Os ferroviários na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a 15ª ferrovia a ser construída no país. Foto: André Oliveira/SMC
A história de Porto Velho com a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré é profunda. Milhares de ferroviários de diversas nacionalidades chegaram nesta região da Amazônia e ajudaram, através de muito suor, a construir a lendária ferrovia que deu origem ao município de Porto Velho e à criação de outros municípios na região dos rios Madeira e também Mamoré.
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A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi a 15ª ferrovia a ser construída no país, executada entre 1907 e 1912. Por seu legado e história, nesta data, vale destacar a história de três ferroviários que se dedicam diariamente pela preservação da memória e do patrimônio da ferrovia.
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Os ferroviários Antônio Moisés, Paulo da Costa e Lord Jesus Brown são histórias vivas e que se dedicam diariamente para manter a preservação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Os três trabalham diariamente no Complexo Madeira-Mamoré, e, além disso, representam uma pequena parte dos ferroviários que foram e são essenciais na continuação dessa história.
Um desses ferroviários é Paulo da Costa, que começou a trabalhar na EFM-M aos 12 anos, no chamado “trem de lastro”, anos depois a paixão pela ferrovia continua a mesma. “Isso aqui é minha vida. Tenho um amor muito grande pela Madeira-Mamoré. Antes de partir dessa para melhor, meu sonho é ver o trem funcionando de novo, e seria minha maior alegria”, disse Paulo da Costa.
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Filho de ferroviários, Lord Jesus Brown, contou que trabalha no complexo da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré desde a década de 70.
“Meu pai chegou aqui para trabalhar na construção da ferrovia. Eu tenho muito orgulho dessa trajetória da minha família aqui na Amazônia. Eu luto e sempre vou lutar pela preservação da ferrovia. Essa é uma história muito linda e nós, ferroviários, temos que lutar até o fim”, concluiu.
No galpão da antiga oficina, além dos trens ficam guardadas com muito carinho a kalamazu, cegonha, a litorina e também outros veículos centenários utilizados na época de ouro da ferrovia. O ferroviário Antônio Moisés afirma que todos esses equipamentos fazem parte da trajetória da ferrovia. “Neste ano tivemos a grata surpresa de ver a Litorina voltar a andar. Nós ferroviários ficamos felizes porque todo final de semana estamos aqui transportando cerca de 300 a 400 pessoas aos sábados e domingos, para sentirem a emoção de andar por esses trilhos”, relatou o ferroviário.
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A prefeitura tem olhado com atenção para a preservação da EFMM, como por exemplo, o retorno do passeio da litorina, a liberação de entrada gratuita ao Museu da Ferrovia e ainda mais recente com o anúncio de estudos técnicos, com representantes da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), com o objetivo de realizar estudos de viabilidade técnica visando a restauração e reativação da Locomotiva 18.
Segundo o prefeito de Porto Velho, Léo Moraes, os pioneiros da cidade merecem respeito e reconhecimento pelo trabalho que fizeram e ainda continuam fazendo pela EFM-M. “Eu tenho respeito e admiração pelas milhares de histórias de homens e mulheres que ajudaram a construir a nossa ferrovia. Aos ferroviários eu deixo a minha homenagem e dizer que vamos fazer muito mais e nossa ferrovia, se Deus quiser, vai voltar a apitar de novo”, finaliza o prefeito.
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A litorina é em um pequeno vagão ferroviário que era utilizado para transportar, no ciclo da borracha, o salário de funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, além de engenheiros, médicos e outros profissionais.

Vale lembrar que a estrada de ferro, também conhecida como “Ferrovia do Diabo”, foi inaugurada em 1912, por conta da necessidade de aumentar a colheita do látex da borracha.
Contudo, só proporcionou grandes lucros nos primeiros dois anos de seu funcionamento, devido ao declínio da borracha na Amazônia, ocasionada pela produção intensiva da borracha natural na Ásia.
A litorina utilizada para os passeios é datada de 1932 e movida a diesel. Por isso, historicamente, a litorina, assim como a estrada de ferro como um todo, simbolizam a história viva portovelhense.
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*Com informações da Prefeitura de Porto Velho
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