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ToggleNo fundo do oceano, em um lugar remoto ao largo da costa da Islândia, uma descoberta incrível foi feita em 2006: um molusco-quahog gigante, conhecido cientificamente como Arctica islandica, foi trazido à superfície. Mas este não era um quahog comum, era um ancião marinho, um sobrevivente dos séculos, que poderia muito bem ser um professor de história.
Batizado de Ming — em homenagem à dinastia chinesa Ming, já que o molusco havia nascido enquanto a dinastia atuava —, este quahog-oceânico se tornou uma lenda científica, revelando segredos que vão da ciência do envelhecimento às mudanças climáticas. Como isso é possível?
Ancião das profundezas
Ming não era um molusco qualquer. Sua idade, inicialmente estimada em 405 anos e posteriormente corrigida para impressionantes 507 anos, transformou o pacato quahog no molusco mais antigo já documentado.
Ao que as medições por carbono-14 apontaram, nosso ancião nasceu por volta de 1499, ou seja, foi contemporâneo de figuras históricas como Colombo, Leonardo da Vinci e Pedro Álvares Cabral. Além disso, atravessou grandes momentos da humanidade, testemunhando o Renascimento, a Reforma Protestante e a Revolução Russa.
Nesse cenário, a pergunta que fica é: como um molusco pode viver tanto tempo? A resposta está em sua biologia única.
Ao que indicam os especialistas, são três fatores que contribuem para a longevidade da espécie: o baixo consumo de oxigênio, o metabolismo lento e uma incrível capacidade de manutenção celular ao longo dos anos. Com esses mecanismos, a vida útil do quahog-oceânico tende a ser maior, principalmente por viver como se fosse em câmera lenta.
Morte trágica
De todos os trágicos eventos ocorridos no planeta e dos perigos marinhos enfrentados, Ming não sobreviveu ao maior terror da Terra: o ser humano.
Arrancado de seu habitat natural durante uma expedição científica, ele não sobreviveu à jornada para a superfície. Congelado acidentalmente a bordo do navio, Ming se tornou uma vítima involuntária da busca pelo conhecimento.
Sua morte gerou controvérsias, com alguns condenando os cientistas como “assassinos de moluscos”, enquanto outros reconheciam o valor de seu sacrifício para a ciência.
Legado científico
Apesar da tragédia de sua morte, o legado de Ming vive através da ciência. Os estudos feitos a partir do molusco forneceram informações importantes sobre o envelhecimento biológico, as mudanças nos oceanos e até mesmo as complexidades do clima global.
A idade do quahog-oceânico está impressa em sua concha, pois os cientistas afirmam que os anéis que se formam na estrutura representam o tempo de existência do molusco. Para cada ano que passa, um anel é criado — mecanismo semelhante ao que acontece com os anéis das árvores.
Esses “anéis de crescimento” funcionam como uma espécie de cápsula do tempo, não só revelando a idade do animal, mas também fornecendo informações valiosas sobre as condições ambientais ao longo dos séculos.
Eles podem, por exemplo, ajudar-nos a identificar a temperatura do oceano em períodos específicos, o que abre portas para entendermos melhor como que as variações térmicas das águas impactam o clima.
Os pesquisadores indicam também que Ming pode não ser único. Especula-se que outros quahogs oceânicos ainda mais antigos possam estar escondidos nas profundezas do mar, guardando segredos ainda maiores.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
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