No sul da Índia, no vilarejo de Keeladi, uma descoberta arqueológica revelou um sofisticado sistema de gerenciamento de água com 2,6 mil anos. Na 10ª fase de escavações, arqueólogos desenterraram um oleoduto de terracota do século 6 a.C., evidenciando a avançada engenharia dos antigos habitantes da região.
Keeladi, localizado a cerca de 12 quilômetros de Madurai, é um sítio arqueológico que tem revelado uma riqueza de artefatos desde sua descoberta em 2014. Já foram recuperados mais de 20 mil itens, incluindo cerâmicas, ferramentas e estruturas que indicam a existência de uma civilização próspera às margens do Rio Vaigai.
No entanto, a recente descoberta desse sistema de água é, sem dúvida, uma das mais notáveis, por evidenciar o nível avançado de planejamento urbano e engenharia dos antigos tâmeis.
Canal de terracota
O oleoduto em questão é composto por seis cilindros de terracota, cada um com aproximadamente 36 cm de comprimento e 18 cm de largura. Esses cilindros foram cuidadosamente encaixados para formar um canal contínuo de 174 cm de comprimento, que, segundo os especialistas, teria sido usado para transportar água de maneira protegida, possivelmente para abastecer a população local.
Se você está se perguntando sobre o que tem de incrível nessa descoberta, principalmente por não se tratar de um grande sistema de águas, saiba que essa estrutura é mais do que um simples encanamento; é uma prova concreta da habilidade dos antigos em gerenciar recursos hídricos com eficiência, algo que continua a impressionar arqueólogos e historiadores.
As descobertas em Keeladi têm ampliado o entendimento histórico, desafiando as datas estabelecidas para a era Sangam e as origens da escrita tâmil. Artefatos como cacos de cerâmica com inscrições em tâmil-brahmi, datados do século VII a.C., indicam uma escrita e organização social mais avançadas do que se pensava.
Além disso, a tecnologia de ferro usada há mais de 4,2 mil anos sugere que os tâmeis estavam entre as civilizações mais avançadas da antiguidade.
Reescrevendo a história
A escavação tem sido parte de um esforço maior do Departamento de Arqueologia do Estado de Tamil Nadu para reescrever a história da Índia a partir de uma perspectiva tâmil, reconhecendo a contribuição dessa civilização para o desenvolvimento do subcontinente indiano.
Por muito tempo, a história se concentrou em outras regiões do país, negligenciando as contribuições significativas de civilizações como a dos tâmeis. No entanto, as descobertas em Keeladi e em outros locais da região estão corrigindo essa lacuna, oferecendo uma visão mais completa e diversificada do passado da Índia.
A sociedade tâmil é uma das mais antigas e culturalmente ricas da Índia, localizada principalmente na região do atual estado de Tamil Nadu, no sul do país. A língua tâmil, uma das mais antigas línguas clássicas ainda em uso, remonta a mais de 2 mil anos, refletindo a longa história dessa civilização.
Por isso, Keeladi não é apenas um sítio arqueológico, mas um testemunho de uma civilização que floresceu antes de muitos outros povos começarem a escrever sua história. Cada nova descoberta, como o oleoduto de 2,6 mil anos, nos leva a repensar a linha do tempo da história humana, destacando a complexidade e a sofisticação dos nossos antepassados.
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