Pela primeira vez, um país conseguiu ampliar a sua frota de carros elétricos a ponto de torná-la maior do que a de modelos movidos a gasolina. Dos 2,8 milhões de veículos particulares registrados na Noruega, 754.303 são totalmente elétricos, em comparação com 753.905 que funcionam a gasolina, segundo dados da Federação Rodoviária Norueguesa divulgados nesta terça-feira 17.
Em agosto, os veículos totalmente elétricos representaram um recorde de 94,3% dos registros de carros novos no país escandinavo. Os modelos a diesel continuam sendo maioria – são pouco menos de um milhão –, mas suas vendas estão despencando, afirma a federação rodoviária.
“Isso é histórico. Um marco que poucos previram há dez anos”, disse o diretor da entidade, Oyvind Solberg Thorsen, em comunicado. “A eletrificação da frota de carros está acontecendo rapidamente, e a Noruega está se movendo rapidamente para se tornar o primeiro país do mundo com uma frota de carros majoritariamente elétrica”, acrescentou.
Essa transformação ocorreu ao longo de 20 anos, com uma série de incentivos governamentais. Em 2004, a frota do país era composta por 1,6 milhão de automóveis movidos a gasolina, 230 mil a diesel e apenas mil elétricos.
A transição é fundamental para o país cumprir suas metas climáticas, que incluem uma redução de 55% na emissão de gases de efeito estufa até 2030 em relação aos níveis de 1990.
Incentivos fiscais de um exportador de petróleo
A Noruega, paradoxalmente um grande produtor de petróleo e gás, estabeleceu uma meta de vender apenas veículos com emissão zero até 2025 – dez anos antes do estabelecido na União Europeia. Entram nessa conta sobretudo os carros elétricos, já que a presença de motores a hidrogênio ainda é tímida.
Em seu esforço para eletrificar o transporte rodoviário, o governo norueguês abateu impostos para veículos elétricos, tornando-os competitivos em relação aos carros a combustível, diesel e híbridos. O país também investiu massivamente em carregadores públicos para esses automóveis.
As isenções fiscais sobre carros elétricos custaram ao país 43 bilhões de coroas norueguesas (cerca de 22,4 bilhões de reais) em 2023, segundo dados oficiais.
Esse nível de renúncia fiscal e investimento só foi possível porque o país tem um fundo soberano no valor de mais de 1,7 trilhão de dólares (9,3 trilhões de reais). Esse montante veio dos lucros dos campos de petróleo no país, e se propõe a ser uma espécie de “fundo de pensão”, para quando os recursos fósseis acabarem.
O sucesso dos veículos elétricos da Noruega contrasta com as dificuldades observadas em outras partes da Europa. As vendas de carros elétricos começaram a cair no final de 2023 e agora representam apenas 12,5% dos carros novos vendidos no continente.
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