A polícia investigativa dos Estados Unidos (FBI) divulgou, nesta quinta-feira 4, a íntegra das acusações formais feitas contra a jornalista brasileira Patrícia Lélis. Desde janeiro, a brasiliense é ré por fraude eletrônica, transações monetárias ilegais e roubo de identidade qualificado.
Foragida da Justiça norte-americana há mais de 80 dias, ela deixou escapar sua localização ao publicar em seu perfil do Twitter a gravação da tela de seu celular.
As imagens mostram informações sobre a temperatura do local em que o smartphone está, chamado Cuauhtémoc, no México. Ainda assim, ela não foi encontrada e presa.
Patrícia Lélis é acusada de se fazer passar por advogada de imigração para cometer fraudes contra os próprios clientes.
A jornalista teria se apresentado como advogada para ajudar estrangeiros a obter vistos E-2 e EB-5 nos Estados Unidos. O programa EB-5 proporciona residência permanente legal e possivelmente cidadania, caso um cidadão estrangeiro faça um determinado tipo de investimento no país.
Lélis teria inventado a figura de Jeffrey Willardsen. O personagem criado pela brasileira se passava por um funcionário de investimento imobiliário do Texas. A ação, descreve o FBI no documento com as acusações, servia para ganhar a confiança dos imigrantes e, assim, conseguir transferências de dinheiro.
Ela ainda teria falsificado documentos públicos fundamentais para concluir as transações. Para isso, ela usou o nome de um advogado conhecido no país, além da assinatura e do carimbo do profissional.
Conforme a acusação, uma vítima teria feito dois pagamentos iniciais de mais de 135 mil dólares, com base em uma suposta declaração de Lélis de que o dinheiro se destinaria a um projeto de desenvolvimento imobiliário no Texas.
“Em vez disso, o dinheiro da vítima teria ido para a conta bancária pessoal de Lélis. Em vez de investir o dinheiro conforme prometido, Lelis supostamente o usou para pagar a entrada de sua casa em Arlington, reformas de banheiros e outras despesas pessoais, como dívidas de cartão de crédito”, descreve o FBI.
Ao todo, ela teria causado prejuízos de 700 mil dólares, o equivalente a 3,4 milhões de reais a uma série de clientes.
Ela pode ser condenada a uma pena máxima de 20 anos de prisão por envolvimento em fraude eletrônica, até 10 anos se for considerada culpada por transações monetárias ilegais e um mínimo de dois anos adicionais de prisão por roubo de identidade qualificado.
Pelas redes sociais, a brasileira argumentou que o FBI conhece sua localização e se definiu como uma “exilada política”.
Quem é Patrícia Lélis
Em 2016, a brasiliense ficou conhecida após afirmar que teria sido vítimas de crimes sexuais envolvendo o pastor Marco Feliciano dentro do apartamento do parlamentar. Lélis afirma que sofreu ameaças de morte por integrantes do PSC após recusar receber dinheiro para não relatar o ocorrido.
O processo contra o deputado foi arquivado em dezembro de 2018 pelo juiz da 4ª Vara Criminal de Brasília, Aimar Neves de Matos.
Pelas redes sociais, a jornalista dá a entender que o arquivamento da investigação teria ocorrido por interferência externa na Polícia Federal. Ela conta que o delegado responsável pelo caso foi “misteriosamente” tirado do cargo.
Lélis afirma, ainda, que foi apresentado um laudo psicológico falso no processo, assinado por uma psicóloga que, segundo ela, nunca se consultou. “Uma das pessoas que também assinou o laudo a gente nem sabe se existe porque a gente nunca conseguiu identificar e encontrar”, disse ela na ocasião.
O documento afirmava que a jornalista tinha mitomania – compulsão por mentir.
Na Polícia Civil de São Paulo, Patrícia Lélis foi indiciada por denunciação caluniosa e extorsão por acusar Talma Bauer, assessora do deputado, de cárcere privado e sequestro. O caso, que levou à prisão do assessor do parlamentar, integra um rol extenso de outras histórias mal contadas envolvendo a jovem.
Em 2021, a Polícia Civil apresentou um relatório final de investigação contra a jornalista, que acusava Eduardo Bolsonaro (PL) de ameaças. A investigação concluiu que a jovem apresentou uma denúncia falsa contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
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