A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, foi apontada pela revista científica Nature como uma das 10 pessoas mais importantes para a ciência em 2023. Na lista Nature’s 10, divulgada nesta quarta (13), a publicação citou, com créditos à ministra, feitos como a queda do desmatamento na Amazônia, mudando a tendência dos anos anteriores, e a volta do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Essa indicação vem após a revista Financial Times apontar Marina como uma das 25 mulheres mais influentes de 2023, no fim do mês passado.
À Nature, Marina apontou a promoção da agenda ambiental por diferentes áreas do governo como fundamentais para o sucesso das políticas públicas na área. Segundo a ministra, “a política ambiental não deve ser limitada a um único setor, mas atravessar todos os ministérios” – um conceito que, ao ver em prática, ela se diz “cheia de alegria”. Ao comentar sua atuação, Marina se compara a uma “fibra forte de uma árvore da Amazônia” – como cita a revista – usada para “amarrar madeira e criar jangadas”. “É assim que vejo o meu trabalho”, diz ela, “juntando os que estão disponíveis e o que for necessário para formar uma superfície de apoio nas viagens desafiantes do nosso tempo”.
A ministra cita ainda a urgência de, além de acabar com o desmatamento, reduzir as emissões de carbono resultantes do uso de combustíveis fósseis, alertando sobre a necessidade de “uma mudança civilizacional, uma mudança nos nossos modos de vida”. As declarações vieram a público num dia de acontecimentos importantes – e contraditórios entre si – para as pretensões de descarbonização. Enquanto em Dubai o texto final da Conferência do Clima (COP 28) era divulgado apontando, pela primeira vez, para um consenso em direção à eliminação do uso de combustíveis fósseis – com participação ativa do Brasil, liderado por Marina, nas negociações –, no Rio de Janeiro se realizava um megaleilão de campos de petróleo, com vários localizados próximos, ou até dentro, de áreas protegidas.
Lutando para avançar a agenda de proteção ambiental e combate às mudanças climáticas num governo que, embora simpático à causa, também demonstra sua inclinação à intensificação da perfuração de poços de petróleo – como explicou à revista o professor Pedro Jacobi, da USP –, Marina passa a ser a terceira brasileira a ser nomeada na lista da Nature, que começou sua série anual em 2011. Antes, Ricardo Galvão (2019) foi nomeado por sua defesa dos dados do INPE, instituto que presidia, frente aos ataques do então presidente Jair Bolsonaro, e Túlio de Oliveira (2021) foi escolhido por ter liderado a equipe de cientistas que descobriu a variante ômicron da covid-19, na África do Sul.
Outros escolhidos
Além de Marina Silva, outras 9 pessoas foram escolhidas pela publicação como as mais importantes para a ciência em 2023:
- Kalpana Kalahasti, engenheira indiana que exerceu “papel crucial” na missão Chandrayaan-3, que pousou uma sonda na lua;
- Katsuhiko Hayashi, biólogo japonês que lidou equipe que reproduziu um filhote a partir de células de dois camundongos machos;
- Annie Kritcher, engenheira nuclear estadunidense cuja equipe conseguiu, pela primeira vez, gerar uma fusão nuclear que produziu mais energia do que consumiu;
- Eleni Myrivili, ambientalista grega, ex-vereadora e vice-prefeita de Atenas e atual diretora do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos;
- Ilya Sutskever, cientista da computação israelo-canadense e cientista-chefe da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT;
- James Hanlin, físico estadunidense que descobriu falhas e até fraudes em supostas descobertas no campo da supercondutividade;
- Svetlana Mojsov, química sérvia cuja pesquisa, ainda na década de 1980, levou ao desenvolvimento de famosos remédios para emagrecimento, mas que não havia recebido o reconhecimento por isso até este ano;
- Halidou Tinto, parasitologista marfinense que chefia a unidade de pesquisas clínicas na Burkina Faso que foi chave no desenvolvimento da vacina R21, contra a malária – apenas a segunda no mundo a ser aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS);
- Thomas Powles, oncologista britânico que descobriu um novo tratamento para câncer de bexiga que quase dobrou a expectativa de vida pós-diagnóstico.
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