>
Brasilia
9 Abr
26°C
10 Abr
27°C
11 Abr
26°C
12 Abr
24°C
13 Abr
23°C
14 Abr
23°C
15 Abr
22°C
>
Brasilia
9 Abr
26°C
10 Abr
27°C
11 Abr
26°C
12 Abr
24°C
13 Abr
23°C
14 Abr
23°C
15 Abr
22°C
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Brasil deve reunir dados para se confirmar como líder na restauração ecológica

Brasil deve reunir dados para se confirmar como líder na restauração ecológica

O equilíbrio dos ecossistemas brasileiros enfrenta uma ameaça inédita. Entre 11% e 25% da vegetação nativa restante do país, uma imensidão que mede entre 60 milhões a 135 milhões de hectares, sofre com algum nível de degradação, segundo o MapBiomas. A reação do governo brasileiro é incipiente. Lançada em novembro de 2024, a nova versão do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, o Planaveg, prevê a restauração de 12 milhões de hectares até 2030 – mesma quantidade e meta assumidos pelo país em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), no âmbito do Acordo de Paris e reforçada na Conferência do Clima de Baku (COP 29), este compromisso também será incorporado como parte da meta 2 do Marco Global de de Kunming-Montreal.

A inércia teria consequências severas: além de não cumprir seus compromissos internacionais, o colocaria em xeque a conservação de seus ecossistemas, da biodiversidade e dos padrões climáticos globais, e limitaria seu potencial de estoque de carbono, fundamental em tempos de crise climática. Por isso, o poder público deve agir em conjunto com o setor privado para assegurar a liderança do país na agenda da restauração ecológica. Isso demanda medidas como o mapeamento das diversas iniciativas de restauração dispersas pelo país, bem como a mobilização, capacitação e financiamento da cadeia produtiva, o que traz oportunidades econômicas para uma ampla gama de profissionais, como prestadores de serviço, coletores de sementes e produtores de mudas. O resultado pode ser promissor: o país reúne boas condições para liderar globalmente essa atividade de forte apelo econômico, já amparada em políticas públicas e projetos ambiciosos em desenvolvimento, identificados por uma ferramenta de monitoramento reconhecida e estruturada. 

Criado pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, rede que reúne mais de 400 representantes do setor privado, financeiro, academia e sociedade civil, o Observatório da Restauração e Reflorestamento centraliza dados sobre as iniciativas dessas atividades no Brasil. A plataforma alcançou grande capilaridade ao promover a articulação de coletivos de restauração atuantes nos seis biomas brasileiros e capacitá-los para reportar dados da atividade seguindo uma metodologia única. O engajamento permite ao Observatório dimensionar com precisão crescente o impacto de iniciativas regionais. Para que suas informações sejam cada vez mais fiéis à realidade, é vital que todas as partes empenhadas em iniciativas de restauração reportem seus dados – organizações da sociedade civil, empresas, financiadores, autoridades subnacionais e instituições acadêmicas. O Observatório reúne polígonos georreferenciados vinculados a uma tabela de atributos que consolida informações essenciais demandando o mínimo esforço dos usuários. Esse conjunto de dados permite a elaboração de estatísticas analíticas que apoiam a tomada de decisão em diversos níveis.

O Observatório mapeou iniciativas de restauração em um pouco mais de 150 mil hectares, área equivalente ao município de São Paulo, sendo 77% do total na Mata Atlântica, 13% no Cerrado e 9,5% na Amazônia. Caatinga, Pampa e Pantanal, biomas onde a coleta de dados é muito recente, representam menos de 1% da área identificada. A maioria dos projetos de restauração compilados ocorre em áreas pequenas, de até cinco hectares, enquanto outros alcançam até 3 mil hectares. Cada um deles representa valiosos esforços e deve ser levado em conta. 

Os dados publicados pela plataforma são conectados aos de outros países, a partir da interoperabilidade do Observatório brasileiro com a FERM (Forest Ecosystem Restoration Monitoring), ferramenta de monitoramento da restauração administrada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Outro parceiro estratégico na arena internacional é o Restor, a maior rede online mundial de iniciativas, dados e profissionais relacionados à restauração e à conservação. Esse intercâmbio de informações apoia a geração de dados científicos em diferentes níveis (como paisagem, região/estado, país) para as iniciativas cadastradas no Brasil. 

O compartilhamento dos dados de forma global será importante não apenas para a distribuição de conhecimento e o fortalecimento da confiança entre as partes interessadas, mas também para facilitar o direcionamento de recursos financeiros diretamente a produtores rurais, povos indígenas e comunidades locais, já que os benefícios da restauração para o enfrentamento das mudanças climáticas são globais. Localmente, os projetos de restauração também geram emprego e renda. Os esforços para recuperar 12 milhões de hectares têm o potencial de criar mais de 2,5 milhões de empregos

A liderança do Brasil no avanço da cooperação internacional para a transição ecológica, especialmente por meio da recém-lançada iniciativa do G20 sobre Bioeconomia e da sua Presidência da COP 30, demonstra sua capacidade de estabelecer caminhos globais para o uso sustentável da terra e para o financiamento da restauração e da conservação. O país está em uma posição única para alinhar a restauração ecológica ao crescimento econômico, aproveitando fundos de investimento de impacto, como o Moringa Fund, que já restaurou 25.000 hectares, gerou 9.000 empregos, apoiou 20.000 agricultores1 e viabilizou o Fundo Amazônia, além de lançar a Tropical Forest Forever Facility, que será operacionalizada na COP30.

Dar visibilidade às iniciativas de restauração existentes, como a Belterra Agroflorestas, exemplifica o potencial dessa atividade econômica, impulsionando novas políticas públicas e atraindo mais investimentos para a recuperação de áreas degradadas. Compreender as iniciativas em andamento é essencial para fortalecer a economia verde no país. Ao compartilhar essas histórias de sucesso em plataformas como o Observatório e o Restor, o Brasil pode inspirar esforços semelhantes ao redor do mundo e fornecer um modelo para restauração escalável e de alto impacto. O Observatório está aberto a receber os reportes das iniciativas brasileiras, de qualquer extensão, pelo e-mail [email protected]

As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site O Eco e são de total responsabilidade do autor.
Ver post do Autor

Postes Recentes

en EN fr FR it IT pt PT es ES