Índice
ToggleUm fenômeno que tem intrigado geólogos há uma década, as crateras misteriosas do permafrost siberiano, foi explicado em um estudo recente realizado por pesquisadores das universidades de Cambridge, no Reino Unido, e Granada, na Espanha. Segundo a pesquisa, os buracos, que têm dezenas de metros de largura e profundidade, resultam de explosões mecânicas causadas por rachaduras no solo congelado.
Publicado na revista Geophysical Research Letters, o estudo concluiu que o aquecimento climático global tem afetado a geologia peculiar da região.
O grande volume de água derretida na superfície do gelo começa a descer, impulsionada pela pressão osmótica (que leva a água a se deslocar para uma região com mais sal/solutos dissolvidos) de uma região chamada criopeg. Essa água racha o solo e libera o metano contido em cristais de gelo, que explode.
Osmose da água se transforma em estopim de uma explosão
Sem qualquer evidência de explosão causada por reações químicas, os autores afirmam que o “estopim” dessas explosões físicas é a osmose, um processo físico-químico natural que leva qualquer líquido a se mover para equalizar a concentração de substâncias dissolvidas nele.
No caso da água salgada, quando há uma barreira entre a água e o sal, a pressão aumenta no lado salgado e a água flui para lá. Nessa região, a própria Península Yamal funciona como uma barreira osmótica, ou funcionava até a chegada do aquecimento global. Agora, uma de suas camadas superficiais descongela e recongela sazonalmente.
Mas existem mais camadas: os criopegs, que são estratos de água salina descongelada com mais ou menos um metro de espessura distribuídas ao longo da tundra e incorporadas ao permafrost. Finalmente, abaixo de tudo isso, há cristais de água e metano (hidratos), que ficam estáveis devido a uma combinação de alta pressão e baixa temperatura ambiente.
A explosão da cratera
Segundo os autores, quando a camada ativa derrete, ela “mergulha” para dentro do criopeg impulsionada pela pressão osmótica. Só que, lá dentro, não tem espaço suficiente para conter toda aquela água derretida, o que aumenta a pressão interna. A consequência são rachaduras no gelo, que vão em direção à superfície.
Isso causa uma inversão no gradiente de pressão, pois o solo rachado provoca uma queda abrupta na pressão na profundidade. Essa mudança rompe a estrutura cristalina dos hidratos de metano, que libera o gás. Essa liberação súbita sob pressão causa a explosão física, como uma rolha de espumante gigantesca saltando da garrafa.
Embora seja um fenômeno raro, alerta a primeira autora do artigo, Ana Morgado, da Universidade de Cambridge, “a quantidade de metano que está sendo liberada pode ter um impacto muito grande no aquecimento global”.
As informações apresentadas neste post foram reproduzidas do Site Mega Curioso e são de total responsabilidade do autor.
Ver post do Autor