Foto: Heloise Bastos/Portal Amazônia
O Igarapod, podcast do Portal Amazônia, busca mostrar as realidades da região ouvindo quem vive a cultura local na pele. Entre elas está o xamanismo na Amazônia, um tema que divide opiniões e gera muitas dúvidas. No quarto episódio, recebemos a pajé Bimi Kaxinawá Huni Kuin e o curandeiro e terapeuta holístico Txana Bake Huni Kuin, mãe e filho respectivamente, naturais do Acre, para entender o quadro atual do assunto.
Bimi é terapeuta naturopata, atua com atendimentos espirituais, cerimônias de ayahuasca e rapé, banhos de ervas medicinais e, mais recentemente, fundou o Centro de Cura na Floresta, na BR-174, que liga Manaus (AM) a Boa Vista (RR).
A espiritualidade, preconceitos sobre a cura com insumos da natureza e o xamanismo na Amazônia de modo geral foram comentados.
“Nasci em berço de espiritualidade. Sou do Acre, do Alto Juruá e meu pai era pajé e minha mãe curandeira. Passei anos sem praticar minha cultura porque saí da aldeia muito jovem, morei alguns anos fora e depois fui para Manaus e foi quando resgatei minha cultura”, iniciou Bimi.
Seu filho, Txana, também herdou essa espiritualidade de nascença. “Eu comecei com cinco anos de idade já vendo coisas. Acordei com um cara na beira da cama me dizendo coisas e saí correndo chamando minha mãe”, pontuou.
Considerado um conjunto de práticas religiosas ancestrais presentes em diversos povos da humanidade, o xamanismo pode ser entendido como rituais que permitem os seres humanos manterem contato com o mundo espiritual. Txana define como um estilo de vida.
“O xamanismo é um estilo de vida. É resgatar a forma como nossos antepassados viviam. Não é religião nem seita. Tem muita gente que tem essa visão errada, não é assim”, explicou o curandeiro.
“Quem já nasce com o dom, uma hora precisa ser iniciado, para poder se tornar curandeiro, pajé e até xamã”, alerta a pajé.
Para eles, existem linhas de espiritualidade que precisam – e devem ser desenvolvidas – mas que são da linhagem. Segundo os indígenas, não é qualquer pessoa que pode se tornar curandeiro ou pajé.
O projeto do Centro de Cura na Floresta (@centrodecuranafloresta) foi idealizado por Bimi em 2011 e só foi concretizado em 2024.
“O espaço também funciona como uma hospedagem, vem pessoas de vários países e ficam no máximo 15 dias para fazer um processo de cura [espiritual]. As pessoas agendam a cerimônia, preenchem um formulário que é avaliado por uma equipe médica e após isso entramos em contato para informar se a pessoa está apta ou não”, informou.
Ao longo da conversa, eles citam também a popularização e o “boom”, que substâncias como a ayahuasca tiveram nos últimos anos e em decorrência disso, os malefícios do uso indiscriminado, sem acompanhamento médico e espiritual. Também falam sobre a diferença da prática xamânica na Amazônia para o Santo-Daime, manifestação religiosa que surgiu no século XX.
O Igarapod é um podcast é um original Portal Amazônia, que aborda temas voltados ao meio ambiente, cultura, sustentabilidade e divulgação científica na Amazônia.
Assista exibições inéditas no canal Amazon Sat nas sextas às 18h (no horário de Manaus). E nos horários alternativos: aos domingos às 15h, quartas às 18h e quintas às 9h.
Canais Amazon Sat na região
Manaus/AM: 44.1
Porto Velho/RO: 22
Rio Branco/AC: 31
Macapá/AP: 29
Boa Vista/RR: 23.1
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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