Por Julio Sampaio de Andrade – [email protected]
Outro dia ouvi de um cliente: “estou em guerra contra o tempo”. Outro disse: “vivo correndo contra o tempo”. Fiquei pensando: “será que eles acham que têm chance de vencer? Ao contrário, se não estabelecermos uma boa relação com o tempo, é certo que teremos sofrimentos e, dificilmente, seremos bem-sucedidos. Aliás, penso que a expressão “relação com o tempo” é melhor do que “gestão do tempo” ou mesmo “administração do tempo”, pois estas dão a impressão de que temos total controle sobre ele, o que não é verdade. Temos, porém, uma forte influência sobre o nosso tempo, aquele que recebemos sob a forma de vida. Em grande parte, ele será fruto de nossas escolhas, ou de não escolhas.
O tema já foi fruto de outras conversas, mas percebo que, cada vez mais, ele se torna um fator de pressão e de estresse. Para muitos, o tempo é artigo de luxo. Precisamos lidar bem com ele, se quisermos ser felizes.
Todos temos demandas em todos os setores e é difícil conciliar tudo. Como malabaristas, não podemos deixar nenhum dos pratos cair. Desejamos ainda atingir novas metas e objetivos e cultivamos sonhos de realização. Como encaixar tudo isto se os dias continuam do mesmo tamanho, mesmo diminuindo nossas horas de sono? Desde cedo, estudamos muitas coisas, mas não somos educados a nos relacionar com o tempo.
Uma metáfora imperfeita, mas útil, é a de que possuímos um “estoque de tempo”. Não sabemos que estoque é este no seu total, pois não temos ideia do quanto viveremos. Mas sabemos quantas horas tem um dia, que a semana tem sete dias e que um mês pode ter como base 30 dias, ou 4 semanas, independentemente do calendário. Podemos estender o raciocínio para meses e anos, mas talvez não seja prático pensar em tanto tempo. Porém, olhar o horizonte de um mês básico, um mês qualquer, nos dá uma boa noção do tamanho do “estoque de tempo” que podemos planejar de forma recorrente.
Retiradas as horas de sono, teremos em torno de 16 horas por dia, 80 horas numa semana, 320 horas em um mês. É um “estoque de tempo” limitado, mas dá para fazer muita coisa. Estamos falando de nossa vida em um período de 30 dias. Como este “estoque de tempo” deve ser utilizado? Como deve ser vivido?
A resposta parece clara. Naquilo que for importante e desejável. As prioridades precisarão ser definidas a partir daí. Elas precisarão ser distribuídas em uma frequência como diária, semanal, mensal e imediatamente blocarem o “plano de agenda”, antes que outra coisa não importante a ocupe.
O que entra na categoria importante para você, com que duração e com que frequência? Se for, por exemplo, a ida à academia, uma hora, três vezes por semana, são 12 horas mensais do seu “estoque de tempo”. O que é importante você blocar considerando o cargo que você ocupa, o seu papel como pai ou mãe, ou de marido ou mulher, o seu desenvolvimento pessoal, a sua prática religiosa, a sua atividade voluntária, a atenção aos seus pais ou, simplesmente, o horário que você quer estar livre para fazer o que quer? O que mais para você é importante?
Boa parte destas coisas, talvez, não seja importante para mais ninguém. Se você não blocar rapidamente no seu “plano de agenda”, ele logo será ocupado por coisas não importantes. As urgências, por exemplo, tendem a aumentar, quando o importante não é tratado no devido tempo.
Num sentido mais amplo. para quem refletiu sobre a sua Missão, desenvolveu um Propósito e sabe o que quer deixar como Legado não será difícil estabelecer prioridades. Também conseguirá enxergar melhor o que é importante em seus diversos papéis.
A experiência nos mostra que começar com um “plano de agenda” é o primeiro passo para estabelecer uma ótima relação com o tempo. A maior parte das pessoas vai descobrir que o importante planejado não ocupará, na maior parte das vezes, mais do que 50% ou 60% do tempo. Vai descobrir que é possível ter uma vida mais feliz, mais leve e mais produtiva e que não é preciso lutar contra o tempo.
Que tal começar o exercício agora, antes da virada do próximo mês?
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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