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Os 10 nomes da cena LGBTQIAPN+ que despontam para além do Amazonas

Os 10 nomes da cena LGBTQIAPN+ que despontam para além do Amazonas

(Foto: Mídia Ninja)

Manaus (AM) – Neste dia 28 de junho, data em que é celebrado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, a agência Amazônia Real selecionou o perfil de dez nomes da comunidade que estão se destacando na cena regional e nacional. São artistas, estilistas, ativistas e coletivos que causam  impacto sociocultural por seus trabalhos reconhecidos por toda a sociedade.

O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, sigla adotada pela Amazônia Real para garantir a visibilidade de todas, todos e todes os gêneros, nasceu como um símbolo da resistência a partir dos confrontos entre manifestantes e policiais na “rebelião de Stonewall”, em 1969.

O bar Stonewall Inn, localizado no bairro Greenwich Village, em Nova York (EUA), foi alvo de uma invasão de policiais no dia 28 de junho daquele ano sob a alegação de que a venda de bebida alcoólica era proibida no local. Muitas travestis e drag queens foram presas e agredidas na abordagem violenta. Houve revolta e a comunidade LGBTQIAPN+ foi às ruas protestar nos arredores, demonstrando orgulho de ser quem eram e confrontando a polícia.

Os protestos duraram seis dias, mobilizando milhares de pessoas em diversos pontos de Nova York e fazendo com que o ativismo pelos direitos LGBTQIAPN+ ganhasse o debate público e as ruas. Nos anos seguintes, a data foi relembrada em manifestações em diversas cidades do país, dando origem à primeira marcha de Orgulho Gay, em 1970, e às paradas como conhecemos hoje por todo o mundo. Em 2015, o bar foi declarado monumento histórico da cidade pela Prefeitura de Nova York e, um ano depois, decretado o primeiro monumento nacional aos direitos da comunidade pelo ex-presidente Barack Obama.

O Brasil ficou conhecido como o país que realiza todos os anos, no mês de junho, a maior parada do Orgulho LGBTQIAPN+ do mundo, com milhares de pessoas comemorando e celebrando em São Paulo. Eventos e paradas celebram as vitórias históricas e reforçam a luta para garantir os direitos da comunidade. A cena se repete em várias capitais do país.

Conheça os personagens que fazem história no Amazonas:

Andira Angeli

Andira Angeli é uma multi artista independente manauara e trabalha com arte há sete anos (Foto: Dominique Jaci)

Andira Angeli é uma multi artista independente manauara e trabalha com arte há sete anos, transitando pela dança, teatro e circo. Pesquisadora marginal, Andira atua também como produtora cultural na Casa Miga LGBT, promovendo rodas de conversa e inclusão a pessoas trans e travestis. Atualmente trabalha como atriz com a companhia de teatro Atêlie 23, no espetáculo “Cabaré Chinelo”, que tem lotado os teatros manauaras em suas temporadas de 2023.

“Como travesti, é muito importante ocupar a cena independente, porque as pessoas não veem a gente nesses lugares de arte. Eu quero transitar pelas multilinguagens e minhas narrativas travestis, quero fazer um espetáculo de teatro voltado para a população trans”.

Auá Mendes

Auá Mendes é uma artista que usa suporte multimídias para elaborar seus trabalhos (Foto: Bruna Pereira)

Indígena Mura transvestigênere, natural de Manaus (AM), Auá Mendes é designer gráfica, ilustradora, grafiteira, performer, maquiadora artística e fotógrafa experimental. Usa suportes bidimensionais ou tridimensionais, analógicos e digitais, para elaborar seus trabalhos. Tem como posicionamento a retomada do seu espaço de fala, que é massacrado pela cisnormatividade padrão e branca existente na sociedade. Utiliza suas obras como ferramenta de fala e política, do corpo marginalizado preto, indígena e transvestigênere.

Banana Frita 

A Banana Frita é um movimento independente de artes integradas de Manaus (Foto: David Martins – Efronito)

A Banana Frita é um movimento independente de artes integradas de Manaus, que, desde 2021, reúne artistas de música eletrônica, design, performance e outras vertentes, para fomentar a cena artística experimental e LGBTQIAPN+ na capital.

O coletivo nasceu no contexto da pandemia de Covid-19, fundado por Dreko e Robson Moura. Hoje, conta com um elenco de DJs residentes formado por Dreko, lluaninha e Koka. Os cofundadores assinam ainda a produção, juntamente com Léo Leão. O movimento tem exportado talentos para outras cenas: é o caso da DJ residente Koka, convidada a participar do line-up da Mamba Negra (SP), um dos principais eventos LGBTQIAPN+ de música eletrônica do país.

“Para além dos experimentos musicais, a Banana Frita também é um espaço da contracultura para apresentações de performers da cena ballroom de Manaus, como Xuri LaPlata e Andira Angeli, e experimentos estéticos sob a direção de arte de David Martins (Efronito). Assim, o movimento tem se estabelecido como um polo criativo em plena efervescência, além de um espaço acolhedor e seguro para o público LGBTQIA+ se expressar livremente e, em muitos casos, ter sua primeira experiência com a música eletrônica”.

Karen Francis 

Karen Francis é cantora, compositora e instrumentista, natural de Maués, interior do Amazonas (Foto: Juliana Pesqueira)

Karen Francis é cantora, compositora e instrumentista, natural de Maués, interior do Amazonas. Representante distinta do R&B e afrobeat contemporâneos produzidos no Norte do país, sua musicalidade une raízes da música negra, sonoridades africanas e influências de rap, MPB e gospel. A paixão pela música, que a acompanha desde a infância, quando aprendeu a tocar violão, tem rendido frutos que hoje se espalham mundo afora: em 2022, Karen Francis levou suas canções sobre relacionamentos, sexualidade, ancestralidade e negritude ao palco do festival Primavera Sound, em São Paulo, na programação do Primavera na Cidade. A artista também estampou telões recentemente na Times Square, em Nova York, após ser anunciada como uma das selecionadas da turma 2023 do Black Voices Music/Fundo Vozes Negras, uma iniciativa do Youtube. No repertório, conta com o EP de estreia “Acontecer” (2018) e sua releitura, “Acontecer – Ao Vivo” (2021). Agora em uma nova fase da carreira, deu o pontapé inicial em seu disco de estreia com os singles “Expectativa” (2021) e “Confissão” (2022) – este último com participação da rapper e cantora Anna Suav, do Pará, produzido dentro das Seletivas Se Rasgum Amazônia Legal, do Festival Se Rasgum (PA). O álbum deve ser lançado no segundo semestre de 2023.

Luiz Tanak 

Luiz Tanak é blogueiro e comunicador, nascido em Manaus (Foto: reprodução das redes sociais)

Luiz Tanak é blogueiro e comunicador, nascido em Manaus. Em 2020, no contexto da pandemia de Covid-19, sentiu vontade de se expressar e contar suas histórias. Foi quando a internet entrou em sua vida de maneira que pudesse compartilhar quem é. Seu conteúdo aborda, entre outras coisas, temáticas em defesa da comunidade LGBTQIAPN+, humor e moda. Tanak também comanda o podcast A Gatuxa Pod, programa onde entrevista e amplifica vozes da comunidade LGBTQIAPN+ do Amazonas.

“Nós da comunidade LGBTQIAPN+ precisamos que nossas vozes sejam ouvidas e pensando nisso eu criei o podcast. A Gatuxa Pod chegou para dar voz e espaço para a comunidade se sentir representada”.

Maria do Rio Negro

A atriz Maria Moraes em cena do filme “Clarice” – Cineastas em formação (Foto: Divulgação)

Maria do Rio Negro é atriz, roteirista e artista visual com foco em artes híbridas, instalações, fotografias e performances. Travesti e ativista LBTQIAPN+, Maria tem impacto social e cultural nacionalmente e internacionalmente através do curta-metragem “Maria”, protagonizado e roteirizado por ela, com direção de Elen Linth. Exibido em mais de 40 festivais e mostras de cinema, o filme totalizou 10 premiações e mostra o processo de Maria enquanto travesti em Manaus. Atualmente, a artista tem dois de seus roteiros circulando em festivais de cinema e desfiles de moda, sendo eles: “Alexandrina – Um Relâmpago”, que recria a presença através de performances, baseada nas pesquisas da historiadora Patrícia Mello sobre Alexandrina, a primeira mulher negra naturalista da Amazônia, produzido pela Picolé da Massa Produções; e o fashion film “Caminhos de Igarapé”, produzido para o desfile do estilista Maurício Duarte, na 54° edição da São Paulo Fashion Week.

“Como atriz quero me reinventar cada vez mais e interpretar feminilidades e mulheridades que estejam transcendendo o seu espaço e tempo. A gente sempre pode e deve mudar e, como mulher travesti, eu quero interpretar histórias que subvertem esse lugar histórico e cultural em que a gente foi colocada. Quero interpretar histórias de glória, de participação social, mas também continuar contando as histórias de superação das violências a qual a gente é submetida para que possamos continuar aprimorando as nossas existências, identidades, sentimentos e movimentos”.

Maurício Duarte

Desfile da coleção “Tramas” do estilista Mauricio Duarte no IBEU em Manaus (Foto: Nathalie Brasil)

O estilista Maurício Duarte é amazonense do povo indígena Kaixana.

Primeiro designer e estilista do Amazonas a participar da São Paulo Fashion Week, maior semana de moda da América Latina, apresentou sua primeira coleção, chamada “Tramas”, que recebeu esse nome por abordar a construção das cestarias indígenas, um patrimônio cultural dos povos originários do Amazonas. Para a produção da coleção, contou com a participação de 16 comunidades indígenas distintas, que contribuíram na confecção dos artesanatos, compartilhando conhecimentos, habilidades artísticas e conexões ancestrais. A ancestralidade indígena é estampada nas coleções de Maurício como uma forma dele se manter conectado com suas raízes, transmitindo a cultura de Manaus. Além de uma produção artesanal feita à mão, o estilista trabalha com uma produção consciente, usando tecidos ecológicos e outros que seriam descarte.

Miriã Mahsã

O Coletivo Miriã Mahsã nasceu em 2021 com o objetivo de ter um espaço de acolhimento entre indígenas LGBTQIAPN+ (Foto: Reprodução redes sociais)

O Coletivo Miriã Mahsã de Indígenas LGBTQIA+ foi idealizado em 2021 por Pedro Tukano e Thaís Dessana, em parceria com o Centro de Medicina Indígena Bahserikowi e o Centro de Cultura e Economia Criativa LGBTQIAPN+ Miga Sua Lôca. Surgiu a partir da visão do duplo preconceito direcionado a pessoas indígenas, que não se encaixam em conceitos heteronormativos. Dessa forma, o coletivo tem como um dos seus objetivos a criação de um espaço de acolhimento entre indígenas LGBTQIAPN+ para trocar vivências e diálogos sobre temas que os cercam, além de atuar levando o conhecimento quanto a existência da população LGBTQIAPN+ indígena em diferentes espaços e contextos, abordando conjuntamente as principais demandas deste grupo e promovendo a inclusão social de indígenas LGBTQIAPN+ do Amazonas, incentivando o protagonismo da comunidade por meio de manifestações culturais. Atualmente, o coletivo é coordenado por Pedro Tukano, Thaís Dessana e Kuenan Tikuna.

Uyra Sodoma

Uyra na 34ª Bienal de São Paulo (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real)

Artista visual trans e indígena do povo Munduruku, Uyra atua também como arte educadora e pesquisadora. Residente de Manaus, a artista usa o corpo como suporte para narrar histórias de sistemas vivos e suas violações, além de explorar a memória e diásporas indígenas, por meio de fotoperformances e performances. Em 2022, foi lançada a cinebiografia “Uýra – A Retomada da Floresta”, dirigida por Juliana Curi e escrita por Martina Sönksen e Uýra Sodoma, acompanhou Uýra em uma jornada de autodescoberta pela floresta amazônica, usando a sua arte performática para ensinar jovens indígenas e ribeirinhos que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da floresta amazônica. O longa já recebeu prêmios em festivais de cinema no exterior, como Melhor Documentário pelo Júri Popular no Frameline International LGBTQ+ Film Festival em São Francisco, na Califórnia; Melhor Longa-Metragem Indígena no Bend Film Festival; e Prêmio do Júri na London Film Week.

Vitória Pinheiro Galvão

Vitória Galvão em participação da COP26 (Foto: Acervo pessoal)

Vitória Galvão é ativista e pesquisadora amazonense. Negra, periférica e travesti, Vitória já foi indicada como Ponto Focal da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2022, representando as crianças e jovens da América Latina e Caribe. Seu trabalho é voltado para o fortalecimento de juventudes negras, LGBTQIAPN+, periféricas e indígenas, a partir de projetos sociais e educação. Ela também criou a organização Palmares Lab, onde hoje é diretora executiva. A organização pensa e cria soluções para a justiça social e defende políticas públicas para as juventudes periféricas de todo o país.


A foto que abre essa matéria mostra a parada LGBQIAP+ em Brasília (Foto: Midianinja -2017)


As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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