Criado em novembro de 1997 com 1.586 km², o Parque Estadual Serra de Ricardo Franco (PESRF) protege as bordas de um planalto junto ao Parque Nacional Noel Kempff, na Bolívia. Mas não só.
Numa área onde convivem fauna e flora da Amazônia, do Cerrado e do Pantanal, a reserva abriga grande biodiversidade, vales, rios e cachoeiras. Uma delas é do Jatobá, cujos 248 metros a tornam a mais alta do estado.
Uma análise publicada em 2018 detalhou que investir em ecoturismo na unidade de conservação estadual renderia de R$ 18,7 milhões a R$ 56,2 milhões anuais.
Os valores são bem mais elevados do que os ganhos com a expansão da pecuária na área hoje protegida, de R$ 9 milhões anuais. Ampliar pastagens traria mais erosão, perda de solos e emissões de gases de efeito estufa.
O levantamento foi coordenado pelo especialista Carlos Eduardo Frickmann Young (UFRJ) e integra o livro ABC do Guaporé: Água, Biodiversidade e Biotecnologia, assinado por 62 pesquisadores.
“Conclui-se que não há justificativa econômica para a extinção do PESRF, pois os benefícios perdidos superam, em muito, os ganhos esperados com o avanço da pastagem possibilitado pelo fim do Parque”, diz o estudo.
Mas, driblando as evidências científicas, deputados mato-grossenses querem eliminar ou reduzir o parque. Ele já tinha posseiros ao ser criado, há quase três décadas. Desde então, não cessam as pressões ruralistas por suas terras.
Um projeto de decreto legislativo eliminando a área protegida aguarda votação na Assembléia Legislativa. Se não for aprovado, parlamentares prometem aprovar um texto encolhendo a reserva estadual.
“Apenas a perspectiva de produtores rurais é considerada. Os parlamentares ignoram o potencial turístico da região, este sim, que beneficia a população como um todo”, diz nota do Observatório Socioambiental de Mato Grosso (Observa-MT)
Em 2016, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) avaliou o parque estadual com o de maior potencial turístico. O município onde está inserido, Vila Bela da Santíssima Trindade, tem riquezas históricas e arqueológicas.
Tais oportunidades de negócios sustentáveis são sombreadas pela disputa de terras da unidade de conservação. Agropecuaristas esperam que fazendas expandidas na reserva sejam legalizadas com sua extinção ou redução de área.
Desde instituído, o parque é alvo de grilagem, incêndios, desmate, falta de regularização fundiária e de plano de manejo. Um abaixo-assinado foi lançado por entidades civis para manutenção da área protegida.
*Com informações do Observa-MT e da ong Instituto Centro de Vida (ICV).
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site O Eco e são de total responsabilidade do autor.
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