Com uma mente que permanecia afiada aos 108 anos de idade, o médico-veterinário Milton Thiago de Mello era considerado um ser imortal pelos seus colegas. Por isso, mesmo com a idade avançada, foi com surpresa e pesar que a comunidade científica recebeu a notícia de sua morte, nesta terça-feira (1º), em Brasília. Em seu extenso legado de mais de 80 anos de carreira, trouxe contribuições preciosas para a veterinária, a primatologia, o ensino e formação de novos pesquisadores. Milton deixa uma esposa, quatro filhos, cinco netos e dois bisnetos.
Carioca de berço, Milton nasceu em 5 de fevereiro de 1916 e graduou-se em Medicina Veterinária em 1937 pela Escola de Veterinária do Exército, no Rio de Janeiro. Na instituição militar deu início a sua carreira de pesquisador, com estudos pioneiros de zoonoses – doenças que afetam animais e seres humanos. Passou pelo Instituto Militar de Biologia, no então Instituto Oswaldo Cruz (atual Fiocruz) e, em 1974, foi trabalhar na área de biologia da Universidade de Brasília, onde fundou o Centro de Primatologia da instituição.
Famoso pela forma com que falava e dava suas aulas, capaz de hipnotizar e ao mesmo tempo entreter os ouvintes, Milton foi uma grande referência também na área de ensino.
Entre 1983 e 1989, Milton realizou seus lendários cursos de especialização, que formaram uma primeira geração de primatólogos no país, muitos deles atualmente responsáveis por importantes iniciativas de pesquisa e conservação no Brasil.
O Milton é um ícone pra medicina veterinária e para primatologia. Era uma pessoa visionária, amiga, realizadora. Era um fazedor. E além disso uma pessoa que conseguia congregar pessoas. Ele militou em muitas áreas e dentro da medicina veterinária foi com certeza uma das figuras mais expoentes que tivemos, inclusive com renome internacional. Ele influenciou muito o desenvolvimento científico do país e deve ser reconhecido no mais alto nível”, destaca Alcides Pissinatti, médico-veterinário e chefe do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ).
A Sociedade Brasileira de Primatologia publicou uma nota de pesar em homenagem a Milton, que era sócio fundador e honorário da entidade, e destacou seu importante legado de dedicação à pesquisa e ao ensino da primatologia no país.
O Conselho Federal de Medicina Veterinária também publicou uma nota de pesar pela morte de Milton em que destaca que sua carreira, que inclui também importantes contribuições para a Organização das Nações Unidas (ONU) e para o campo da microbiologia. “Embaixador da Medicina Veterinária Brasileira no mundo deixa legado de amor à profissão e imensurável contribuição para o progresso da ciência”, enaltece o texto.
O velório de Milton Thiago de Mello vai ser realizado nesta quinta-feira (3), às 14 horas, no Cemitério Campo da Capela, em Brasília.
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