Foto: Marcelo Barbosa/Governo do Tocantins
O pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) é uma das aves aquáticas mais ameaçadas do mundo. Essa espécie, que depende de ecossistemas hídricos equilibrados, encontra-se atualmente em situação crítica, com menos de 250 indivíduos registrados na natureza.
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As principais ameaças à sua sobrevivência incluem a degradação dos rios, a expansão agropecuária, o uso excessivo de agrotóxicos e o turismo desordenado.
No Brasil, o pato-mergulhão ainda pode ser encontrado na Chapada dos Veadeiros (GO), na Serra da Canastra (MG) e, na Região Norte, somente no Jalapão (TO).
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Além de ser uma espécie sensível com relação ao ambiente que precisa para viver, alguns dos maiores problemas na conservação da espécie são a destruição da mata ciliar e o assoreamento dos rios, pois podem dificultar o acesso desses animais à locais adequados para nidificação e alimentação.
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Além disso, a prática de esportes aquáticos em regiões de ocorrência da espécie também pode levar ao abandono de ninhos.
Bem como a prática de playback: para quem trabalha com o birdwatching (observação de aves), trata-se da reprodução de sons gravados para atrair aves, o que pode, por exemplo, afastar os casais que resguardar os ninhos, fazendo com o sucesso reprodutivo seja comprometido.
O pato-mergulhão é facilmente identificado por suas características físicas:
- bico serrilhado e recurvo, adaptado para capturar peixes com facilidade;
- penacho na nuca de cor preta esverdeada nos machos e marrom nas fêmeas
- cerca de 55 cm de comprimento (com asas de aproximadamente 21 cm e cauda de 10 cm);
- pés vermelhos específicos da espécie.
A conservação do pato-mergulhão depende da manutenção da qualidade dos cursos d’água e da redução de impactos ambientais. Programas de monitoramento e educação ambiental são fundamentais para garantir a sobrevivência da espécie.
O Governo do Tocantins, por exemplo, meio do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), instituiu a Portaria Nº 213/2024, que cria o Programa de Monitoramento e Conservação do pato-mergulhão, denominado Pro PaTO. O programa visa à preservação do pato-mergulhão com ações concentradas na região do Jalapão, especialmente no Rio Novo, onde a população do animal é mais frequente. A Portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) do dia 30 de outubro de 2024.
No início de 2025, um encontro foi realizado no estado para estabelecer as metas deste ano. Participaram do encontro o biólogo e Inspetor de Recursos Naturais do Naturatins, Marcelo Barbosa, além de representantes da Funatura e da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), câmpus Caxias.
Entre as principais ações previstas estão o monitoramento de casais reprodutivos, a manutenção de ninhos artificiais e o manejo de cavidades naturais. Também será realizada a contagem da população ao longo de 145 km do Rio Novo.
Uma das principais estratégias será o monitoramento remoto do pato-mergulhão, com a instalação de um transmissor GPS em um dos indivíduos. Além disso, os pesquisadores pretendem retomar a coleta de ovos na natureza para incubação em ambiente controlado. Após atingirem uma fase segura de desenvolvimento, os filhotes serão devolvidos ao rio.
De acordo com Marcelo Barbosa, a iniciativa busca aumentar a taxa de sobrevivência da espécie. “Os dados coletados em anos anteriores mostram que o sucesso reprodutivo dos casais é baixo. Com essa abordagem, pretendemos garantir que os filhotes alcancem uma fase independente antes de serem reintroduzidos na natureza”, explicou.
Os pesquisadores acreditam que o programa pode contribuir significativamente para a recuperação da população do pato-mergulhão no Jalapão, que é considerada a menor do país, comparada com as de outras duas localidades do Brasil. A espécie, uma das aves mais raras do país, está classificada como criticamente em perigo na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção.
Especialistas também recomendam que o uso de playback seja evitado para não prejudicar a reprodução da espécie, respeitando os períodos reprodutivos.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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