Para as academias de ciência dos países que compõem o G20, o grupo das 19 maiores economias do planeta e as organizações de países da África e da Europa, cinco áreas são prioritárias para atingir os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela ONU em 2015: inteligência artificial, bioeconomia, o processo de transição energética os desafios à saúde e a justiça social.
Em todos esses campos, entendem as 19 organizações de cientistas que se reuniram no Rio de Janeiro na segunda e terça-feira, a ciência e a tecnologia podem sugerir ações aos governos do G20, que realizarão em 18 e 19 de novembro, também no Rio, a 19a reunião de cúpula do Grupo. Entre as principais academias de ciência, e uma das maiores economias, a grande ausente foi a entidade representativa da Rússia.
“Apresentamos aos governos e às sociedades do G20 as recomendações do S20 Brasil 2024 com a expectativa de que elas serão consideradas pelos nossos governos e ajudarão a orientar o documento final do G20”, afirmaram as entidades em seu comunicado final, que teve como tema “Ciência para a transformação mundial”, em que relacionaram os temas sugeridos.
O comunicado, que está sob embargo até o dia 19 de julho, foi encaminhado ao Itamaraty para ter o seu conteúdo eventualmente incluído na declaração final dos Chefes de Estado.
Sobre o Science20
Criado em 2017, o S20 atua como grupo de apoio temático ao G20 para ciência e tecnologia. Envolve academias de ciências dos países membros em debates anuais coordenados pela academia de ciências do país que preside o G20 em sistema de rodízio anual. As reuniões anteriores do S20 aconteceram na Alemanha (2017), Argentina (2018), Japão (2019), Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia (2022) e Índia (2023).
O S20 Brasil 2024 é o grupo de entidades representativas de especialistas em ciência e tecnologia dos membros do G20. Em 2024, o S20 está sendo coordenado pela presidenta da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Nader, professora emérita da Escola Paulista de Medicina e titular da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
A Cúpula do S20 teve representantes das Academias de Ciências da África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Japão, Índia, Indonésia, Itália, México, Reino Unido, Turquia e a Academia Europeia.
“O que os cientistas do G20 querem? Querem alcançar os objetivos do desenvolvimento do milênio. Outra coisa que apontamos é a transição demográfica e as diferenças, dentro do G20, grupos totalmente distintos se olharmos a distribuição por idade. Na Índia, são os jovens. No Brasil e na América Latina são os jovens”, explicou Náder, que também presidiu a Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC) de 2011 a 2017.
“Temos uma ou duas gerações. É fundamental que o G20 olhe as tendências sociais e demográficas para olhar quais tecnologias serão necessárias e direcionar inovação. Inteligência artificial e educação para o jovem é uma coisa. Para a meia idade, é outra”, disse. “Sem a ciência não se terá a justiça social. Quem irá promover a justiça social? As ciências sociais”, completou Nader, observando que o G7 – as sete maiores economias do planeta, de onde surgiu o grupo mais amplo das 20 nações mais ricas – não leva em consideração questões além da economia. “Eles só olham dentro do grupo deles”, completou.
A cientista brasileira – cujo cargo honorífico no S20 é chamado sherpa, que na linguagem diplomática significa a pessoa coordenadora de uma área temática – chamou a atenção para o fato de que o S20, através de seu comunicado, reforçou a necessidade de os ODS serem alcançados até 2030, como estabelecido pelas Nações Unidas.
Ela também observou que “pela primeira vez [na história do G20] o Brasil conseguiu que todas as academias de ciências elaborassem um documento” apontando a necessidade das recomendações científicas serem adotadas para enfrentar graves problemas globais.
O primeiro dos cinco problemas – a rápida evolução global dos processos de inteligência artificial (IA) que produzem uma super demanda por água e energia e que podem levar ao colapso global no fornecimento desses dois insumos –, segundo ela, foi abordado no documento completo da reunião.
Outro dos principais temas abordado foi a transição energética, que no Brasil e em outros países tem gerado disputas territoriais e impactos sociais e ambientais nas regiões em que são instalados grandes projetos de geração de energia solar e eólica, por exemplo.
Sobre a IA, o documento das academias de ciências recomenda que sejam “estabelecidas regulações e governança de dados padrões que beneficiem todos os países igualmente e mantenham os valores humanos”, e que se “invista em infraestrutura de dados, de computação de alta performance e treinamento para usar efetivamente a IA em campos de aplicação”.
Quanto às energias renováveis, o documento indica que “os esforços globais para reduzir as emissões no processo de transição energética deve se basear no aumento do uso de fontes energéticas de baixas emissões, incluindo a nuclear e as energias renováveis, em um mix que varie de país a pais, e movendo-se em direção à extinção do carvão”.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site O Eco e são de total responsabilidade do autor.
Ver post do Autor