O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira 2 que vai reunir integrantes da equipe econômica do governo para definir estratégias para conter a alta do dólar. Na segunda-feira 1º, a moeda americana fechou o dia cotada a 5,65 reais, o maior patamar em dois anos e meio.
“Obviamente me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo de interesses, especulativo, contra o real neste país. Eu tenho conversado com as pessoas para ver o que a gente vai fazer. Eu estou voltando [para Brasília] quarta-feira e vou ter uma reunião. Não é normal o que está acontecendo”, afirmou, em entrevista à Rádio Sociedade, de Salvador, na Bahia.
Lula lembrou que o cenário econômico tem apresentado resultados positivos, com queda no desemprego, crescimento do PIB e aumento dos salários acima dos índices de inflação. Ainda assim há setores do mercado financeiro que atuam para forçar a alta da moeda estrangeira – que também está pressionada por fatores externos.
“O Mundo não pode ser vítimas de mentiras. A gente não pode inventar as crises. Por exemplo: semana passada dei uma entrevista ao UOL. Depois da entrevista, alguns especialistas começaram a dizer que ‘o dólar tinha subido por conta da entrevista do Lula’, e nós fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista. É um absurdo”, reclamou.
Durante a conversa, Lula voltou a fazer críticas abertas ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, indicado para o cargo por Jair Bolsonaro (PL). No atual cenário, com a independência do BC aprovada pelo governo bolsonarista, Lula não pode trocar o comando da autarquia.
“Quando a gente indica um presidente do Banco Central, do Banco do Brasil ou da Petrobras, a gente não indica a pessoa para ela fazer o que a gente quer. As empresas têm diretoria, têm Conselho, têm cronograma de trabalho. O que não dá é ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele [Campos Neto] tem viés político, e eu não posso fazer nada”, apontou o petista.
Segurança pública
Na mesma entrevista, o presidente disse que vai reunir nas próximas semanas o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e outros integrantes do primeiro escalão do governo que já foram governadores (como o senador Jaques Wagner e os ministros Rui Costa e Camilo Santana) para que sejam propostas soluções para a segurança pública.
Lula reconhece que, nesse campo, vai enfrentar a oposição de “muitos governadores”, mas que ainda assim tentará fazer com que sejam pensadas soluções nacionalizadas para questões como o crime organizado e o narcotráfico.
“Muitos [governadores] reclamam da segurança pública mas não querem abrir mão do controle da polícia; não querem abrir mão da Polícia Civil e da Polícia Militar. Não queremos ter ingerência. O que nós queremos saber é se é necessário o governo federal participar, não apenas com repasse de dinheiro”, antecipou.
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