Os caranguejos-da-neve (Chionoecetes opilio) são parte importante do ecossistema no mar de Bering, no norte do oceano Pacífico, além de movimentarem a economia da costa do Alasca. A população é bem estudada e cientistas mantêm dados sobre a quantidade de animais desde 1975. Em 2020, a pesquisa não foi realizada devido à pandemia de coronavírus e quando o levantamento retornou, em 2021, os números assustaram.
Cody Szuwalski, líder da pesquisa que descobriu o que aconteceu com os caranguejos, afirmou, em entrevista à CNN, que na época a esperança de toda a comunidade científica era de que houvesse algum erro na coleta de dados. Infelizmente, os números de 2022 comprovaram as suspeitas: estima-se que a população do caranguejo da neve sofreu uma redução de cerca de 10 bilhões de indivíduos.
Agora, os cientistas finalmente descobriram o que causou esta diminuição repentina. Szuwalski, do National Oceanic and Atmospheric Administration, em Seattle, e outros pesquisadores publicaram o artigo na revista Science.
Os caranguejos da neve vivem em profundidades média de 200 metros. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
O que aconteceu com os caranguejos da neve?
De acordo com os resultados, uma série de eventos colaborou para este extermínio em massa, mas o principal fator foi o aumento da temperatura das águas onde os caranguejos viviam. Entre 2017 e 2018, as águas do norte do oceano Pacífico atingiram um recorde, quando a média da temperatura subiu de 0 °C para 3 °C.
Segundo a pesquisa, nesta nova temperatura, os caranguejos precisam do dobro de calorias para continuar vivendo.
O impacto na necessidade de calorias afetou a compleição anatômica dos animais. Os caranguejos medidos antes do início da onda de calor eram consideravelmente maiores dos que os capturados depois. Ainda assim, os animais menores precisavam de mais calorias para sobreviver.
Para o azar dos caranguejos, esta mudança ocorreu quando a população alcançava números recordes, o que aumentou a competição por comida.
A superpopulação gerou outros problemas. Entre eles, atraiu mais predadores, especialmente o bacalhau-do-pacíifico (Gadus macrocephalus) e também cooperou para o início de comportamentos canibais, com os caranguejos maiores comendo os mais jovens. Por fim, o aumento da pesca e das doenças ajudou a diminuir a população.
Amplamente consumidos nos Estados Unidos, os caranguejos da neve movimentam uma indústria milionária da pesca no Alasca. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Segundo os pesquisadores, o futuro da presença do caranguejo-da-neve na costa do Alasca é uma incógnita. Por hora, a espécie sobrevive com números bem menores que migraram mais ao norte em busca de águas mais frias.
No artigo, os cientistas alertaram para a necessidade de enfrentar os efeitos do aquecimento global com urgência. Em poucos anos, uma população quase foi extinta e isso vai alterar todo um ecossistema. Além disso, os impactos sociais ainda não foram medidos. Os caranguejos da neve alimentavam a indústria de pesca da região, realizada principalmente por comunidades locais. Os pesquisadores estimam que os animais eram responsáveis por movimentar cerca de US$ 150 milhões anualmente.
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