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ToggleDurante os anos 1980 e 1990, os Estados Unidos foram inundados de teorias absurdas que envolviam abuso sexual, rituais, associação com ocultismo, tudo isso inspirado por uma suposta adoração ao diabo. Essa histeria coletiva ficou conhecida como “Pânico satânico” e provocou várias acusações infundadas e até prisões injustas.
O fenômeno se espalhou com o apoio de manchetes sensacionalistas de jornais, e até hoje é lembrado como um período bizarro na história americana.
A instalação do “pânico satânico”
Um dos marcos desse pânico estaria em um acontecimento de 1983, quando a mãe de um estudante da McMartin Preschool, em Manhattan Beach, na Califórnia, acusou professores da escola de abusar de seu filho. Mesmo que depois ela tenha sido diagnosticada com esquizofrenia paranoica, isso inspirou outras alegações de pais, cada uma mais chocante que a outra.
Os boatos agora envolviam sacrifício de bebês e de animais na frente das crianças. Mas essa foi apenas uma das creches que foram afetadas pelo Pânico Satânico, que foi se espalhando pelo país. O medo coletivo passou também a ser direcionado a jogos de tabuleiro, músicas e até mesmo a algumas empresas.
Antes disso, na década de 1960, havia ocorrido um fato marcante: os seguidores de Charles Manson assassinaram a atriz Sharon Tate, que estava grávida, e outras quatro pessoas. Um dos assassinos, Tex Watson, teria dito: “Eu sou o Diabo e vim para fazer o trabalho do Diabo”.
Aos poucos, isso foi inspirando a ideia de que o diabo estaria em todos os lugares. Para se ter uma ideia, em 1978, o McDonald’s teve que declarar publicamente que seu fundador, Ray Kroc, não apoiava financeiramente a Igreja de Satã. Já a Procter & Gamble se tornou alvo de rumores sobre satanismo porque sua logotipo possuía 13 estrelas.
O satanismo se espalha na cultura
É difícil definir totalmente as origens desse pânico, mas ele pode também refletir as mudanças sociais da época, como a popularização do rock e do heavy metal, e a perda da confiança da população nas instituições após o Caso Watergate e a Guerra do Vietnã.
Um livro chamado Michelle Remembers, lançado em 1980, também teve um papel na instalação desse pavor. Escrito por um terapeuta chamado Lawrence Pazder, ele narrava o caso de sua paciente chamada Michelle Smith e mais parecia uma história de terror. Nele, Smith contava coisas horríveis que teriam ocorrido em sua infância, incluindo a participação a um culto satânico em que ela teria sido abusada e torturada.
Algumas bandas serviam como bode expiatório desse trauma coletivo. Em 1985, dois jovens fizeram um pacto de suicídio que deixou um deles morto e o outro com ferimentos graves. Os pais de um deles processaram a banda Judas Priest porque suas músicas supostamente continham mensagens ocultas que incitavam o suicídio. A banda, felizmente, foi inocentada.
Jogos como Dungeons and Dragons, que continham feitiços e monstros, também foram acusados de incitar o satanismo. Uma mãe de um adolescente que se suicidou disse que o RPG encorajava a “adoração ao diabo”.
Por mais que hoje tudo isso pareça muito bizarro e antiquado, vale lembrar que esse pânico existe até hoje e segue circulando na cultura, mesmo que de forma mais pulverizada. Basta ver as teorias conspiratórias e as fake news distribuídas pelas redes sociais e convencem muita gente de coisas absurdas. Quem sabe até você!
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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