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ToggleFormado no dia 5 de outubro de 2024, o furacão Milton gerou grande preocupação entre meteorologistas e autoridades governamentais devido ao seu alto potencial destrutivo. Em menos de dois dias, saiu de ventos de 119 km/h para 285 km/h. Isso o colocou entre os furacões que mais rápido subiram de intensidade, atrás apenas de Wilma e Félix, ocorridos em 2005 e 2007, respectivamente.
Na noite de 9 de outubro, Milton atingiu a costa oeste da Flórida como um furacão de categoria 3, com ventos de 195 km/h. Esse momento de chegada ao continente, conhecido como “landfall”, traz consigo ventos e chuvas intensas, resultando em impactos severos nas regiões costeiras afetadas. As consequências variam conforme a intensidade do furacão, podendo gerar tempestades devastadoras, inundações, destruição de casas e tornados. As cidades de Sarasota e Tampa foram as mais impactadas, resultando em um estado de alerta máximo para a evacuação de 5,5 milhões de pessoas, 3,3 milhões de casas sem eletricidade e pelo menos 10 mortes já confirmadas.
Como se formam os furacões?
Os furacões se formam a partir de altas temperaturas da superfície do mar, geralmente em torno de 27 °C. Essas águas quentes favorecem a evaporação, fazendo com que o ar quente e úmido suba. Ao entrar em contato com o ar mais frio da atmosfera, cria-se uma região de baixa pressão, onde a pressão atmosférica é menor. Isso gera um ciclo de movimento, com o ar frio descendo para substituir o ar quente que subiu. Esse fenômeno cria um sistema de ventos e nuvens de tempestade.
A rotação da Terra faz com que esses sistemas girem em sentido horário no Hemisfério Norte e anti-horário no Hemisfério Sul, formando o característico “olho” do furacão. O olho é vital para a intensidade do furacão, pois é onde ocorrem as principais trocas de calor. A maior intensidade do furacão ocorre sobre o oceano, ao chegar à terra, ele perde força e diminui de categoria. Esta diminuição é ocasionada porque o que alimenta o olho do furacão é a energia disponibilizada pelo calor da superfície da água.
O fenômeno é chamado de acordo com a região onde ocorre, sendo:
Furacão: Oceano Atlântico e no nordeste do Pacífico; tufão: noroeste do Pacífico, especialmente na Ásia e ciclone: sul do Pacífico e no Oceano Índico.
E possui 5 categorias de intensidade, sendo:
Categoria 1 (119 -153 km/h), categoria 2 (154 – 177 km/h), categoria 3 (178 – 208 km/h), categoria 4 (209 – 251 km/h) e categoria 5 (252 km/h +).
Por que o Brasil não sofre com furacões?
O Brasil possui águas quentes e está localizado em uma região tropical, mas não registra a formação de furacões em seu território. Isso se deve a algumas razões geográficas e climáticas. Parte do país está próxima da linha do equador, onde o efeito da rotação da Terra é muito pequeno para sustentar a formação de furacões. Entretanto, em sua região mais distante do equador, as temperaturas não atingem os níveis necessários para iniciar o processo de formação de tempestades tropicais intensas.
O furacão Catarina, que atingiu o estado de Santa Catarina em 2004, foi um fenômeno atípico e diferente dos furacões comuns, devido a algumas condições específicas. Ele se formou a partir de um ciclone extratropical, que, como o nome indica, se origina em regiões fora das áreas tropicais e subtropicais. O que formou esse ciclone foi o aquecimento anormal da superfície do mar, que alcançou temperaturas entre 24 e 26 ºC, superiores à média normalmente observada na região.
O aquecimento do oceano traz más notícias
Existe a possibilidade de que o aquecimento da superfície do mar, causado pelas mudanças climáticas, possa expandir as áreas onde os ciclones tropicais se desenvolvem e sobrevivem. Isso significa dizer que regiões que antes eram menos suscetíveis a furacões podem se tornar mais vulneráveis, como o Brasil. Segundo o meteorologista Gary Barnes, em entrevista dada à BBC News Brasil em 2020, embora o número total de ciclones possa não aumentar com o aquecimento do oceano, é provável que a frequência de furacões de categorias maiores cresça significativamente.
O oceano, que cobre 70% da superfície da Terra, desempenha um papel crucial na regulação do nosso clima. A região do Golfo do México, onde o furacão Milton se formou, tem sido objeto de preocupações constantes por parte dos climatologistas, que há tempos alertam sobre o aquecimento anormal de suas águas. Mesmo que não sejam formados furacões, este aquecimento desencadeia uma série de outros eventos não desejados: derretimento de calotas polares, acidificação do oceano, migração forçada de animais marinhos e alteração nos padrões de chuva.
É consenso entre a ciência de que estes eventos extremos, como os furacões e as inundações, serão intensificados nos próximos anos pelas mudanças climáticas causadas pela ação humana. O Brasil vivenciou este ano a catástrofe ocasionada pelas fortes chuvas e tempestades que atingiram o estado do Rio Grande do Sul e deixou milhares de pessoas desabrigadas, com danos financeiros e psicológicos incalculáveis para o governo e para a população.
Esse cenário futuro acende um alerta para a sociedade: Nós vamos pagar para ver? Teremos condições de arcar com milhares de refugiados climáticos? Como os governos estão discutindo a adaptação das cidades? Existe um plano de mitigação? Esses devem ser os nossos principais questionamentos para os próximos anos.
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