O ativista Paul Watson, fundador das organizações ambientalistas Greenpeace, Sea Shepherd e Captain Paul Watson Foundation (CPWF), onde milita atualmente, foi preso neste domingo (21), em Nuuk, capital da Groenlândia. A prisão foi feita pela polícia federal da Dinamarca, que tem soberania sobre a ilha, sob alegação de cumprimento de um mandado de prisão internacional emitido pelo Japão. O protetor de baleias está detido em Nuuk, e ainda não se sabe se ele será extraditado para o país asiático, diz a CPWF.
Watson era procurado pela justiça japonesa, com direito a alerta vermelho na Interpol, desde 2012. Como mostrou o Ecoa UOL, o mandado de prisão se deu por conta de uma de suas clássicas “batalhas navais” – ele costuma entrar em choque com navios que atuam de forma “ilegal ou excessiva” na caça a baleias, danificando-os ou até os afundando. “Estamos completamente chocados”, disse Locky MacLean, diretor de operações navais da CPWF. “O alerta vermelho havia desaparecido há alguns meses”, afirmou.
“Ficamos surpresos, porque isso poderia significar que o mandado foi cancelado ou tornado confidencial. Agora sabemos que o Japão o tornou confidencial para levar Paul a uma falsa sensação de segurança. Imploramos ao governo dinamarquês que soltem o capitão Watson e não aceite este pedido politicamente motivado”, pediu o ambientalista.
Segundo a CPWF, Watson foi processado no Japão por operações contra “pesquisas baleeiras” japonesas na Antártica, que foram declaradas ilegais pela Corte Internacional de Justiça em 2014 – o país interrompeu a prática apenas em 2016, passando a permitir a caça apenas em suas águas territoriais.
“A CPWF acredita que o Japão planeja retomar a caça a baleias em alto-mar no Oceano Antártico e no Pacífico Norte já em 2025, e a reativação do alerta vermelho contra o capitão Watson é politicamente motivada e coincide com o lançamento do recém-construído navio-fábrica processador de baleias”, argumentou a organização ambientalista.
Segundo a nota, assim que o navio M/Y John Paul DeJoria, pertencente à organização, atracou em Nuuk para abastecer, “mais de uma dezena” de policiais e agentes especiais dinamarqueses invadiram a embarcação e levaram Watson algemado.
A tripulação estava em meio a uma missão com objetivo de confrontar o navio baleeiro japonês Kangei Maru, tendo partido de Dublin, na Irlanda, no dia 11. A rota passaria pela chamada Passagem do Noroeste, que margeia a Groenlândia, o norte do Canadá e permite acesso ao Japão pelo Estreito de Bering, entre a Rússia e o Alasca.
“O plano é ir atrás do maior e mais perigoso navio baleeiro, o Kangei Maru, e encerrar suas operações”, afirmou Watson, ainda em Dublin. “Nós precisamos ir até o Pacífico, e a rota mais curta é através da Passagem do Noroeste”, disse, em material divulgado pela própria organização. “O novo navio-fábrica do Japão, o Kangei Maru, não pode ser autorizado a retornar a caça baleeira em alto-mar”, reforçou Locky MacLean, à época.
O Kangei Maru, lançado ao mar pela primeira vez em maio, é chamado de “navio-fábrica” por ter uma unidade própria de processamento da carne das baleias, como explicou a IstoÉ. A prática da caça a baleias é proibida na maior parte do mundo, mas ainda é atualmente permitida no Japão, na Noruega e na Islândia – que chegou a proibi-la por 2 meses no ano passado, mas voltou a autorizar as caçadas ao fim deste prazo.
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