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O Segundo Mandamento - Amazônia Real

O Segundo Mandamento – Amazônia Real

“Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus”. (Êxodo 20,7)


Incrível! A grande maioria de nós, humanos, só reflete racionalmente acontecimentos impactantes quando o caos se manifesta de forma ampla e contagiosa. É o que afirmara Heráclito, na obra “Harmonia Oculta”: “Em seus momentos despertos os homens são tão negligentes e descuidados com aquilo que os circunda como o são quando adormecidos. Pare de sonhar! Torne-se mais alerta!”

É o perfil que domina o atual contexto: apesar das legítimas e comprometidas informações sobre as constantes agressões à Mãe Terra com afetações sobre mudanças climáticas e aquecimento global, o sonambulismo social impera e ignora.  

A temática em questão evoca olhares comprometidos e interventivos sobre Justiça Ambiental ou Ecojustiça, no momento em que Parintins/AM, midiatizada como “capital do folclore”, (369 km de Manaus), celebra neste dia 16, quarta-feira, a festa de Nossa Senhora do Carmo.

Embora caminhemos na contramão de dogmatismos sistêmicos, cultivamos em nossa ética valores e princípios ancestrais de espiritualidade alinhados à coerência entre o dizer e o fazer; e o versículo anunciado em Êxodo, clama a Todxs Nós ao respectivo alinhamento.

Em relação à crença no Princípio Universal do respeito à vida em sua totalidade, anunciado por Jesus de Nazaré em vários momentos de sua passagem por esse plano, trazemos em nosso anúncio/denúncia um grito por socorro à Virgem do Carmo, no sentido de sensibilizar “fiéis” e “devotos” envolvidos nas dinâmicas e metodologias decorativas durante as “homenagens” a Ela dirigidas.

É de conhecimento universal a feminilidade do Planeta Terra: é o ventre, o princípio sagrado de acolhimento a todas as formas de vida – humanas ou não. A Casa Comum; a fonte onde, segundo o Nazareno, citado pelo Evangelista João:10-10, todos os seres encontram “vida em abundância”. Em 1960, James Lovelok e Lynn Margulies (cientistas e ambientalistas) confirmam o anunciado através da Teoria ou Hipótese de Gaia onde propõem o “funcionamento da terra e de seus organismos vivos como um sistema único e autorregulado, buscando manter condições ideais de vida”.

Apesar das pertinentes leituras e questionamentos sobre o real-concreto ambiental vivenciado mundialmente; dos anúncios e alertas sobre mudanças climáticas e aquecimento global – comprovadamente em avanços acelerados-, tendências mercadológicas apropriam-se de doutrinas religiosas, envolvem o nome de Deus, de Nossa Senhora, de outras referências espirituais… Por fim, convencem mentes adormecidas, embriagadas à submissão de dogmatismos mercantis.

No momento desse desabafo, o nome da Virgem do Carmo é mais uma Entidade Espiritual usada para convencer “fiéis” à “compra de fogos de artifícios, flores plásticas e balões de tamanhos diversos” como instrumentos de decoração e homenagem à Padroeira.

A realidade aqui expressa impacta nosso ‘ateísmo’.  A tendência em pauta dialoga com o anunciado – “Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus”?… Que outras alternativas – não agressivas ao que nos resta de Vida – contemplariam os fiéis nas homenagens à Mãe de Jesus?… Quem lucra e quem perde com queima de fogos,  uso de adereços plásticos e de balões?… Quais os abalos do estouro de foguetes sobre autistas, idosos, pessoas enfermas, recém-nascidos, animais?…    

Além dos impactos à saúde das categorias citadas, comprovações científicas apontam que “combustíveis usados em foguetes liberam dióxido de carbono e outros gases que contribuem para o efeito estufa e o aquecimento global”. Paralelamente, “a produção de balões decorativos requer energia e recursos tirados da natureza impactando também o meio ambiente e, quando descartados, prejudicam vidas terrenas e aquáticas. Ambos são constituídos de partículas e substâncias químicas prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente”.

Em apoio à indignação contra o uso indevido ao nome de Deus, compartilhamos a sapiência de São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, q. 13, a. 1): “[…] Atribuir às criaturas o que é próprio de Deus implica em lhe atribuir o que não é de Deus. Próprio de Deus é Deus mesmo. Blasfemar é igualar Deus à criatura”.

Na mesma frequência, Padre Hélio Estanislau Gasda, Doutor em Teologia pela Universidade Pontifícia Comillas (Espanha), protesta as contradições fantasiadas em nome do Poder Divino: “Estamos diante de um abuso sem precedentes: o uso “ad absurdum do nome de Deus para justificar genocídios, corrupção, miséria, fome, violência, negacionismo. Para ganhar eleições e para mentir!” (Catecismo, n0 2148).

Oh, Virgem do Carmo! Perdoa-nos se nosso clamor contradiz aos registros bíblicos!


A imagem que abre este artigo mostra a imagem de Nossa Senhora do Carmo, em Parintins, durante o último Círio (Foto: Prefeitura de Parintins/Semcom).


As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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