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Impacto simulado da BR-319–2: Área de estudo

Impacto simulado da BR-319–2: Área de estudo


Por Jerfferson L. Santos, Aurora M. Yanai, Paulo M. L. A. Graça, Francis W. S. Correia e Philip M. Fearnside

O estudo tem como foco a rodovia federal BR-319, localizada no interflúvio entre os rios Madeira e Purus, ligando as cidades de Manaus (Amazonas) e Porto Velho (Rondônia). A BR-319 é a principal via de acesso terrestre aos municípios de Careiro, Manaquiri, Careiro da Várzea e Autazes, além de facilitar o acesso a Humaitá, Lábrea e Manicoré. É o único acesso terrestre às comunidades de Vila Realidade (distrito do município de Humaitá) e Igapó-Açu (distrito do município de Borba). No entanto, todos esses locais são acessíveis a partir dos dois extremos da rodovia, sem reconstruir o crítico “trecho do meio” que daria acesso a partir do arco de desmatamento a todas as áreas ligadas a Manaus por rodovia, incluindo o Estado de Roraima.

A malha viária oficial do Estado do Amazonas que liga os 885 km da BR-319 corresponde a 1.934 km, compreendendo as rodovias federais BR-230 (827 km de Lábrea até a divisa entre os Estados do Amazonas e Pará), BR-174 (85 km, trecho BR-319 – Manicoré), e rodovias estaduais AM-254 (94 km, BR-319 – Autazes) e AM-354 (43 km, BR-319 – Manaquiri). Além disso, há outros projetos previstos pelo governo do Estado do Amazonas para construção de rodovias ligando a BR-319 a outros municípios como Borba (AM-356), Novo Aripuanã (AM-360), Tapauá, Tefé e Juruá (AM-366) e Coari (AM-248). As duas últimas estradas (AM-366 e AM-248) avançariam na vasta área de floresta a oeste do rio Purus, facilitando o desmatamento em uma das áreas florestais mais preservadas da Amazônia, conhecida como a região “Trans-Purus” [1] (Figura 3). Muito pouca área que seria acessada por essas estradas de ligação é protegida pela designação como “unidade de conservação” (Figura 3).

Figura 3: Área de estudo, rodovia BR-319 e a malha rodoviária planejada no entorno da BR-319, unidades de conservação federais e estaduais, Terras Indígenas, projetos de assentamentos federais e áreas militares. Mapa elaborado pelos autores. Fontes de dados: IBGE [2], ICMBio [3], INCRA [4] , FUNAI [5].

A área de influência oficial utilizada nos processos de licenciamento ambiental do Brasil para rodovias na região amazônica é uma faixa de 40 km, como área de amortecimento, definida pela Portaria Interministerial 60, de 24 de março de 2015 [6]. Porém, considerando que o impacto ambiental de uma rodovia pavimentada na Amazônia pode ultrapassar o limite mínimo definido em portaria interministerial, o presente estudo considerou o Estado do Amazonas como área total para modelagem dos impactos do desmatamento, tendo como ‘espinha dorsal’ ‘ rodovia BR-319, bem como suas rodovias e estradas de ligação, incluindo estradas existentes e planejadas. A área de estudo também inclui uma zona tampão de 20 km ao redor das fronteiras do Estado do Amazonas para representar a influência das áreas adjacentes, especialmente as rodovias presentes nos Estados do Acre, Rondônia, Roraima e Pará (Figura 3). [7]


A imagem que abre este artigo mostra uma fazenda de gado ao lado da BR 319 no trecho entre o município Humaitá e Realidade no sul do Amazonas (Foto: Alberto César Araújo/Amazônia Real).


Notas

[1] Fearnside, P.M., L. Ferrante, A.M. Yanai & M.A. Isaac-Júnior. 2020. Trans-Purus, a última floresta intacta. Amazônia Real.

[2] IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 2017. Geociências.

[3] ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). 2019. Limites das Unidades de Conservação Federais (atualizado em julho de 2019): Unidades de Conservação Federais – SHP (SIRGAS2000).

[4] INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). s.d. (informação sem data). Exportar shapefile.

[5] FUNAI (Fundação Nacional do Índio). s.d. (informação sem data). Download de dados geográficos: Terra Indígena (Regularizada, Homologada, Declarada, Delimitada e Área em Estudo).

[6] Brasil (2015). Portaria Interministerial 60, de 24 de março de 2015.

[7] Este texto é uma tradução parcial de: Santos, J.L., A.M. Yanai, P.M.L.A. Graça, F.W.S. Correia & P.M. Fearnside. 2023. Amazon deforestation: Simulated impact of Brazil’s proposed BR-319 highway project. Environmental Monitoring and Assessment 195(10): art. 1217.


Sobre os autores

Jerfferson Lobato dos Santos é aluno de doutorado no programa de pós-graduação em Clima e Ambiente de UEA e INPA, orientado por Francis Wagner Correia e Philip Martin Fearnside. Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2003), graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Pará (2004) e mestrado em Agricultura no Trópico Úmido pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (2006). Atualmente é analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recusos Naturais Renováveis. Pesquisa interações clima-biosfera na Amazônia, com ênfase em modelagem do clima e do desmatamento.

Aurora Miho Yanai é pós-doutoranda no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) trabalhando com modelagem de desmatamento na região Trans-Purus. Ela tem mestrado e doutorado pelo Inpa em ciências de florestas tropicais e tem experiência na análise e modelagem de desmatamento no sul do Amazonas.

Paulo Maurício Lima de Alencastro Graça é doutor pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ele tem mestrado em ciências florestais pela Universidade de São Paulo, (USP-Esalq) e graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ele é pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), atuando junto ao laboratório de agroecossistemas. Ele tem publicado artigos sobre mapeamento de exploração madeireira utilizando técnicas de sensoriamento remoto, modelagem espacial do uso da terra, impacto do desmatamento, e eficiência de queima de biomassa florestal, entre outros.

Francis Wagner Silva Correia possui graduação em Física pela Universidade Federal do Amazonas (1995), mestrado (2000) e doutorado (2005) em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Atualmente é professor Associado do Curso de Graduação em Meteorologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e professor e orientador no Programa de Pós-graduação em Clima e Ambiente – CLIAMB (Universidade do Estado do Amazonas – / Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Tem experiência na área de Geociências, atuando principalmente nos temas de Modelagem Climática e Hidrológica, Modelagem da Interação Superfície e Atmosfera, Modelagem do Uso e Cobertura da Terra.

Philip Martin Fearnside é doutor pelo Departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade de Michigan (EUA) e pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus (AM), onde vive desde 1978. É membro da Academia Brasileira de Ciências. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. Tem mais de 750 publicações científicas e mais de 700 textos de divulgação de sua autoria que estão disponíveis aqui.

As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Amazônia Real e são de total responsabilidade do autor.
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