O mundo encara a era da sexta extinção em massa, mas algumas iniciativas se recusam a deixar o futuro da biodiversidade ter um destino tão sombrio. No país vizinho argentino, esse é um esforço liderado desde 2010 pela Fundação Rewilding Argentina, que, talvez em sua ação mais emblemática, trouxe de volta as onças-pintadas às planícies do Iberá. Retornaram também tamanduás-bandeiras, araras-vermelhas, ariranhas e o veado-campeiro. Essas histórias, ricamente ilustradas por belas fotografias são contadas no livro “Rewilding na Argentina”, traduzido para o português e lançado na última semana, em São Paulo.
A obra está disponível para compra (livro físico) e para download gratuito (versão digital em pdf), no site da Documenta Pantanal, responsável pela edição brasileira.
O livro conta os desafios e êxitos da restauração de ecossistemas e da reintrodução de animais nativos previamente extintos em diferentes regiões da Argentina. Com destaque aos parques nacionais do Iberá e El Impenetrable, ambos no norte do país; e, ao sul, na Patagônia e na Patagônia Azul, em ecossistemas marinhos, onde a restauração incluiu o plantio de campos de algas nativas.
Três autores da Fundação Rewilding, Sofía Heinonen, diretora executiva, Sebastían Di Martino, diretor de Conservação, e Emiliano Donadío, diretor científico, assinam a publicação. O ecólogo Fernando Fernandez, do Projeto Refauna, fez a tradução e o prefácio da edição brasileira.
“Para quem se interessa por conservação da biodiversidade, e se preocupa com o estado do nosso planeta, é uma história maravilhosa, gostosa de ler e inspiradora. Sim, nós podemos. Podemos trazer a natureza de volta, podemos fazer um mundo melhor. Isso muda tudo, e nos dá uma nova direção, uma esperança, um futuro pelo qual vale a pena sonhar – e agir”, defende Fernandez.
As onças-pintadas, que ganharam uma segunda chance no Parque Nacional do Iberá são um dos destaques. Uma família com três onças foi a primeira a voltar, em janeiro de 2021, sete décadas depois do animal ser considerado extinto na região. Atualmente, 13 onças-pintadas caminham livremente pela região do Iberá.
Para conseguir devolver ao ambiente este predador de topo, porém, os autores explicam que foi necessário antes trazer as presas de volta. “Antes de planejar e propor o retorno de uma espécie tão complexa, foi preciso preparar o caminho com outras espécies igualmente extintas na região. Começou-se, então, com o tamanduá-bandeira, a que logo se seguiram o veado-campeiro, o cateto, a anta, a arara-vermelha, o mutum e a ariranha”, explicam os autores no capítulo de introdução.
O livro detalha ainda a defaunação – ou seja, perda de fauna – histórica na América do Sul, e como o rewilding pode ser visto como um modelo de produção de natureza para o fomento de novas economias, como o turismo. “Enquanto um campo de pastagem produz vacas ou ovelhas, um campo agrícola trigo ou arroz, e uma plantação florestal pinheiros ou eucaliptos, um parque manejado pela Fundação Rewilding Argentina produz vida silvestre”, resumem os autores que apontam o potencial do turismo de observação de fauna.
A Fundação Rewilding Argentina foi criada em 2010, herdeira do legado do casal norte-americano Kris e Douglas Tompkins. Dono da marca de roupas esportivas North Face, Douglas, que faleceu em 2015, foi um grande filantropo da conservação. Apaixonado pela região da Patagônia, criou a Tompkins Conservation, com a qual apoiou a criação e expansão de 17 parques nacionais na Argentina e no Chile através da compra de terras.
“Rewilding na Argentina”
Autores: Sebastían Di Martino, Sofía Heinonen e Emiliano Donadío
Tradução: Fernando Fernandez
Publicação: Documenta Pantanal, 2023.
Quantidade de páginas: 280.
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