Por Julio Sampaio de Andrade – [email protected]
Somos todos solidários com os nossos irmãos do Rio Grande do Sul. Não há como não nos sentirmos conectados com as pessoas que passam pelo que passam e cujas imagens acompanhamos pela mídia e redes sociais. Por mais fria que seja uma pessoa, não há como não sentir um pouco daquela dor de quem perdeu tudo, de vida de pessoas que amavam, as suas casas e bens materiais que tinham. Alguns já possuíam muito pouco e o tudo aqui ganha uma dimensão ainda maior. Sentimos ainda mais por serem pessoas próximas, parecidas com a gente.
Não são imagens de uma guerra que se passa no outro lado do mundo, com gente de culturas diferentes das nossas. Não, são pessoas que falam a nossa língua, possuem valores e um estilo de vida parecido com os nossos. Possuem nomes, sobrenomes, endereço e em muita coisa se parecem conosco. Pode estar acontecendo com alguém que conhecemos, um amigo, um parente. Tudo isto nos faz lembrar que poderia ser com a gente mesmo.
Um pouco de dor, nós sentimos. Não a dor destas pessoas, mas alguma dor por elas. Somos mais humanos nestas horas e sentimos alguma dor. Alguns sentem na hora, fazem algum tipo de contribuição e seguem a vida. Outros sentem mais profundamente, podem chegar a chorar e absorvem um tipo de tristeza, que perdura por mais tempo. Seguem os dias conectados com o sentimento destas pessoas, interiorizando a dor, muito mais do que expressando externamente. São capazes de passar por insensíveis, em uma sociedade que valoriza mais o que é mostrado do que é sentido, mais a imagem do que a realidade.
Não é relevante destacar que, no meio de um quadro tão sofrido, há os que buscam tirar alguma vantagem econômica, política ou de qualquer tipo. De certa maneira, estes seres se aproximam de bichos selvagens. É o caso dos que estupraram mulheres nos abrigos e nas ruas cobertas de água e de lama e dos que saquearam casas abandonadas às pressas para o salvamento de vidas. Vale mencionar, mas não vale nos prendermos a este lado sombrio que sempre acompanha o ser humano, e que é exatamente isso, o lado sombrio de nossa espécie.
Vale ressaltar, sim, que de uma maneira quase absoluta, somos todos solidários. Fazemos doações materiais que serão imprescindíveis. Somos quase todos do bem. Mas isto seria suficiente?
Podemos e devemos dar um passo além, assumindo o que poderíamos chamar de uma compreensão mais adulta do que acontece. Somos responsáveis pelo que ocorre no Rio Grande do Sul e por todos os acontecimentos que envolvem uma reação dura da Grande Natureza, que emite sinais antes, de vários tipos.
Nossas ações ou a ausência delas, nossas palavras e nossos sentimentos poluem uma atmosfera que não é apenas física e que acumula impurezas que, atingindo determinado nível, precisarão ser eliminadas.
Igualmente ao processo de acúmulo, nossas ações, pensamentos e sentimentos poderiam provocar tal purificação. Não ocorrendo isso, a mãe natureza, dentro de suas próprias leis, se manifesta, fazendo o que precisa ser feito.
Somos todos nós responsáveis pelas causas e seremos responsáveis pelo que virá depois. Há ações concretas e urgentes que precisam ser tomadas pelo poder público federal, estadual e municipal e há o que ser feito por cada um de nós, indo além da solidariedade, por mais importante que ela seja. É essencial que assumamos a responsabilidade, pelo que veio antes e pelo que virá depois.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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