O boi-bumbá é o símbolo da manifestação folclórica parintinense, é a principal estrela do espetáculo durante as três noites de Festival. E é do tripa, nome dado ao homem responsável pelo movimento do boi durante a apresentação no bumbódromo, a missão de colocar em movimento a magia amada dessa festa.
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O item 10 no Festival Folclórico de Parintins tem como méritos evolução e encenação e os elementos comparativos geometria idêntica, leveza, coreografia e movimentos de um boi real.
O Portal Amazônia conversou com os homens que trazem vida a esse item tão querido pelas galeras: Alexandre Azevedo, tripa do boi Caprichoso, e Batista Silva, tripa do boi Garantindo.
Alexandre, tripa do boi Caprichoso, contou com quais produtos é produzido o item carregado com tanto orgulho por ele, e como é produzida a fumaça que sai de suas narinas na hora do espetáculo.
“Ele é feito de materiais como isopor, esponja, fibra de vidro e veludo. Quanto o soltar a fumaça, ela é feita com um sistema com tubos que vão para a narina dele e tudo que você vai ver sendo feito como abrir e fechar a boca, eu faço com a minha mão, tudo manualmente”, explica.
O tripa do Garantido, Batista, contou que por algumas vezes chegou a ficar com algumas marcas e arranhões no corpo ao carregar o item e relatou ainda alguns segredos, como a matéria prima que é produzido o rabo do item, um produto muito conhecido nas cidades de várzea da Amazônia: a juta.
“O nosso boi de pano é construído de fibra de vidro, espoja e juta, um produto que vai no rabo. Com o peso ele nunca me machucou, o que acontece às vezes é ter alguns riscos nos dedos e no ombro. Os movimentos são todos manuais e a única coisa que não é manual é a fumaça, que a gente assopra”, disse Batista.
E quanto ao peso carregado pelos tripas por cerca de 2 horas e 30 minutos no Bumbódromo, em cada uma das três noites de festival?
A assessoria do Garantido informou que o item pesa 14 kg, informação confirmada por Batista. Já o tripa do Caprichoso afirmou que o item carregado por ele pesa de 13 a 15 kg.
Os tripas revelaram ainda, que para aguentar as muitas horas de dança e gingado cênico é indispensável uma boa alimentação e a prática de atividade física.
“Eu treino o ano todo, eu faço crossfit e foi o exercício que eu descobri que me dá a resistência pra desempenhar bem o papel que eu faço. Então eu já treino faz muito tempo e, graças a Deus, até hoje tá dando certo”, disse o tripa do boi Caprichoso.
“Geralmente a gente se alimenta uma hora antes e depois só fruta. A minha preparação só na academia mesmo, o máximo de dias que eu consigo”, explicou o tripa do Garantido.
Alexandre Azevedo é prova do amor repassado de pai para filho. O talento de Marquinho Azevedo, ex-tripa do Caprichoso, é visto a cada movimento e palavra emocionada do herdeiro.
“Eu sinto muito orgulho de desempenhar esse papel, de carregar um dos maiores símbolos do Norte, que é o boi Caprichoso, que foi uma herança passada pelo meu pai. Ele foi 26 anos o tripa oficial, a alma do boi Caprichoso, e passou para mim. Eu me sinto muito honrado em ter recebido esse legado dele”, finalizou Azevedo.
Batista Silva, tripa que dá vida ao item 10 do garantido, contou como é o critério de permanência no seu posto e definiu como se sente em fazer parte da história cultural da Região Norte.
“O tripa não tem um tempo certo pra deixar de ser um tripa, enquanto ele estiver com preparo físico em dia e se esforçando para levar a nota 10, ele continuará. Eu me sinto muito orgulhoso, orgulho me define, maior orgulho que eu tenho na vida é dar a vida ao Garantido”, concluiu Batista.
*Por Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Portal Amazônia e são de total responsabilidade do autor.
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