As benzedeiras da Amazônia fazem parte da vasta história cultural da região. Era uma prática que costumava ser passada de geração para geração, mas os mais jovens tem perdido essa proximidade com a medicina da flora e as rezas usadas para identificar e conter as doenças do corpo e do espírito. Esta forma de cura está perdendo espaço para a medicina convencional e as poucas benzedeiras que ainda restam são procuradas para benzer ‘carne rasgada’, ‘quebranto’, ‘espinhela caída’ ou ‘peito aberto’.
As mulheres benzedeiras sobrevivem a modernidade revelando a potência feminina, assim como a equipe de audiovisual que está produzindo o clipe ‘Mulheres que Benzem’, totalmente composta de mulheres, cujo objetivo é preservar a cultura secular. As gravações começaram no dia 7 de junho e devem encerrar até julho.
O clipe está sendo dirigido pela diretora de cinema indígena Priscila Tapajowara e estrelado pelas cantoras Priscila Castro e Ádria Góes. As gravações iniciais foram feitas no igarapé da comunidade de São Raimundo, no Eixo Forte, em Santarém (PA). A canção ‘Mulheres que Benzem’ é a mais ouvida do álbum de Priscila Castro no Spotify.
“Eu conheci essa música há 15 anos. Acho que eu devia ter uns 19 anos quando eu conheci o Wander e a Adria Gosch, que gravou esta canção comigo, ela era esposa do Wander, em memória. Ele me apresentou essa música que já ganhou um festival da canção aqui da nossa região, inclusive já fez parte de algum ritual do Boi Garantido durante o festival de Parintins”, conta Priscila.
Para ela, quando tivesse a oportunidade de gravar um áudio, um álbum, essa era uma canção que precisava estar nele. “Eu vou gravar essa música e foi dito e certo. Gravei e convidei a Ádria, porque sem ela não faria muito sentido. A gente já cantou ela em diversos festivais”, completou Priscila.
A cantora relata que o projeto era criar uma equipe especial formada somente com mulheres. Assim, no total, são 30 mulheres que trabalham de forma direta na produção do clipe.
Muito se fala da energia que essas mulheres benzedeiras trazem consigo, em especial no ato da benzeção. Priscila conta como foi poder vivenciar esse momento com toda a equipe.
*Karleandria Araújo, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar
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