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ToggleQuando falamos em gladiadores da antiga Roma, é comum pensar em homens corajosos que se enfrentavam em batalhas sangrentas, muitas vezes entregando a própria vida. Mas, mesmo sendo mais raras, as mulheres também participaram dos jogos públicos de Roma.
Também chamadas de gladiatrix, as gladiadoras também são mencionadas em textos antigos como ludia (que compreende as participantes de um ludi, tido como festival ou entretenimento). Há ainda indícios históricos que tanto mulheres mais pobres quanto ricas faziam parte dessas lutas.
A presença de mulheres nas lutas
Altamente controversas, as gladiadoras tiveram sua história de maneira bem menos detalhada do que a dos homens. O que se sabe sobre elas se fundamenta principalmente em duas representações visuais e em algumas referências registradas por historiadores romanos.
Os romanos adoravam essas lutas e as consideravam como um “entretenimento funerário”. Prisioneiros de guerra e pessoas escravizadas eram forçados a participar, sendo que os políticos eram os organizadores desses jogos, que eram então assistidos por milhares de pessoas. “Na época da construção do Coliseu, o combate de gladiadores havia se tornado uma forma ritual de entretenimento, oferecido apenas ocasionalmente e, portanto, muito aguardado”, afirmou Kathleen Coleman, professora da Universidade de Harvard, em entrevista ao Atlas Obscura.
Provavelmente as gladiadoras surgiram entre 40 a.C. e 19 a.C., em um período conturbado. “Após o assassinato de César em 43 a.C., houve um período em que as regras sociais não se aplicavam no mesmo grau, no qual as mulheres geralmente desfrutavam de mais destaque, e houve um aumento nos gastos com entretenimento”, agrega David Potter, professor de clássicos na Universidade de Michigan. Isso teria levado à entrada delas nesses jogos.
Quem eram essas mulheres?
Ainda que muitas gladiadoras fossem escravizadas, há fontes romanas que registram a presença de mulheres nobres, que provavelmente entravam na arena de forma voluntária em busca de uma maior liberdade para treinar e da conquista de poder. “Há uma grande variedade de explicações, dependendo do tempo e do lugar, mas proeminência, dinheiro e protesto social são razões pelas quais uma mulher desejaria voluntariamente ser uma gladiadora”, acrescenta Potter.
Fontes históricas documentam que os imperadores Nero e Domiciano gostavam de promover eventos luxuosos com gladiadoras mulheres. Nero teria realizado um festival em homenagem à sua mãe em que homens e mulheres de classe alta “conduziam cavalos, matavam feras e lutavam contra gladiadores, alguns voluntariamente e outros contra a vontade”. Já o historiador e político romano Tácito teria se referido às gladiadoras de Nero como feminarum, que era um termo geralmente reservado para mulheres de classe alta.
Havia ainda as venatrices, nome dado às caçadoras de feras. Segundo Potter, elas eram capazes de derrotar veados, javalis e até leões com suas lanças e arcos. Mas diferente dos homens, elas dificilmente ficavam na arena até a morte.
Embora fossem criticadas pela sociedade, o público adorava ver gladiadoras combatendo. De acordo com Philip Matyzask, historiador e professor da Universidade de Cambridge, “algumas das lutas aconteciam no meio da tarde, e esse não é o momento para atos de novidade, comédias ou execuções. Esse é o momento para as principais lutas de gladiadores. Então, elas eram tratadas como lutadoras profissionais sérias”.
Outro aspecto curioso era o seu traje. As gladiadoras provavelmente se enfrentavam vestindo uma tanga, mangas de metal e grevas que protegiam seus joelhos e canelas, além de espadas e escudos. Diferente dos homens, elas lutavam sem capacete, para que o público pudesse reconhecê-las como mulheres. Também era comum que elas aparecessem com os seios à mostra, para fazer referência às amazonas, que, na mitologia grega, eram integrantes de uma antiga nação de mulheres guerreiras.
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