de decisões da Conferência.
Apesar de os avanços no reconhecimento do papel da sociedade civil nas negociações climáticas, o relatório aponta que ainda há barreiras significativas a serem enfrentadas. As tensões geopolíticas e as disparidades econômicas seguem desafiando o multilateralismo, dificultando a integração plena de vozes diversas nos espaços decisórios.
Além disso, restrições logísticas e financeiras limitam a presença de grupos sub-representados, sobretudo em regiões com menos recursos. A complexidade dos processos de credenciamento e a ausência de mecanismos eficazes para acompanhar os compromissos voluntários assumidos também enfraquecem o impacto da participação social.
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Superar esses obstáculos requer reformas estruturais que promovam inclusão, transparência e co-responsabilidade no processo, além de um redesenho dos critérios que definem o sucesso das COPs, colocando o engajamento social como um dos pilares centrais.
Tatiana Oliveira, especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, afirma que “mais do que uma proposta técnica, o relatório é um chamado à ação coletiva. Ele aponta caminhos que podem ser úteis para a COP de Belém, de modo que ela seja mais inclusiva e potencialize as conexões e parcerias entre sociedade civil, governos e outros atores relevantes na agenda, valorizando a pluralidade de perspectivas como elemento central para enfrentar a crise climática global”.
Para a especialista, a realização da COP30 em solo brasileiro representa uma oportunidade histórica para o país liderar, pelo exemplo e com responsabilidade, um novo capítulo da governança climática. “Diante de um cenário internacional marcado por desafios geopolíticos e desigualdades profundas, fortalecer o multilateralismo e o diálogo entre diferentes setores é fundamental. Nesse contexto, o evento se configura como uma possibilidade única para demonstrar que somente com cooperação internacional, participação cidadã efetiva e compromisso político é possível construir soluções sustentáveis e justas para o planeta”, afirma.
*Com informações da WWF-Brasil
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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