NOVOS TEMPO
Lorena Olivier
Tempo que vai,
Tempo que volta
Houve para nós um tempo de esperança.
Esperança de que novos dias viriam.
Trocamos a fé religiosa,
Que empanava nosso sofrimento,
Pela fé política em mudanças estruturais.
Mil canções e poemas nos diziam deste futuro
E fizemos a luta que levou luz e alimentou esta fé
E a resistência dos poderosos foi vencida.
Por fim a esperança venceu o medo
E a humilhação e exploração secular dos pobres neste país,
Começou a se desvanecer.
De norte a sul a gente humilde se sentiu gente
Nordestinos, nortistas, sulistas
Negros, brancos e índios!!!
Certeza de que, agora, os filhos dos pobres não mais morreriam,
de doenças simples de se curar
Não mais morreriam nem de fome, nem de frio
Teriam estudo e um lugar digno para morar.
Tempo que vai,
Tempo que volta
Mas os poderosos reagem
Não aceitam a vitória de nossa decisão.
Sim, a decisão de começar a implantar a igualdade social.
Não aceitam que isto venha a acontecer.
Pois, para eles, os pobres nasceram para lhes servir
Trabalharem em suas fábricas e empresas
Ganhando o suficiente para não morrerem muito depressa
E continuarem a lhes servir.
E daí se morrerem?
Tem muitos na fila para substituir os mortos.
Para eles, medicina para pobres, é coisa de comunista.
Escola de qualidade para pobres? Para que?
Basta aquela que ensinar o básico para que eles continuem a lhes servir bem.
Tempo que vai,
Tempo que volta.
Novos tempos hão de recomeçar!!!
“Um brinde a você que sobreviveu à longa noite fascista que se instalou no Brasil, desde 2016;
Um brinde a você que foi chamado de petralha, comunista, apenas por ter demonstrado apreço à democracia e à liberdade;
Um brinde a você que inúmeras vezes foi ameaçado e ironizado nas redes sociais;
Um brinde a você que não desistiu de lutar, mesmo quando toda a massa ignara e a grande imprensa insistia no seu discurso neo-fascista;
Um brinde a você que, pra se preservar, cortou laços com tantas pessoas com quem tinha, antes da grande noite, um convívio sadio;
Um brinde a você que não bebeu da fonte do ódio que se espalhou pela Nação, disfarçada de justiça;
Um brinde a você que descartou o rótulo de “cidadão de bem”, enquanto milhões perdiam os direitos previdenciários e trabalhistas;
Um brinde a você que sempre foi solidário com a parcela mais frágil da sociedade;
Um brinde a você que se indignou diante das tragédias ambientais;
Um brinde a você que se entristeceu diante da verdadeira chacina que foi a pandemia de Covid;
Um brinde a você que sempre acreditou na Ciência, na vacina e não na cloroquina;
Um brinde a você que não se curvou aos falsos profetas, disfarçados de Messias;
Um brinde a você que nunca abriu os dedos das mãos pra fazer gesto de “arminha”;
Um brinde a você que resistiu, mesmo, quando milhões acreditavam no falso mito;
O percurso será longo e duro para reconstruir tudo o que destruíram, mas um brinde a você que acreditou que a primavera chegaria.”