As aldeias da Terra Itixi Mitari, situadas no estado do Amazonas, enfrentam desafios diários relacionados ao manejo sustentável de recursos naturais. Dentre eles, a dificuldade de conseguir manutenção de motores de popa, essenciais para as atividades de vigilância, monitoramento e manejo do pirarucu.
Recentemente, a Sapopema, a Associação do Povo Indígena Apurinã da Terra Indigena Itixi Mitari – APIATI e Associação das Mulheres Indígenas Trabalhadoras da Terra Grande, com apoio do programa Floresta+ Amazônia, realizaram oficina sobre ‘Mecânica Básica de Motores de Popa’ na aldeia Santa Rita. A iniciativa foi uma demanda das próprias comunidades, que utilizam os motores para suas atividades cotidianas e de manejo do pirarucu.
Durante cinco dias, representantes de diversas aldeias participaram da oficina, incluindo jovens, mulheres e adultos. As atividades foram divididas entre teoria e prática, permitindo que os indígenas colocassem a mão na massa.
Eles aprenderam a fazer revisões periódicas e manutenção e pequenos reparos nos motores e receberam kits básicos de ferramentas para realizar a manutenção dos motores, ganhando confiança para resolver questões técnicas por conta própria.
Neriane da Hora, da equipe da Sapopema e responsável técnica pelo projeto, destacou a autonomia adquirida com a capacitação: “Agora, os indígenas podem manter seus motores funcionando sem depender de assistência externa. Além disso, evitam custos elevados ao realizar pequenos reparos localmente, em vez de recorrer à cidade”.
“Essa oficina representa um passo importante para a sustentabilidade das aldeias, garantindo que suas atividades de manejo e transporte ocorram de forma eficiente e autônoma. Acreditamos que investir no conhecimento técnico dessas comunidades é essencial para a conservação”, conta.
A atividade aconteceu no início de agosto de 2024 e contou com a parceria do inspetor de equipamentos da Petrobrás, Valdecy Vascurato.
Com o histórico de assistência técnica para o manejo do pirarucu no baixo Amazonas, a Sapopema foi escolhida pelas organizações para contribuir na implementação do Projeto Floresta+ Amazônia, uma iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, o qual abriu habilitação de associações de base comunitária, povos indígenas e Organizações Não-Governamentais.
A iniciativa contempla ações para 11 aldeias do povo Apurinã, numa parceria entre as Associações indígenas, a Funai e Sapopema.
A APIATI é uma entidade criada pelos Apurinã da TI Itixi Mitari com os objetivos de lutar pelos direitos dos povos indígenas; incentivar o trabalho comunitário de forma sustentável; reivindicar ações que melhorem a vida dos comunitários nas comunidades indígenas; promover a formação e qualificação de lideranças indígenas, dentre outros.
Ela é responsável por representar a TI juridicamente frente à sociedade não-indígena, elaborando estratégias para defesa dos direitos e interesses da comunidade e fazendo interlocução com órgãos e instituições parceiras.
*Com informações do Projeto Sapopema
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