O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, anunciou como novo procurador do Tesouro o advogado Rodolfo Barra, ex-integrante do grupo Movimiento Nacionalista Tacuara, de tendência nazista.
Barra foi ministro da Suprema Corte entre 1989 e 1993. Depois, trabalhou como ministro da Justiça de 1993 a 1996, durante o governo neoliberal de Carlos Menem. No entanto, em 10 de julho de 1996, Barra decidiu renunciar ao cargo após a imprensa noticiar o seu passado como integrante do grupo ultraconservador.
À época, a revista Notícias de la Semana revelou a sua militância de inspiração antissemita no grupo Unión Nacionalista de Estudiantes Secundarios, organização juvenil ligada ao Tacuara. O veículo informou que Barra “fazia saudação nazista” e questionava se era “confiável a Justiça em suas mãos”.
Além disso, o jornal argentino Página 12 divulgou que Barra foi preso na década de 1960 por participar de um ataque a uma sinagoga, em 1965. A comunidade judia pressionou por sua demissão.
Como ministro de Menem, Barra era responsável por supervisionar investigações sobre atentados contra a Embaixada de Israel em Buenos Aires e a sede da Associação Israel-Argentina.
Quando ocupou o posto, o então ministro da Justiça foi autor da Lei da Mordaça, dispositivo que limitava a atividade da imprensa, com aumentos de penas para “calúnias e injúrias” e permissões para a apreensão de itens sem autorização judicial.
Ao deixar o cargo, o advogado disse à imprensa: “Se fui nazista, me arrependo”.
O novo procurador do Tesouro da Argentina, Rodolfo Barra. Foto: Reprodução
Movimento contra antissemitismo rechaça nomeação
Após a escolha de Milei, o Fórum Argentino contra o Antissemitismo publicou uma nota, nesta sexta-feira 1º, em que manifesta “profunda preocupação e rechaço” e pede a reconsideração sobre o anúncio.
A carta diz ser “inadmissível que uma pessoa com antecedentes vinculados ao Movimiento Nacionalista Tacuara, com tendências próximas ao nazismo, seja nomeada para um cargo de tal relevância”.
O novo cargo de Barra tem a função de assessorar o Estado em questões relacionadas ao erário público e ao controle de legalidade jurídica das ações dos principais funcionários do Poder Executivo.
Milei toma posse em 10 de dezembro, após a gestão de quatro anos de Alberto Fernández.
❌RECHAZAMOS EL NOMBRAMIENTO DE RODOLFO BARRA.
El nuevo gobierno no puede tener funcionarios que en el pasado hayan expresado ideas antisemitas.
Esperamos se reconsidere dicho nombramiento para hacer honor a la voluntad democratica del pueblo argentino. pic.twitter.com/2jWhCS3MCH
— Foro Argentino Contra el Antisemitismo (@2023Faca) December 1, 2023
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