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ToggleO paricá pode ser produzido a partir da Virola pavonis, planta com efeitos alucinógenos. Foto: Reprodução/PlantNet
Distante cerca de 45 quilômetros de Manaus (AM), o distrito de Paricatuba é conhecido, principalmente, por suas ruínas históricas, construção que data do final do século XIX para abrigar imigrantes italianos, mas que foi utilizada como escola, presídio e até leprosário ao longo do século XX.
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Mais recentemente, o local se tornou um importante polo turístico do estado do Amazonas.
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Uma curiosidade é que, etimologicamente, Paricatuba é “o lugar com grande concentração de paricás”. Mas, afinal, o que significa paricás?
Na região amazônica, paricá é o nome dado pelos povos originários para o rapé feito com cascas de diversas árvores, ou seja, uma erva alucinógena com efeitos psicodélicos.
Evidências arqueológicas
Um artigo publicado na Universidade Federal do Pará (UFPA), aponta que o uso desses alucinógenos, como mostram algumas referências etnográficas presentes no estudo, é comum nas populações da América do Sul e Central.
“Para muitos grupos indígenas das florestas tropicais americanas, agentes narcóticos e estimulantes desempenham um papel importante nas relações sociais e culturais. A inalação de substâncias psicoativas em forma de rapé, por exemplo, é comum no Oeste e Noroeste da Amazônia, na Guiana, no Caribe, na Amazônia média e baixa, no Gran Chaco e também nas regiões andinas”, aponta o artigo.
Substâncias
A substância básica para a preparação do paricá pode ser obtida através de diversas plantas que contém alcalóides, substância com propriedades psicodislépticas, o que significa que causam alucinações auditivas ou modificações nas percepções auditivas.
Algumas das plantas utilizadas no preparo do paricá são espécies de leguminosas: angico-vermelho (Anadenanthera peregrina), acácia-mimosa (Mimosa acacioides) e angico-preto (Piptadenia peregrina).
Outra substância psicoativa semelhante ao rapé, que também é conhecida como o paricá, é feita de folhas ou da casca de plantas da família da noz-moscada, a Epena (Virola pavonis).
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Um dos modos de preparo é retirando as cascas e raízes e a triturando. O material é espremido e o líquido das raspas é cozido até engrossar. A resina é posta para secar e, às vezes, se misturam extratos de outras plantas como temperos.
Existem também registros do século XIX, que os muras realizavam uma espécie de festival para inalar paricá e sopravam dentro das narinas do companheiro, depois da execução ritualística.
Informações técnicas foram reunidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) AQUI.
A planta Paricá
Além desta particularidade, existe a planta popularmente conhecida como Paricá (Schizolobium amazonicum). Em outros estados da região ela também pode ser conhecida como, por exemplo: canafista (Acre), guapuruvu-da-amazônia (Distrito Federal), paricá-da-amazônia (Mato Grosso), faveira (Pará) e bandarra (Rondônia).
O nome genérico Schizolobium significa ‘legume partido’ e o específico amazonicum é porque o material foi coletado na Amazônia brasileira. Sua árvore pode chegar até os 40 metros de altura. Saiba mais AQUI.
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