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como a Amazônia desafia essas definições?

como a Amazônia desafia essas definições?

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

A Amazônia é muito mais do que floresta. E quando o assunto é água, seus rios, lagos e lagoas formam uma das maiores e mais complexas redes hidrográficas do planeta. Mas você sabe a diferença entre esses elementos? E mais: será que essas definições tradicionais realmente se aplicam ao cenário amazônico?

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Para entender melhor essa questão, o Portal Amazônia conversou com a professora Adoréa Rebello, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), especialista em geografia física e recursos hídricos.

Segundo Adoréa, um rio “é uma unidade do sistema hidrológico conhecido como bacia hidrográfica”. Ele tem um curso definido e normalmente se conecta a outras formações, como afluentes, igarapés e até mesmo lagos e lagoas.

“O rio faz parte de um sistema, ele tem fluxo, corrente, direção, e faz conexão com diversas outras estruturas hídricas”, explica Adoréa.

Os rios formam as famosas “estradas aquáticas” da Amazônia. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é um braço do rio?

Já os lagos, por definição, seriam corpos d’água isolados, sem conexão direta com outros sistemas hidrográficos. “Um lago, do ponto de vista geográfico, é uma unidade hídrica inserida na paisagem que não se conecta a outros rios ou canais”, informa a especialista.

Mas aqui entra a complexidade amazônica.

“Se fôssemos aplicar essa definição ao nosso território, praticamente nenhum dos chamados ‘lagos’ da região seria, de fato, um lago. O Lago Tefé, o Lago do Careiro, o Lago do Iranduba – todos estão conectados a grandes rios como o Solimões, o Amazonas e o Negro. Ou seja, do ponto de vista estritamente técnico, eles não seriam lagos”, explica a professora.

De acordo com a professora, a região amazônica possui um sistema hidroviário único. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

E o que dizer das lagoas? Essas, geralmente menores e mais rasas que os lagos, podem ter ou não conexão com outros sistemas.

Já as lagunas, por sua vez, são formações que se originam a partir de lagoas e possuem ligações com outros corpos d’água, especialmente em regiões costeiras.

Mas, como dito pela especialista, a Amazônia desafia os manuais.

“A Amazônia é um sistema único no mundo. Ela é tão grandiosa, tão diversa e dinâmica, que não cabe em definições fixas”, destaca Adoréa.

Segundo a professora, o ideal seria tratar os corpos d’água da região como sistemas flúvio-lacustres, um termo que contempla justamente a interconexão entre rios e lagos.

Ela completa: “Não podemos aplicar conceitos pré-estabelecidos ou engessados a uma região como a Amazônia. Aqui, os sistemas hídricos se entrelaçam de forma tão intensa que é impossível separar o que é rio, o que é lago ou o que é lagoa sem desconsiderar a realidade do território”.

Para a especialista, o mais importante é reconhecer a importância ecológica, social e cultural desses corpos d’água para os povos da Amazônia.

“Independentemente do nome que damos, esses sistemas sustentam vidas, comunidades e saberes tradicionais. A ciência precisa dialogar com a realidade local para fazer sentido”, conclui.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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