Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
patativa do assare diario do nordeste 768x432.jpg

Patativa do Assaré: um poeta popular do sertão

Patativa do Assaré: um poeta popular do sertão

Patativa do Assaré foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina do século XX. Nascido em 1909 no sítio Serra de Santana, no município de Assaré, no Ceará, ele se destacou como poeta, compositor, cantor e improvisador, usando uma linguagem simples, mas poética, para retratar a vida sofrida e árida do povo do sertão.

Seu nome verdadeiro era Antônio Gonçalves da Silva, mas ele ganhou o apelido de Patativa por causa da beleza do seu canto, comparado ao dessa ave nativa da Chapada do Araripe. Ele teve uma infância pobre e difícil, perdendo a visão de um olho aos seis anos e o pai aos oito. Teve que trabalhar na roça para ajudar a família e frequentou a escola apenas por quatro meses, mas foi o suficiente para aprender a ler e se apaixonar pela poesia.

Aos 16 anos, ele comprou uma viola e começou a fazer repentes com os motes que lhe eram apresentados. Aos 20 anos, ele começou a viajar pelo Nordeste e se apresentar na rádio. Foi descoberto pelo jornalista José Carvalho de Brito, que publicou seus textos no jornal “Correio do Ceará”. Ele também incorporou o nome da sua cidade ao seu pseudônimo.

Patativa do Assaré se projetou nacionalmente com o poema “Triste Partida”, em 1964, musicado e gravado por Luiz Gonzaga. Esse poema retrata a saga dos retirantes que fogem da seca em busca de uma vida melhor no Sul. Ele também ficou conhecido como um “poeta social”, por denunciar as injustiças e desigualdades que afetavam o povo nordestino.

Ele publicou vários livros de poesia, como “Inspiração Nordestina” (1956), “Cante Lá que Eu Canto Cá” (1978), “Ispinho e Fulô” (1988) e “Aqui Tem Coisa” (1994). Seus livros foram traduzidos em vários idiomas e foram tema de estudos na Sorbonne, na cadeira de Literatura Popular Universal.

Patativa do Assaré foi casado com Belinha e teve nove filhos. Ele morreu em 2002, aos 93 anos, deixando um legado de mais de mil poemas e um reconhecimento como um dos maiores poetas populares do Brasil.

Vaca Estrela e Boi Fubá é um poema de Patativa do Assaré que foi musicado e gravado por vários artistas, como Fagner e Rolando Boldrin. O poema conta a história de um sertanejo que perdeu seu gado por causa da seca e teve que migrar para o sul, sentindo saudade da sua terra e do seu ofício de aboiador. A letra é a seguinte:

Seu doutor me dê licença pra minha história contar/ Hoje eu tô na terra estranha, é bem triste o meu penar/ Mas já fui muito feliz vivendo no meu lugar/ Eu tinha cavalo bom e gostava de campear/ E todo dia aboiava na porteira do curral /Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá

Eu sou filho do Nordeste, não nego meu naturá /Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá/ Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar/ Minha linda/ Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá/ Quando era de tardezinha eu começava a aboiar /Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá

Aquela seca medonha fez tudo se atrapalhar/ Não nasceu capim no campo para o gado sustentar/ O sertão se estorricou, fez o açude secar/ Morreu minha Vaca Estrela, se acabou meu Boi Fubá/ Perdi tudo quanto eu tinha, nunca mais pude aboiar/ Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá

Hoje nas terra do sul, longe do torrão natá/ Quando eu vejo em minha frente uma boiada passar /As água corre dos olho, começo logo a chorá /Lembro a minha Vaca Estrela e o meu lindo Boi Fubá/ Com saudade do Nordeste, dá vontade de aboiar/ Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela Ô ô ô ô Boi Fubá

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn

Postes Recentes

FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO

Redes Sociais: