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Repórteres Sem Fronteiras promove intercâmbio entre Manaus e Recife

Repórteres Sem Fronteiras promove intercâmbio entre Manaus e Recife
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Jornalista da Ação Comunitária Caranguejo Uçá, Edson Fly veio ao Amazonas conhecer de perto a realidade das comunidades tradicionais do estado. Na imagem acima, Edson Fly entrevista pescador no Lago do Aleixo (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real).


Manaus (AM) – O Programa de Apoio ao Jornalismo (Pajor) da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), organização internacional dedicada à defesa da liberdade de imprensa e de expressão, promoveu de 12 a 16 de novembro o intercâmbio do jornalista Edson da Cruz Correia Fly, do núcleo de comunicação e jornalismo comunitário Caranguejo Uçá, de Recife (PE), com a agência de jornalismo investigativo Amazônia Real, com sede na capital amazonense. 

No domingo (13), o jornalista Edson Fly visitou as comunidades ribeirinhas da Colônia Antônio Aleixo e do Lago do Aleixo, na zona leste de Manaus, acompanhado do editor de Fotografia da agência, Alberto César Araújo. No dia seguinte, participou da reunião de pauta híbrida (online e presencial) na redação com editores, repórteres, mídias sociais e outros colaboradores da Amazônia Real, além de participar de debates e discussões sobre os temas pautados. Edson também fez uma visita a Associação das Mulheres Indígenas Sateré Mawé (Amism), no bairro Compensa 2, na zona oeste de Manaus, onde teve oportunidade de entrevistar e conhecer o trabalho da artesã Sônia Regina Vilacio. Ela é uma das coordenadoras da associação fundada em 1992 pela sua mãe, Zenilda da Silva Vilacio, liderança política da etnia Sateré Mawé, falecida em 2007.

“O que mais me impactou aqui foi como as pessoas são aterradas, como são originárias. Os questionamentos me impactaram bastante também, porque me identifico com os questionamentos quando se trata da Amazônia Real, porque são as pautas que nós (Caranguejo Uçá) defendemos”, disse o jornalista Edson Fly.

Edson Fly entrevistando a artesã Sônia Regina Vilacio
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

O Pajor no Brasil é um projeto pioneiro de fortalecimento de ecossistemas locais de mídia, e faz parte da iniciativa internacional Defending Voices, desenvolvida em parceria com a Repórteres sem Fronteiras Alemanha (Reporter ohne Grenzen) e financiada pelo Ministério da Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha (sigla BMZ). Oito organizações de mídias independentes participam do Pajor: Amazônia Real, Caranguejo Uçá, Marco Zero Conteúdo, Alma Preta, Nós Mulheres da Periferia, Fala Roça, Data Lab e Rede Wayuri.

Direto da comunidade Ilha de Deus, território tradicional pesqueiro de Recife, a ação comunitária Caranguejo Uçá atua em diversos campos, como cinema, música e dança, desde o começo dos anos 2000, usando da arte para facilitar o diálogo e entendimento entre a população e a iniciativa. “Nosso trabalho tem muito a ver com a ancestralidade e com a incidência política. Nós, do Caranguejo Uçá, oferecemos nossos corpos, com todo o nosso conhecimento, pela igualdade, pela justiça social, pelo respeito às mulheres, às crianças e aos idosos, e queremos que as oportunidades para essas pessoas sejam de fato compartilhadas”, afirma Fly.

Ferramenta necessária

Reunião de pauta da Amazônia Real
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

O jornalista do Caranguejo Uçá cita ainda a expressiva necessidade das mídias independentes em levantar questões no País e chama atenção para o fato de jornalistas estarem ameaçados neste momento. “É uma ferramenta necessária e de importância imensurável no nosso País. A gente, de fato, está colocando a mídia convencional no lugar dela. Nossa maneira de nos reportamos e de expor as situações de maneira não factual nos fortalece bastante, e nos mostra que estamos no caminho certo. Fazer esse trabalho da maneira que fazemos pode ferir o ego dos outros, por isso estamos em constante perigo de vida. Não somos só jornalistas, somos retratadores de uma realidade que precisa ser reparada”, diz.

Para o jornalista e editor de fotografia da Amazônia Real, Alberto César Araújo, a vinda de Fly a Manaus demonstra a importância de se estar em contato com as mídias independentes de outras regiões. “Há uma ligação histórica entre o Nordeste e o Norte do Brasil, mas na maioria das vezes estamos bem distantes. São realidades distintas”, analisa. O jornalista do Caranguejo Uçá conheceu também a história dos pescadores das comunidades tradicionais do Amazonas, entre eles os ribeirinhos do Lago do Aleixo, em Manaus. Alberto acredita que a visita de Fly ao Amazonas pela primeira vez dará a ele uma percepção ampla da complexidade que é a região.

“O Fly vem de uma comunidade de pescadores lá do Recife, e aqui é uma outra realidade. Ele viu o período de seca, então ele pode documentar toda a dificuldade dos pescadores nesse período, a baixa dos rios e tudo mais. Eu acho que ele vai sair daqui um pouco mais desmistificado não só daquela Amazônia exótica, como geralmente as pessoas à primeira vista veem a Amazônia, mas da realidade das pessoas que aqui vivem. Para nós, da Amazônia Real, é sempre um prazer receber as pessoas e tentar mostrar um pouco do nosso trabalho, como funciona a nossa dinâmica e nossa forma de se relacionar com as comunidades tradicionais”, conclui  o editor de fotografia.

“A vinda do Fly a Manaus, representante do Caranguejo Uçá, foi muito mais do que um simples intercâmbio. Foi um processo de diálogo, conhecimento, troca de percepções e busca por nossa própria história. Revisitamos em nossas conversas preocupações comuns, como a violação de direitos das populações vulneráveis e a desigualdade, mas iniciativas propositivas pelo bem comum. O jornalismo deve ser isso também. Discutir e analisar a atualidade de temas que fazem parte de nosso trabalho e de nosso dia a dia em nossos cotidianos pessoais”, diz Elaíze Farias, editora de conteúdo da agência.

No início de agosto deste ano, Elaíze e a jornalista Kátia Brasil, ambas co-fundadoras da Amazônia Real, participaram da experiência do intercâmbio da RSF em São Paulo. Elas foram recebidas pela diretora administrativo-financeira Elaine Silva, na sede da Alma Preta Jornalismo, uma agência especializada na temática racial. “Como parte do intercâmbio, as duas mídias irão produzir uma reportagem especial. Esse tipo de parceria é muito importante para a mídia independente, pois fortalece o jornalismo que praticamos sobre temas e pessoas invisibilizadas em nossa sociedade, além de promovermos pautas sobre o antirracismo, algo que deveria está na pauta do dia de toda a imprensa brasileira”, disse Kátia Brasil, editora-executiva da Amazônia Real.

Jornalismos Plurais

Wérica Lima e Edson Fly entrevistando o ativista ambiental Valter Calheiros
(Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Entre 25 a 26 de novembro, a Repórteres Sem Fronteiras promove a 1ª Conferência de Jornalismos Plurais, na sede do Centro Luiz Freire, em Olinda (PE). O encontro vai debater o cenário da liberdade de expressão no País a partir da perspectiva de iniciativas comprometidas com o direito à comunicação. 

O evento é uma realização da RSF no âmbito do Pajor, em parceria com as oito mídias independentes. “A conferência celebra a pluralidade e a diversidade de formatos e modos do fazer jornalístico, promovendo painéis de discussão sobre os desafios, os avanços e o futuro da atividade no Brasil. Serão, ao todo, sete mesas de discussão e seis oficinas”, diz a RSF. 

A inscrição é gratuita e deve ser feita pelo Sympla.

Conheça a programação completa e faça a sua inscrição no link:
https://www.instagram.com/p/ClCPotrr9pU/?igshid=MDJmNzVkMjY=


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