Cientistas do Sistema Global de Observação do Clima (GCOS) estão reunidos esta semana no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com uma tarefa que vai além da análise de qualidade dos dados climáticos produzidos no mundo. Na pauta da reunião, que teve início nesta segunda-feira (7), também estão o iminente corte de recursos do programa e os impactos que a política de Donald Trump terá na geração de dados climáticos pelos Estados Unidos.
O GCOS é um painel científico intergovernamental que trabalha na avaliação do estado das observações climáticas globais e produz orientações para melhorá-las. Presidido pela cientista brasileira Thelma Krug, o Sistema tem como objetivo assegurar que os dados climáticos gerados por diferentes organizações ao redor do globo sejam precisos, contínuos e de livre acesso.
Os cientistas que compõem o GCOS se reúnem periodicamente para avaliar as informações geradas sobre 54 variáveis que são consideradas essenciais para o clima, como concentração de CO2 na atmosfera, aumento do nível do mar, acidificação dos oceanos e a perda da camada de gelo no Ártico, por exemplo. São esses dados que subsidiam relatórios da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o próprio IPCC.
Em 2027 está programada a publicação de um relatório mundial de avaliação desses dados. Mas o encontro na sede do INPE também vai discutir como o GCOS pretende lidar com a iminente restrição de recursos do Sistema, devido aos cortes orçamentários promovidos por Trump.
Atualmente, o GCOS é co-patrocinado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (COI-UNESCO), pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pelo Conselho Internacional de Ciências (ISC).
Parte de seus recursos, nos últimos anos, no entanto, provêm do Departamento de Estado dos Estados Unidos. Segundo Thelma Krug, o corte pode chegar a 50% do orçamento destinado à manutenção do secretariado do GCOs.
“Não foi anunciado oficialmente que esse corte existirá, mas já estamos tomando as devidas precauções no sentido de estarmos preparados caso isso venha a acontecer. E a probabilidade não é baixa que isso aconteça”, disse a cientista brasileira, em entrevista a ((o))eco.
Além disso, os cientistas também avaliam como poderão preencher as possíveis lacunas de geração de dados climáticos americanos, com os cortes anunciados na última semana na Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA, na sigla em inglês).
Segundo a proposta de Trump, a Agência americana sofrerá um corte de US$ 2,2 bilhões em projetos de pesquisas, programas de subsídios e outras iniciativas em 2026.
Em um documento de “justificativa orçamentária” divulgado recentemente, que apresenta todos os detalhes do orçamento proposto pela NOAA, o governo mira no Escritório de Pesquisa Oceânica e Atmosférica (OAR), que deseja dissolver. O OAR é responsável por realizar e coordenar as pesquisas climáticas americanas.
“Nós estamos agora em uma situação bem complicada, geopoliticamente falando, porque os Estados Unidos podem parar de prover alguns desses dados. A gente não sabe. Então, vai ser também um dos motivos da reunião para a gente avaliar como é que a gente procede, se há substituições para, no caso dos Estados Unidos pararem de prover alguns dados”, explica Thelma Krug.
A reunião do Sistema Global de Observação do Clima acontece até a próxima quinta-feira (10), em São José dos Campos.
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