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Raphael Alves exibirá fotografias da crise Yanomami em Londres

Raphael Alves exibirá fotografias da crise Yanomami em Londres

Fotojornalista recebeu menção honrosa no Sony Awards Photography 2024 com o ensaio “A Queda do Céu”, um retrato da crise humanitária na Terra Indígena Yanomami (Foto: Raphael Alves/EFE).


Manaus (AM) – Raphael Alves, premiado fotógrafo e jornalista amazonense e colaborador de veículos nacionais e internacionais, entre eles a Amazônia Real, recebeu uma menção honrosa na categoria Documentário do Prêmio Sony Awards Photography, um dos mais prestigiados do mundo. 

O trabalho dele, um ensaio para a agência de notícias espanhola EFE, retrata a crise humanitária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. As fotografias serão exibidas na exposição mundial do evento, que começa em Londres, no Reino Unido, na galeria Somerset House.

O fotógrafo já acompanhava as denúncias sobre a fome e as doenças que assolam o povo Yanomami, além da invasão desenfreada do garimpo ilegal. Diante disso, decidiu ir para a TI Yanomami no início de 2023. Como em muitas coberturas jornalísticas, o acesso foi dificultado e Alves não conseguiu entrar nas áreas onde ficam localizadas as aldeias. Mesmo assim, fotografou em rotas de trânsito de garimpeiros, em uma área erma do município de Alto Alegre e sobrevoou o território o suficiente para se deparar com a devastação.

“Não consegui ir à TI, como outros veículos conseguiram. Havia a barreira do idioma, muitas coisas que dificultavam. Todo dia era buscar algo novo, algo que ajudasse a entender tudo que estava acontecendo ali, mantendo o respeito, obviamente”, disse à Amazônia Real.

O fotógrafo também esteve em Boa Vista, onde registrou o resgate de crianças Yanomami, as principais vítimas da tragédia humanitária. Ao encontrar a situação de calamidade, o jornalista ficou revoltado. “É algo sobre o qual a gente lê, ouve e vê, mas ainda assim não encontra palavras para explicar. É doloroso ver que a ganância do ser humano passa por cima de culturas, da história e sobretudo de vidas. Certamente, como ser humano, a gente se revolta”.

Ele ressalta que o processo de produção das fotografias o fez refletir sobre como os Yanomami e a Amazônia são esquecidos pelas políticas públicas, pelas autoridades e pela grande mídia. O artista espera que a exposição direcione os olhares do mundo para a causa desse povo. 

O título do trabalho premiado faz referência ao livro “A Queda do Céu”, do xamã Davi Kopenawa em parceria com o antropólogo francês Bruce Albert. A ligação das imagens de Alves com a literatura está em denunciar os efeitos da destruição da natureza no território Yanomami.

“Davi Kopenawa vem nos alertando sobre ‘a queda do céu’. O que ele disse, sobre a sabedoria dos povos que não são da floresta nada poder fazer diante das consequências de destruí-la, já está acontecendo. Nenhuma tecnologia ou dinheiro pode evitar os efeitos das mudanças climáticas. Nenhuma fortuna pode salvar as vidas do envenenamento do ar e das águas. Nenhuma invenção do capitalismo desenfreado e predatório pode trazer a vida de quem se foi. Aquelas fotos que fiz são apenas um pouco dos efeitos da destruição. Mas essa destruição já tem deixado efeitos pelo mundo todo”, analisa.

Sobre como lida com a linha tênue entre documentário e fotojornalismo no seu trabalho, Raphael Alves diz que a diferença entre as duas categorias é apenas o “aprofundamento na questão”. “O que me cabe é fotografar e tentar abordar o assunto por meio de imagens”. 

O jornalista afirma que, durante o tempo em que esteve em Roraima, buscou ler e entender sobre a questão dos Yanomami para que as imagens falassem sobre o tema de forma respeitosa e que mantivessem a dignidade das pessoas envolvidas. 

“Eu costumo dizer que cada fotografia que faço é uma pergunta que faço a mim mesmo. Sou apenas um fotógrafo. Não sou especialista nos assuntos que fotografo, apesar de que para todos eles realizei pesquisas. Mas as fotógrafas e fotógrafos vêem, sentem quando [os problemas] estão presentes. Acho que isso nos dá algo a mais para refletir sobre determinados assuntos. O que eu busco em cada trabalho é convidar outras pessoas a se perguntar a refletir sobre o assunto abordado. Espero conseguir”.

Outros trabalhos

Autorretrato de Raphael Alves e um detalhe de uma da série “Umicidade” sobre a relação da cidade com as águas.

Nascido em Manaus, Raphael Alves estudou Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Fotografia na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Artes Visuais no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Obteve também o título de Master of Arts em Fotojornalismo e Fotografia Documental na London College of Communication/ University of the Arts, em Londres, na Inglaterra.​

Ele é membro do projeto Everyday Brasil. Seus projetos autorais são dedicados à compreensão do papel e posicionamento do ser humano no espaço dividido pela natureza e o urbano. Já ganhou centenas de prêmios, entre eles, o primeiro lugar na categoria “La pandemia en Ibero America” no Pictures of the Year Latin America (POY Latam), 2021, pela sua cobertura da Covid-19. “A pandemia e o descaso cobraram um preço altíssimo: vidas. Milhares delas, agora, enterradas no isolado território amazonense”.

Ainda em 2021, recebeu menção honrosa no Siena Photo Awards, venceu o XXVII Concurso Latinoamericano de Fotografía Documental e foi contemplado com a bolsa editorial da Getty Images. Em 2022, seu trabalho foi premiado no POY International. No mesmo ano, recebeu o terceiro lugar no Prêmio Fundação Conrado Wessel (FCW) de Fotografia. Em 2023, foi um dos premiados no BarTur Photo Award.


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