Muitos dos alimentos que consumimos hoje no Brasil têm origem nas populações indígenas que habitavam o nosso continente antes da chegada dos europeus, no final do século 15. Mandioca, abóbora, feijão, milho e outros vegetais são herança desse povo pré-colombiano, que desenvolveu técnicas de cultivo e domesticação de plantas há milhares de anos. Mas até quando essa agricultura indígena remonta?
Um grupo de pesquisadores encontrou recentemente evidências de que grupos indígenas da Amazônia praticavam a agricultura há cerca de 9 mil anos, muito antes do que se pensava. O estudo foi publicado na revista PLOS ONE, em julho de 2020, e contou com a participação de cientistas de diversas instituições, entre elas a Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Os pesquisadores analisaram o sítio arqueológico Teotônio, localizado próximo a Porto Velho, capital de Rondônia. Nesse local, eles encontraram fragmentos vegetais carbonizados e vestígios de plantas conhecidos como fitólitos, além de grãos de amido aderidos a ferramentas líticas (de pedra). Esses achados indicam que os indígenas cultivavam e consumiam vegetais como mandioca, abóbora, cará e inhame.
O professor Fernando Almeida, da UFS, um dos coordenadores da equipe, explica que o estudo é importante por indicar que a agricultura na Amazônia é anterior ao que se imaginava e por sugerir outras possibilidades de ocupação do continente. “De uma forma geral, tem-se a noção, pelos estudos que aconteceram ao longo do século 20, de que nas terras baixas sul-americanas, especificamente na Amazônia, nada aconteceu de importante. Tudo de relevante [a domesticação de plantas, por exemplo] teria acontecido nos Andes e foi repassado lá ‘de cima’ aqui ‘para baixo’ através de migração ou de difusão do conhecimento”, diz.
O pesquisador destaca que na região amazônica já havia registros de algumas das ocupações mais antigas da América do Sul. “E agora temos esses indícios muito antigos do cultivo de alimentos – mais antigos até do que nas áreas andinas”, pontua. Fernando sugere inclusive que essa rota de conhecimento pode ter sido invertida. “Quero dizer que as terras baixas não apenas foram, sim, centro de domesticação de alimentos, como também que, se alguma coisa aconteceu de difusão e migração desses conhecimentos e técnicas, foi de baixo pra cima e não o contrário”, defende.
O estudo também mostra que os indígenas da Amazônia tinham uma relação sustentável com o ambiente em que viviam, sem causar grandes impactos na floresta. Eles praticavam uma agricultura itinerante, alternando áreas de cultivo e deixando a vegetação se regenerar. Eles também usavam o fogo para limpar o terreno e enriquecer o solo com cinzas. Além disso, eles diversificavam as espécies plantadas e aproveitavam os recursos naturais disponíveis.
Os autores do trabalho ressaltam que as evidências encontradas no sítio Teotônio podem ser apenas uma amostra da diversidade e complexidade da agricultura indígena na Amazônia. Eles afirmam que há necessidade de mais pesquisas para compreender melhor a história e a cultura desses povos, que contribuíram para a formação da nossa sociedade e que ainda resistem aos desafios impostos pelo modelo de desenvolvimento atual.
Fontes; Portal UFS – Evidências mostram agricultura indígena há 9 mil anos. https://bing.com/search?q=Agricultura+ind%c3%adgena+parece+existir+h%c3%a1+9+mil+anos
(2) Portal UFS – Evidências mostram agricultura indígena há 9 mil anos. https://ciencia.ufs.br/conteudo/62479-evidencias-mostram-agricultura-indigena-ha-9-mil-anos
(3) Índios ou indígenas? Povos originários, os primeiros … – CONAFER. https://conafer.org.br/indios-ou-indigenaspovos-originarios-os-primeiros-agricultores-familiares-desta-terra/
(4) Agricultura indígena parece existir há 9 mil anos xapuri.info. https://xapuri.info/a-agricultura-indigena-parece-existir-ha-9-mil-anos/
(5) O que é agricultura indígena.VALENDO 10 PONTOS – Brainly.com.br. https://brainly.com.br/tarefa/33345699
