Faltam 10 dias para o início da COP 30 em Belém. O clima de oba-oba e nheco-nheco dos passageiros da alegria vai crescer. Muitos dos mais consagrados representantes das explicações superficiais ou do pensamento banal ganharão destaque. A intelligentsia colonial assumirá o centro do palco. Empesas cheias de “governança” se unirão a um governo que pretende se apresentar como personagem à altura dos desafios amazônicos, oferecendo ao distinto público estatísticas coloridas.
Como acontece há muito tempo, uma das pérolas do catálogo oficial de realizações foi apresentada ontem. Trata-se da redução em 50% do desmatamento na Amazônia no período de 1º de agosto de 2024 e 31 de julho deste ano, que é o ano de referência para medir a derrubada das florestas no Brasil, segundo os dados do Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espacial).
Mas não é só essa a estatística boa. Considerando-se todo o governo Lula, a partir de 2023, a redução foi de 50%. “Nem nos melhores planos eu imaginaria que chegaríamos nesse momento com redução de 50% na Amazônia em comparação com 2022”, comemorou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Neste último ciclo, 2023/2025, o desmatamento só foi inferior ao de 2011/2012 (de 4,6 mil km2) e de 2013 a 2014 (5 mil km²).
Garante a Folha de S. Paulo que o número “representa um trunfo do governo Lula (PT) para a COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), uma vez que a redução do desmatamento na Amazônia é uma das principais bandeiras do Brasil no cenário internacional”.
Como o objetivo desta abordagem é criar uma visão favorável, não só para o PT e o governo Lula, mas como regra geral de todos os governos, evita-se fazer uma comparação mais próxima da realidade, que seria comparar a taxa de desmatamento de cada ano ou de períodos mais curtos com o total da devastação da Amazônia. Desse modo, a visão estaria mais próxima da verdade se os 50% apurados no último período fossem colocados diante do total das derrubadas de floresta anteriores acumuladas.
O resultado dessa estatística revelaria quanto resta de área preservada na Amazônia, em cada um dos nove Estados da região, nos seus municípios ou em empreendimentos econômicos. Certamente, em muitas dessas áreas o desmatamento extrapolou os 50%. Assim, nesses locais, os remanescentes de reserva florestal que há ficariam abaixo do limite legal. Ou seja, a ilegalidade em relação aos desmatamentos já foi alcançada.
Um levantamento completo e realista impõe a proibição de novos desmatamentos, fornecendo ao governo uma base legal para vetar novas derrubadas e atuar de fato contra os infratores. Muitos imóveis rurais e outras áreas de uso da terra estão ilegais. Essa realidade obriga o governo a ter uma atuação mais consequente e mais próxima da verdade. O que, provavelmente, o governo não quer, confrontado com o que é real, preferindo o que acaba sendo propaganda – ainda que subliminar.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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